sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Um novo governo e uma nova esperança

Passados mais de cinquenta dias sobre as eleições legislativas de 4 de Outubro e depois de audiências com tantas personalidades apostadas em contrariar a vontade expressa dos portugueses através dos seus deputados eleitos, tomou posse ontem o XXI Governo Constitucional presidido por António Costa. Acabou essa treta do arco da governação. Festejemos por isso, até porque os últimos quatro anos foram duros e cansativos para os portugueses que, com 62% dos votos, rejeitaram a insensibilidade, o autoritarismo e a demagogia do par Passos & Portas. Como disse há muitos anos o poeta Luís de Camões:

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades;
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança;
Tomando sempre novas qualidades”.

Estamos realmente num tempo de “mudança” e de “novas qualidades”, mas estamos sobretudo num tempo de esperança para nos sentirmos num país mais democrático, mais coeso, mais solidário e de gente mais feliz. Ao contrário do que tem sido dito pela propaganda, o governo de Passos e Portas fez-nos andar para trás. Estamos pior do que em 2011. Temos mais dívida pública, mais desemprego, mais pobreza, mais desigualdade, mais gente emigrada, mais desertificação do território e mais envelhecimento demográfico. Esta é que é realidade que não é possível manipular.
Ontem Cavaco esteve ao seu nível, com ameaças e avisos desnecessários que só serviram para aumentar a crispação que anda por aí. O seu tempo político já passou. Agora é preciso assegurar que regresse a Boliqueime com um mínimo de dignidade. A História não guardará dele boa memória, mas talvez lhe ponham o nome numa rua ou numa escola ou num qualquer pavilhão gimno-desportivo.
O discurso de António Costa foi prometedor com fortes apelos à serenidade e à moderação, sem abdicar do combate à “vertigem austeritária” e a lembrar que responde politicamente perante o Parlamento e não perante Cavaco. Porém, tem um desafio difícil pela frente, até porque vai continuar a campanha difamatória que lhe tem sido feita pelas televisões e pelos seus jornalistas e comentadores de serviço, assim como o discurso intolerante e mentiroso de Portas, de Rangel, de Montenegro, de Teresa Coelho e dessa sinistra figura que é Marco António Costa, que repetem até à exaustão uma mesma cassete mentirosa.
António Costa é um político experiente e está preparado. Juntou gente de muito valor, com provas dadas na política e na vida académica. Sabe que os tempos são difíceis e que o caminho está armadilhado em Lisboa, em Bruxelas e talvez em Berlim, mas também sabe que tem a confiança maioritária dos portugueses para mudar o rumo do país. Boa sorte!

Sem comentários:

Enviar um comentário