terça-feira, 10 de novembro de 2015

O desafio independentista catalão

O Parlamento da Catalunha tomou ontem uma decisão inédita ao aprovar por 72 votos a favor e 63 votos contra, uma resolução que proclama o início do processo independentista, com desobediência às instituições espanholas (incluindo o Tribunal Constitucional) e com o apoio à Generalitat (Governo Autónomo) para cumprir apenas as leis emanadas do Parlamento catalão. Como salienta o diário El País, metade da Catalunha rompe com a democracia espanhola.
Nessa resolução em nove pontos, o Parlamento da Catalunha enquanto “depositário de la soberania”, declara “el inicio del proceso de creación del Estado catalán independiente en forma de república” (ponto 2) e “la voluntad de inicio de negociaciones para hacer efectivo el mandato democrático de creación de un Estado catalán independiente en forma de república y, así mismo, lo pone en conocimiento del Estado, de la UE y del conjunto de la comunidad internacional” (ponto 9).
Esta votação reflecte a profunda divisão que vive a sociedade catalã entre os partidários e os adversários da independência. Não se trata de um tema novo para os espanhóis e para o centralismo de Madrid, mas é seguramente um tema preocupante pelo contágio que pode induzir noutras regiões espanholas e até em alguns países europeus.
Entretanto, a Audiência Nacional que é uma instância especial espanhola com jurisdição em todo o território e que se dedica a crimes graves e complexos como corrupção, terrorismo e crime económico, deu instruções às polícias nacional e regional para se prepararem para actuar contra aqueles que cometam o delito de sedição. Hoje, o Conselho de Estado aprovou por unanimidade a apresentação de um recurso de inconstitucionalidade contra a resolução separatista aprovada ontem pelo Parlamento catalão. Significa, portanto, que o processo reivindicativo da Catalunha acelerou mas que ainda fará correr muita tinta.

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