sexta-feira, 6 de março de 2015

O biscate e o chico-espertismo lusitanos

O caso da dívida à Segurança Social do cidadão PPC complicou-se e aquilo que parecia ser um assunto marginal, está a tornar-se num assunto central, porque revela que em Portugal há uma tribo de privilegiados e que existem dois pesos e duas medidas nas relações do Estado com os cidadãos, isto é, que há uma fúria perseguidora contra a generalidade dos contribuintes e em especial contra os pensionistas e os funcionários públicos e, ao mesmo tempo, vive-se uma lamentável permissividade a favorecer uma pequena minoria. Neste grupo parecem encontrar-se os chamados VIP do regime, isto é, os profissionais da política que nunca fizeram outra coisa na vida que não fosse viver à sombra dos privilégios que a política lhes oferece. Não é gente de um só partido, mas gente que milita nos vários partidos que têm ocupado o poder, que confunde política com negócios e que age como facilitadora. Há muita gente dessa por aí, que tem vivido sempre na orla da política e que sobrevive em esquemas do verdadeiro biscate e de chico-espertismo, quer os seus amigos estejam no governo, quer estejam na oposição. É gente que em geral é bem falante e que vive desafogadamente, mas os seus currículos são confrangedores, apesar de alguns até terem licenciaturas, por vezes sem que se saiba onde e em que condições foram obtidas. Alguns são melhores ou mais afortunados que outros e conseguem subir na vida, mas o vírus do biscate e de chico-espertismo não lhes sai do corpo. Vivem deslumbrados com um poder com que nunca tinham sonhado. Viajam muito. Deslocam-se em bons carros. Usam gravatas caras. Passam por nós nas auto-estradas a alta velocidade, em absoluta impunidade mas, sempre, a bem da nação. Fazem-se acompanhar de seguranças que os protegem do povo. Dominam territórios de interesses onde se acantonam assessores, consultores, administradores e facilitadores que se protegem mutuamente. Recebem facilidades e avenças, cartões de crédito e senhas de presença, mas nem sempre prestam as contas que exigem aos outros. Há muitos por aí e não são apenas os Relvas, os Varas e os Loureiros.

1 comentário:

  1. Só não vê quem não quer. Triste, tristíssimo, vivermos nesta podridão de liderança. Chamar liderança a isto não é muito correcto, devia empregar um termo muito feio.

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