terça-feira, 7 de abril de 2015

Sunitas & xiitas: agora lutam no Iémen

Há actualmente um enorme conflito religioso no mundo islâmico a fazer lembrar os conflitos religiosos entre católicos e protestantes, que atravessaram a Europa no século XVII, estando de um lado a confissão sunita e do outro a confissão xiita, cada uma delas resultante das diferentes interpretações do Alcorão. O conflito é sério e tem-se desenvolvido na Síria e no Iraque, mas agora parece ter-se aberto uma nova frente no Iémen, com uma guerra ainda não declarada entre o Irão xiita e a Arábia Saudita sunita, como revela a edição asiática da TIME.
A República do Iémen tem 527 mil km2 e 24 milhões de habitantes. Estrategicamente situada à entrada do mar Vermelho e com fronteira com a Arábia Saudita, o país tem estado a ser dominado por um conflito nascido da acção dos rebeldes houthis (xiitas) que,  com o apoio do Irão,  desafiaram a autoridade do governo e já dominam a maior parte do país. O Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi refugiou-se em Riad, na Arábia Saudita. A cidade de Sanaa, que é a capital do Iémen está em poder dos rebeldes houthis, enquanto Aden, a segunda cidade do país, está confrontada com violentos combates entre os apoiantes do Presidente e os rebeldes houthis, mas também com uma grave situação humanitária. Uma coligação militar liderada pelos sauditas, com o apoio do Egipto, Jordânia, Marrocos e das monarquias do golfo Pérsico interveio com ataques aéreos e ameaça com uma invasão terrestre. Os Estados Unidos apoiam.
Como pano de fundo deste conflito e desta intervenção saudita no Iémen está a luta pela supremacia regional entre o Irão (xiita) e a Arábia Saudita (sunita). Perante esta situação, as posições dos Estados Unidos são incompreensíveis, aparecendo contra ou ao lado do Irão, conforme as circunstâncias. Em Lausana fazem acordos com o Irão para limitar o seu programa nuclear, no Iraque aliam-se ao mesmo Irão para combater o Estado Islâmico, enquanto na Síria apoiam as forças que lutam contra Bashar-el-Assad e o seu aliado iraniano. Agora, no Iémen, estão ao lado dos sauditas e contra o Irão. Ninguém percebe a política externa americana que, apesar do seu poder, não consegue soluções consequentes. Entretanto, o terrorismo ganha terreno e a indústria do armamento farta-se de fazer negócios e de ganhar dinheiro.

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