terça-feira, 27 de outubro de 2015

A triste herança europeia de Barroso

A Volkswagen foi acusada pelas autoridades americanas de manipular os testes relativos às emissões de óxido de azoto em vários dos seus modelos a gasóleo, uma vez que os testes escondiam que os veículos poluem entre 10 a 40 vezes mais do que os limites permitidos pela lei americana. A marca alemã admitiu esse facto e lamentou profundamente que a marca tivesse forjado os resultados desses testes, que afectam a credibilidade da marca e já se preparam para recolher 11 milhões de viaturas no início de 2016, das quais 8,5 milhões circulam na Europa. 
O escândalo rebentou em finais de Setembro, mas adquiriu agora novos contornos na sequência de uma investigação feita pelo jornal britânico  Financial Times, que é talvez o mais importante jornal económico mundial. Na sua edição de ontem, o jornal anunciou em primeira página que Bruxelas, isto é, a Comissão Europeia então presidida por Durão Barroso, foi alertada em 2013 para as “car emissions tests discrepancies”.
Segundo a investigação levada a efeito pelo jornal, o problema do confronto entre a indústria automóvel e os grupos ambientalistas não é novo e a informação revelada pelo jornal mostra que a Comissão Europeia tinha conhecimento de que as emissões verificadas nos testes em laboratório não correspondiam às emissões verificadas nos testes de estrada e que tal assunto era objecto de debate interno. Numa carta escrita em Fevereiro de 2013, o então comissário europeu do Ambiente, Janez Potocnik, informou o então comissário da Indústria, Antonio Tajani, que haveria “discrepâncias significativas” entre as emissões verificadas nos testes e as registadas em condução real. Porque não deram ouvidos a Janez Potocnik? Porque se calou Antonio Tajani? O que soube ou não soube disto o presidente da Comissão Europeia? Este caso levanta muitas suspeitas. Numa Europa desacreditada e em crise, aqui está mais um exemplo da má memória que foi a Presidência Barroso, que atirou a União Europeia para a crise, para a desorientação, para a desagregação e para o salve-se quem puder.

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