quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O futuro tão incerto dos portugueses

Há quem afirme que o maior problema português da actualidade é a Demografia e, na minha opinião, essas pessoas têm toda a razão. Na verdade, antes da Economia e das Finanças, da dívida pública e do défice orçamental, o grande desafio nacional está no nosso envelhecimento, na quebra brutal da natalidade, na emigração forçada de cerca de 400 mil jovens entre 2011 e 2014 e na incerteza do que espera cada português nos dias do futuro. Nos últimos anos, a intervenção da troika obrigou à revisão das leis laborais e os nossos governantes, obcecados com a ideia de serem bons alunos e de receberem alguns elogios do exterior, trataram de tudo aceitar, incluindo a liberalização quase total dos despedimentos e a crescente precaridade do trabalho, em nome da eficiência económica. Apesar do auto-elogio repetido até à exaustão durante a campanha eleitoral pelos seguidores do governo, o país não está melhor. A tentativa de resolver o problema estrutural das nossas finanças públicas foi inconsequente e a dívida aumentou algumas dezenas de milhar de milhões de euros. No aspecto social, a situação também é muito precária e a pobreza tem aumentado para níveis que até há bem pouco tempo eram impensáveis, como se vê nas ruas, nos autocarros e à porta dos supermercados.
Hoje o retrato social (e económico) do nosso país quase atinge algum dramatismo. Como se já não fosse grave a existência de cerca de 770 mil desempregados, o Jornal de Notícias veio revelar que há mais 700 mil trabalhadores com contratos a prazo e, ainda, 128 mil trabalhadores sem vínculo laboral, que são pagos com recibos verdes. Como é que toda esta gente tem condições para fazer uma vida digna, segura, estável e com condições para procriar? Os portugueses têm um futuro muito incerto, mas os governantes ignoram-no ou nada fazem para o resolver.

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