sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O terrorismo cultural junta-se à guerra

Hoje, os jornais portugueses escolhem para temas centrais das suas edições o Zeinal Bava que não sabia de nada, o Jardim Gonçalves que diz o que nunca ousara dizer, o Alfredo Barroso que decidiu abandonar o PS e o polémico discurso do Costa para a plateia chinesa, isto é, assuntos específicos da nossa paróquia. Entretanto, todos os jornais britânicos de referência dedicam grandes espaços ao maior assassino da actualidade que dá pelo nome de Jihad John, mas que na realidade foi identificado como sendo Mohammed Emwazi, de 26 anos de idade, nascido no Kuwait mas criado em Londres, onde frequentou a Westminster University.
Curiosamente, os jornais espanhóis também tratam dos seus assuntos paroquiais e do Jihad John, mas destacam nas suas primeiras páginas e com destaque fotográfico  a destruição pelos jihadistas de esculturas pré-islâmicas do Museu de Mossul, o que já foi considerado uma “tragédia cultural”. O diário ABC dedica toda a sua primeira página a este caso.
A notícia foi divulgada através de um vídeo que mostra alguns jihadistas a destruirem estátuas e frisos à martelada no Museu de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, que os jihadistas ocupam desde o Verão do ano passado. Este acto segue-se à continuada destruição de património arqueológico, ao incêndio de bibliotecas e livrarias e ao contrabando de obras de arte assíria dos séculos VIII e VII AC para assegurar financiamento à jihad.
A UNESCO já reagiu e condenou estes actos de autêntico terrorismo cultural. A história da civilização da antiga Mesopotâmia já perdera muito com a invasão americana do Iraque em 2003, quando museus e sítios arqueológicos foram pilhados. Depois, essa dramática realidade alastrou à Síria com a guerra civil, onde foram total ou parcialmentre destruídos muitos tesouros, incluindo o mercado da cidade Velha de Alepo, classificado como Património Imaterial da Humanidade. Agora são os jihadistas que prosseguem a destruição cultural de uma das mais antigas civilizações da Humanidade. Todos perdemos com isso.

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