terça-feira, 25 de agosto de 2015

A TAP e a teimosia das privatizações

A Comissão Europeia lançou um balde de água fria sobre os privatizadores portugueses, ao declarar que não tinha jurisdição para avaliar o negócio da venda da TAP ao abrigo das regras europeias para as fusões, pelo que o processo deverá ser avaliado pelas autoridades nacionais competentes que, neste caso, é a Autoridade da Concorrência (AdC). Os nossos privatizadores não esperavam essa decisão e pensavam poder encostar-se a Bruxelas para se justificarem desta operação que vai contra o interesse nacional e o sentimento dos portugueses. Assim, a velha desculpa das imposições comunitárias foi desmascarada e a montanha pariu um rato. De facto, depois da troika ter imposto a privatização total ou parcial da TAP no Memorando que foi negociado com a participação activa de Catroga e Moedas – como bem vimos através da televisão - e depois de dois concursos internacionais realizados, esta decisão é ridícula, lamentável e deixa os privatizadores portugueses entregues à sua obcecada cruzada. Seria a altura adequada, embora tardia, para cancelar todo o processo, em vez de o entregar à AdC, cujo órgão máximo de decisão é um Conselho constituído por um presidente e dois vogais, todos escolhidos pelo actual governo, o que pode suscitar ainda mais dúvidas quanto à transparência das suas decisões.
A obcessão pela privatização da TAP é uma questão ideológica e uma farsa conduzida por fanáticos.
A TAP é uma das nossas “jóias da coroa” e não tem de passar por estes processos, contra a vontade da opinião pública e o interesse nacional. Depois de tantos elogios da Europa ao bom aluno lusitano e depois de ter sido dito que os nossos cofres estavam cheios, pergunta-se para quê e porquê esta teimosia privatizadora quando estamos a 5 semanas das eleições legislativas? A continuar esta operação, ainda irá correr muita tinta... 

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