quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A verdade do Eurostat e a propaganda

O Eurostat divulgou hoje o seu NewsRelease 186/2015 e a informação que nos dá é absolutamente preocupante e alarmante, sobretudo numa altura em que estamos rodeados de incertezas e perante um provável quadro de crise política. Ao longo dos últimos meses a desenfreada propaganda governamental e dos seus aliados da comunicação social garantia que estávamos no bom caminho, que tudo corria bem, que os cofres estavam cheios e até avisavam os eleitores para que tivessem cuidado para não se deitar a perder tudo aquilo que fora conquistado com o sacrifício dos portugueses. O governo até teve a ousadia e o atrevimento de defender que, em pouco tempo, estaríamos entre as dez economias mais competitivas do mundo. Muitas ilusões se venderam e muitas manipulações foram feitas para anestesiar e cativar o voto do eleitorado.
Hoje, o Eurostat veio dizer-nos a verdade e tirar-nos uma parte dessa anestesia com que o governo nos manipulou: a dívida pública e o défice público, que eram as bandeiras do governo e que se dizia tinham assegurado a retoma da credibilidade externa portuguesa, estão ao nível do pior que acontece na Europa. Mais de quatro anos de governação só agravaram estes problemas. A dívida pública portuguesa em finais de 2014 continuava a aumentar e aproximava-se dos 230 mil milhões de euros, o que significa que representa 130,2% do PIB e que só é ultrapassada pela Itália (132,3%) e pela Grécia (178,6%). Relativamente ao nosso défice público de 2014 que se fixou nos 7,2%, a situação também é muito grave, pois só o Chipre está pior do que nós (8,9%). Significa que, depois dos tais sacrifícios que os portugueses fizeram, estamos na mesma ou talvez pior. Dá que pensar.
Não sabemos o que vai acontecer politicamente nos próximos dias, mas é evidente que o resultado hoje anunciado pelo Eurostat recomenda que alguma ou muita coisa mude. 

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