quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O preço da irresponsabilidade da banca

Um estudo do BCE hoje divulgado na imprensa, revela que entre 2008 e 2014, cada português já pagou 1950 euros para salvar bancos, isto é, o Estado já gastou 19,5 mil milhões de euros (11,3% do PIB) no apoio ao sector financeiro. É muito dinheiro! Embora este apoio seja menor do que aquele que foi concedido na Irlanda (31,1%), na Grécia (22,1%) e em Chipre (18,8%), o facto é que o BCE “dá nota muito negativa a Portugal”, sobretudo pela incapacidade que tem demonstrado para recuperar essa ajuda.
Este valor de 19,5 mil milhões de euros líquidos, engloba os diversos tipos de intervenção feitos pelo Estado ao longo da grave crise financeira nascida nos Estados Unidos com a vigarice dos subprimes e a falência do Lehman Brothers e que, em Portugal, se iniciou com a nacionalização do BPN, passou por outras intervenções no sistema bancário como o empréstimo de capital contingente ao BPI, CGD, BCP e Banif (que também teve uma injecção de fundos) e cujo capítulo final foi a intervenção no BES/Novo Banco, através do Fundo de Resolução.
A discriminação desses 19,5 mil milhões de euros é pouco transparente, vá-se lá saber porquê... Até finais de 2014 a factura real do BPN já atingia 2691 milhões de euros, enquanto 3900 milhões de euros eram emprestados ao Fundo de Resolução para resolver o Novo Banco. A execução de garantias do BPP já custou 450 milhões de euros. E há os empréstimos ao BPI (já integralmente devolvido), à CGD, ao BCP, ao Banif e  eu sei lá mais a quem, ou seja, são 19,5 mil milhões de euros, segundo o BCE!
O facto é que sabemos pouco disto, embora saibamos que no essencial a banca continua arrogante e “a comer e a beber” do melhor, como se nada tivesse acontecido. Porém, este estudo do BCE tem a virtude de provar que a difícil situação por que temos passado resulta desta irresponsabilidade da banca e de quem a geria e que não é, sobretudo, a consequência de má governação ou de termos vivido acima das nossas possibilidades, como nos últimos anos tem sido muito repetido.

Sem comentários:

Enviar um comentário