sexta-feira, 5 de junho de 2015

EUA a perder terreno no Médio Oriente

A mais recente edição do The Economist aborda o complexo problema das enredadas relações entre os Estados Unidos e o mundo árabe e sustenta que, em poucos anos, a ordem que estabeleceram e controlaram desde o fim da 2ª guerra mundial colapsou. Os erros estratégicos americanos estão um pouco por todo o lado, com violentas guerras civis que estão a devorar a Síria, o Iraque e a Líbia, enquanto no califado estabelecido pelo EIIL, os jihadistas vestidos de negro são promovidos pelas televisões e a aviação saudita bombardeia os rebeldes no Iémen. Segundo os analistas, ainda vão decorrer muitos anos até que a paz regresse ao Médio Oriente.
Os americanos têm perdido influência na região e neste grande imbróglio é necessário perceber-se o que é que têm feito de errado e de tão desastroso, embora em Washington, não haja acordo entre republicanos e democratas quanto ao que de mal tem sido feito desde a invasão do Iraque em 2003. O apoio às “primaveras árabes” e a luta contra os ditadores regionais produziu efeitos perversos e agudizou o nacionalismo árabe que, muitas vezes, levou os jovens sem perspectivas a refugiarem-se na religião e até no fanatismo. Além disso, o petróleo, a ambição geopolítica da China, o ressurgimento do orgulho e do poder da Rússia e a vontade do Irão em afirmar-se como uma potência regional ou mesmo nuclear, tornaram a situação ainda mais complexa e preocupante. Os recentes sucessos militares do EIIL em Ramadi (Iraque) e em  Palmyra (Síria) foram motivadores para os seus militantes e atrairam dinheiro e combatentes. Mais tarde ou mais cedo, a insegurança e o terrorismo que hoje estão na Síria e na Líbia, hão-de chegar à Europa.
É verdade que o poder americano já não é o que era. As guerras do Vietnam e do Iraque foram muito caras e os recursos não são ilimitados, mesmo nos Estados Unidos. Muitos árabes acham que o poder americano já não governa o mundo, enquanto muitos americanos acham que não lhes compete impor ordem no caos reinante no Médio Oriente, mas estas são duas posições-limite. Muito do que se passa no Médio Oriente resulta de erros dos americanos e dos seus aliados ocidentais e, até por isso, há que emendá-los e procurar soluções equilibradas. Os Estados Unidos têm interesses estratégicos na região e, além destes problemas recentes que lhe exigem uma intervenção pacificadora, não podem deixar de continuar a sua luta pela paz entre Israel e a Palestina. Porém, mais importante do que os meios militares, serão as armas do bom senso, da inteligência e da diplomacia.

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