sábado, 18 de abril de 2015

R.I.P. José Mariano Gago

José Mariano Gago morreu ontem com 66 anos de idade. Antigo ministro da Ciência nos governos de António Guterres (1995-2002) e José Sócrates (2005-2011), foi o político que ocupou um cargo ministerial durante mais tempo em Portugal e foi, também, o responsável pelo desenvolvimento exponencial da ciência portuguesa nos últimos anos.
Tinha sido um dos melhores alunos do seu tempo no Instituto Superior Técnico, para cuja Associação de Estudantes foi eleito presidente em 1969 e destacou-se na luta estudantil contra a ditadura. Após ter concluido a sua licenciatura em engenharia electrotécnica, seguiu para Paris para fazer um doutoramento na área da produção e transferência de energia, mas quando em 1972 se encontrava de férias em Lisboa e soube que tinha um mandato de captura da PIDE, decidiu-se pelo exílio. Já doutorado trabalhou na Suiça e só regressou definitivamente em Portugal em 1986 para presidir à JNICT, que antecedeu a FCT, a principal entidade de financiamento público da investigação portuguesa. Depois assumiu a função de ministro da Ciência, tendo a sua actividade sido elogiada em todos os quadrantes políticos por ter conseguido colocar a ciência na agenda política e demonstrar que essa era a aposta correcta para que Portugal recuperasse o seu atraso. A ciência portuguesa adquiriu então padrões internacionais e muitos doutorados que trabalhavam no estrangeiro regressaram a Portugal.
Porém, apareceu a crise financeira e os governantes portugueses escolheram a contabilidade em vez da ciência, hostilizando a comunidade científica portuguesa. Mariano Gago disse então numa entrevista que “forçar doutorados à emigração é um suicídio nacional”, mas parece que não foi ouvido por quem devia escutar estas avisos.
Homens destes fazem muita falta ao nosso país!

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