segunda-feira, 4 de maio de 2015

As sumptuárias viagens presidenciais

A ver navios...
O nosso Presidente da República, que um dia se classificou a si próprio como o homem do leme, partiu para mais uma visita de Estado a juntar às visitas oficiais, às visitas às comunidades, às deslocações para as cimeiras e encontros em que participou e a outras visitas e viagens. Nunca um cidadão de Boliqueime viajou tanto e esse cosmopolitismo deve ser devidamente assinalado, até porque nunca houve um Aníbal tão famoso nos algarves.
Aparentemente, a website da Presidência da República tem muita informação sobre as viagens presidenciais e até parece um exemplo de transparência, mas não é assim. Na realidade, os cidadãos que são eleitores e contribuintes deveriam ter acesso a algo mais do que as reportagens de circunstância que os jornais e as televisões divulgam sem nada questionar sobre o interesse ou o resultado da visita, servindo apenas para promover o homem do leme. Era preciso saber-se, para cada viagem presidencial, qual a constituição detalhada das comitivas, assim como o seu custo total e por rubricas. Num outro plano, igualmente importante, era necessário saber os resultados concretos das viagens presidenciais, isto é, saber, por exemplo, que resultados concretos, económicos ou outros, tiveram as viagens presidenciais de 2007 à Índia e ao Chile. Isto é que é transparência. Isto é que é rigor económico.
Desta vez o destino é a Noruega e, segundo foi divulgado, a comitiva presidencial integra quatro ministros e “dezenas de empresários e investigadores”. É o costume! Não se discute aqui porque viaja tanto o Presidente da República, porque haverá assuntos de Estado que ultrapassam a ignorância dos cidadãos. No entanto, em tempo de austeridade é caso para perguntarmos porque vai uma tão grande comitiva com empresários da energia, cortiça, calçado, vinho, azeite, produtos alimentares, cerâmica, construção e não sei que mais. E o que faz naquela comitiva um advogado que é ministro da Defesa? Não é a embaixada de D. Manuel ao Papa, mas este exibicionismo de pobre armado em rico não se compreende. Alguém julga que estes empresários precisam destas viagens? Mal seria se estivessem à espera delas para tratar dos seus negócios.

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