domingo, 20 de dezembro de 2015

E não se pode exterminá-los?

Num relatório publicado esta semana e que foi analisado pelo jornal Público, os responsáveis do FMI olharam para a forma como foram desenhados e implementados os programas aplicados durante o período de 2008 a 2015 e verificaram os resultados obtidos, assumindo que teria sido melhor fazer logo à partida uma reestruturação das dívidas públicas demasiado elevadas, como é o caso da portuguesa. De entre os programas analisados está o programa da troika aplicado em Portugal entre 2011 e 2014, no qual o FMI desempenhou um papel fundamental, tanto em termos de financiamento, como de definição das políticas a seguir. E a conclusão é óbvia: o FMI, a troika e aqueles que lhes deram total apoio falharam. Essas falhas resultaram de um brutal irrealismo em relação às realidades económicas e sociais, de uma expectativa demasiado elevada em relação ao efeito das reformas estruturais que foram incapazes de executar, de uma consolidação orçamental demasiado rápida e de um enorme erro no que respeita ao tratamento da resolução da dívida pública. Lamentavelmente, nada acontece aos responsáveis por este trabalhinho, nem a quem tão fanática e acaloradamente os apoiou, embora estes tenham sido postos fora do governo. É bom recordar que em Março de 2014, alguns meses antes do fim do “programa de ajustamento” e da treta da “saída limpa”, um grupo de setenta personalidades de diferentes quadrantes políticos subscreveu um manifesto em que defendeu a chamada “reestruturação responsável da dívida”, como condição para acabar com a política da austeridade pela austeridade, sem a qual não será possível o crescimento e o emprego. Nesse manifesto era feito um apelo para que o nosso país encetasse esforços junto dos seus parceiros europeus para preparar uma reestruturação da dívida pública, que há pouco tempo estava em 229.074 milhões de euros e que em 2014 terá consumido 7,239 mil milhões de euros só em pagamento de juros. O fanatismo neo-liberal não lhes deu ouvidos e, agora, apesar do mea culpa do FMI, os responsáveis por esses desvarios andam por aí a falar, provavelmente sem perceberem o mal que nos fizeram .

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