sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Um grande incêndio na passagem do ano

A passagem de ano desperta muitos entusiasmos quase sempre desproporcionados, como mostram as imagens televisivas que sossegadamente vejo em casa. Gosto do fogo de artifício e da alegria popular, mas não me agradam as festanças nos hotéis. Ao longo do ano disponho de tantas oportunidades para celebrar acontecimentos pessoais, dos meus amigos ou da minha comunidade, cuja carga emocional ultrapassa largamente aquele simbólico momento em que o calendário muda de ano e em que as pessoas saltam, gritam, cantam, bebem, dançam e se divertem em cenários tão artificialmente encenados. Por outro lado, quando sabemos que muitos portugueses vivem com dificuldades, que têm empregos precários ou não têm emprego, que os seus rendimentos têm sido engolidos por um sistema bancário ganancioso e criminoso e que uma boa parte da população vive no limiar da pobreza, confrange-me observar o quanto se gasta sem qualquer sentido nesta noite. É certo que todos estes exageros são um escape natural às agruras e aos contratempos acumulados durante um ano e que são, também, um apelo ou um desejo para que o futuro traga melhores dias, mas nada disso me retira o sossego de uma noite caseira.  
Ontem, porém, para além das suas repetitivas e desinteressantes reportagens em Lisboa, Porto, Funchal, Coimbra e Albufeira e das mesmas imagens de sempre da passagem do ano em Sydney, as televisões mostraram em directo o incêndio que consumiu o hotel Downtown Adress, no Dubai.
Foi um caso impressionante ou um inferno, a lembrar o que aconteceu em Nova York em 2001. O edifício tem 300 metros de altura, 63 andares e é o 36º edifício mais alto do mundo, situando-se junto da torre Burj Khalifa, que é o arranha-céus mais alto do mundo com quase 830 metros de altura e 160 pisos. As gigantescas línguas de fogo, que o londrino The Daily Telegraph apresenta na capa da sua edição de hoje, faziam prever o pior dos cenários, mas foi possível evacuar o edifício sem quaisquer mortes a lamentar. O incêndio terá começado num espaço exterior do 20º piso, mas o sistema corta-fogo funcionou e impediu a propagação imediata das chamas para o interior do hotel. Podia ter sido uma grande tragédia, mas não foi...
Pouco depois, chegou o ano de 2016.

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