sábado, 26 de dezembro de 2015

A acalmia na fronteira indo-paquistanesa

Ontem, o avião em que viajava o primeiro-ministro indiano Narendra Modi fez uma escala técnica no aeroporto paquistanês de Lahore, aparentemente porque Modi manifestara o desejo de se encontrar com Nawaz Sharif, o seu homólogo paquistanês. Talvez fossem velhos amigos que se tivessem conhecido em Londres como estudantes... E este, de facto, esperava-o no aeroporto. Depois, durante duas horas ambos conviveram cordialmente na residência de Sarif que nesse dia festejava o seu aniversário. Terão falado de paz e de cooperação. Não terão falado de mísseis, nem de armamento nuclear. Depois de mais de dez anos de relações cortadas e por vezes de muita tensão, os dois países reencontraram-se desta forma quase inesperada ou, pelo menos, realizada à margem da diplomacia tradicional.
Esses países nasceram em 1947 e resultaram da independência e partição da Índia Britânica. Sob a direcção de Jawaharlal Nehru e do seu Partido do Congresso, a Índia tornou-se um país secular com uma população maioritariamente hindu, enquanto o Paquistão dirigido por Mohammed Jinnah e a sua Liga Muçulmana estabeleceram uma república islâmica de população maioritariamenre muçulmana. As relações entre ambos têm sido sempre muito conflituosas e já deram origem a três guerras, uma guerra não declarada e muitos conflitos fronteiriços, resultantes da disputa pela Caxemira. Aquela que é considerada a mais perigosa fronteira do mundo perde, por agora, esse título pouco honroso.
É uma boa notícia, porque não nos dá nenhuma segurança saber que estes dois países, que dispõem de armamento nuclear, mantenham tão elevados níveis de hostilidade e de desconfiança. Por isso, a edição de hoje do International New York Times destaca esse encontro com fotografia na sua capa e, realmente, não é caso para menos.

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