quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Um mentiroso compulsivo e sem emenda

Uma das questões que tem provocado mais ruido na discussão pré-eleitoral em que a política portuguesa está envolvida é a de saber quem chamou a troika e quem assinou o Memorando de Entendimento. Se em relação ao Memorando assinado no dia 17 de Maio de 2011 todos nos lembramos de ver Eduardo Catroga a participar em reuniões acompanhado pelo actual Comissário Moedas e a afirmar que o nosso problema eram apenas as “gorduras do Estado”, já em relação à vinda da troika podia haver dúvidas. Sabemos que a Comissão Europeia de Durão Barroso e o BCE de Jean-Claude Trichet saudaram e apoiaram o PEC4, que teria permitido enfrentar as dificuldades, evitar o resgate e a vinda da troika com o seu programa que nos humilhou, mas esse documento veio a ser chumbado no Parlamento pela oposição. Sabemos que esse chumbo levou à queda do governo no dia 23 de Março de 2011. Hoje, ficamos a saber, através de uma carta divulgada pelo jornal Público que, no dia 31 de Março de 2011, Passos Coelho se dirigiu ao então Primeiro-Ministro já demissionário e lhe afirmou que o seu partido “não deixará de apoiar o recurso aos mecanismos financeiros externos, nomeadamente em matéria de facilidade de crédito para apoio à balança de pagamentos”. Para quem tem repetidamente afirmado nada ter a ver com a vinda da troika, nem com o conteúdo do Memorando, esta carta e as imagens da televisão de que nos recordamos, confirmam como este homem vive num mundo de continuada mentira. Fica demonstrado que, depois de chumbar o PEC 4 e a solução negociada que Barroso, Trichet e Merkel apoiavam, uma semana depois já afirmava que não deixaria de apoiar a vinda da troika, quando o governo já demissionário ainda estava atordoado pelo chumbo do PEC 4. Era seguramente o que ele queria. Parece, pois, que foi Passos quem primeiro falou do auxílio externo ou da vinda da troika. De resto, é evidente que a troika só viria para Portugal se os dois grandes partidos estivessem de acordo e até nem é importante saber qual foi o menino que primeiro levantou o dedo. O resto é conversa.

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