sábado, 25 de abril de 2015

O casamento indiano já não é o que era

Há uma tradição milenar na Índia, mas também nas suas diásporas, que faz com que 95% dos casamentos realizados resultem de combinações e acordos entre os pais dos noivos, o que significa um pacto ou uma aliança entre as respectivas famílias. Os casamentos combinados por hindus e por católicos resultam da actividade de redes casamenteiras informais ou familiares, mas também de páginas inteiras de anúncios de jornal, sendo avaliadas em ambas as situações, a compatibilidade de casta, a religião, a posição na escala social e a situação económica. É de acordo com estes princípios que, todos os anos, há oito milhões de noivas, na sua maioria adolescentes, que se casam com homens escolhidos pelos seus pais, havendo muitos casos em que estas se encontram com eles pela primeira vez no dia do casamento. Estas, são as regras ancestrais que ainda balizam o casamento na Índia, onde o namoro de tipo ocidental, com ou sem autorização dos pais, não é usado. Fora deste contexto há uma minoria de "casamentos de amor" que, quando são contrariados dão origem a muitas situações trágicas. 
Porém, nos últimos anos as centenárias tradições dos casamentos arranjados estão a ser desafiadas pelos fenómenos da crescente urbanização e escolarização indianas, mas também pela influência cultural do ocidente e pelas novas novas tecnologias, não só o telefone móvel e o smartphone, mas também cerca de 1500 websites especializadas que tornam mais fácil o encontro entre candidatos e candidatas ao casamento. Uma delas – BharatMatrimony.com – afirma que ajuda 50 mil pessoas por mês a casar-se e que, nos últimos anos, os perfis que divulga são cada vez mais apresentados pelos próprios e menos pelos pais. The New York Times trata hoje deste tema na sua primeira página, contando a ousada história de Miss Garima Pant que, sem quebrar a tradição familiar, recusou alguns candidatos e, quando um deles a interessou, tratou de saber o seu número de telefone e foi falar com ele longe dos ouvidos da sua família. Aceitou-o. Foi um casamento semi-arranjado. Diz-se, portanto, que as novas tecnologias estão a "mexer" com as tradições milenárias da Índia onde, curiosamente, os casamentos são mais estáveis que os casamentos no Ocidente.

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