domingo, 12 de abril de 2015

Cuba: reencontro com os Estados Unidos

Cuba sempre suscitou uma enorme curiosidade e simpatia na juventude europeia dos anos 60, sobretudo pela mediatização que foi feita do mítico Ernesto Che Guevara, o jovem médico argentino que se juntou a Fidel de Castro e que em 1957-1958 teve um destacado papel na revolução cubana. Porém, a simpatia pela revolução cubana também resultava de um somatório de episódios protagonizados por um grupo de jovens guerrilheiros que, com muita coragem, tinham lutado contra o regime de Fulgêncio Batista: era o audacioso assalto ao quartel de Moncada, o julgamento e a condenação do jovem advogado Fidel, as peripécias da organização da guerrilha, a viagem do Gramna, o desembarque dos 82 revolucionários, a luta na Sierra Maestra, as batalhas por Santiago e Santa Clara e a entrada em Havana em Janeiro de 1959. Era a fuga de Batista, a vitória e o poder. A corrupção e os interesses americanos instalados na ilha foram atacados. Depois, foi a nacionalização da banca e das grandes empresas, as expropriações e a reforma agrária. A hostilidade americana acentuou-se e foi decretado um embargo comercial. Cuba entrou na órbita da URSS e passou a exportar a revolução.
Passaram-se muitos anos e os tempos mudaram, mas Cuba permaneceu estática, apesar de ter sido eliminado o analfabetismo e de existir um sistema de saúde universal. As transformações revolucionárias não produziram os resultados esperados e os cubanos empobreceram. A URSS implodiu e Cuba perdeu grande parte do apoio do seu aliado. O envelhecido Fidel adoeceu e em 2008 foi substituído pelo seu irmão Raúl Castro.
Agora, depois de quase sessenta anos de isolamento e de recíproca hostilidade, os Estados Unidos e Cuba reaproximam-se e os seus Presidentes – Barack Obama e Raúl Castro – prometem cooperar, apesar de Castro ainda ter afirmado “as nossas profundas diferenças”. Para já espera-se o fim do embargo comercial imposto pelos Estados Unidos em 1962, a retirada de Cuba da lista dos países patrocinadores do terrorismo e a chegada de muitos turistas americanos. O mundo e a imprensa de língua espanhola elogiaram esta reaproximação mas, sobretudo, há 11 milhões de cubanos que agora esperam por uma vida melhor.

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