segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

As muitas poucas-vergonhas da política

A vida política é uma actividade difícil que exige muita dedicação, muito estudo e, sobretudo, muita vocação para servir a comunidade. Nessa lógica de serviço que poucos praticam e de que muitos se servem de forma perversa e ignóbil, é necessária uma forte sensibilidade social que assegure igualdade de oportunidades mas, também, harmonia e coesão social.
Por isso, num tempo em que se acrescentaram dificuldades à população, que se mandaram emigrar as pessoas, que se empobreceu o país e se retiraram rendimentos aos portugueses, em simultâneo com uma criminosa passividade face à fraudulenta falência de alguns bancos e à apressada e desnecessária venda das melhores empresas nacionais a quem apareceu por aí com um maço de notas, a notícia de hoje do Jornal de Notícias é absolutamente chocante.
No passado mês de Outubro, quando o governo de P & P estava a arrumar os seus papéis para se ir embora, ainda tratou de algumas mal-feitorias que não foi apenas a venda da TAP fora de horas e num vão de escada. Foi, então, que decidiu que os administradores que ele próprio nomeara para a ANAC, a entidade reguladora da aviação civil, fossem aumentados com direito a retroactivos desde Julho. Assim, o presidente passou de 6030 euros para 16075 euros; o vice-presidente passou de 5499 euros para 14.468 euros; a vogal subiu de 5141 euros para 12.860 euros. E quem são os administradores? Os seus currículos estão na internet e revelam verdadeiros boys, daqueles que usam a bandeirinha na lapela, que foram assessores deste e daquele, que frequentaram acções de formação nisto e naquilo. No caso da girl, para além do tempo que passou em gabinetes ministeriais, é notável a sua formação de base em "estudos europeus" que, naturalmente, tem muito a ver com a regulação da aviação civil. Certamente pela sua militância, a licenciada Lígia foi nomeada pelo Sérgio Monteiro e aos 35 anos de idade tem os tais 12.860 euros mensais, mais as mordomias que o cargo lhe dá. Boa menina!
Este caso mostra o desvario que tomou conta da vida política e partidária, evidenciando uma das formas mais subtis da corrupção em Portugal, isto é, o favorecimento dos amigos e dos companheiros de partido. Bom seria que António Costa e o seu governo não entrassem nessa onda e pusessem fim a esta pouca-vergonha.

2 comentários:

  1. Já nem faz sentido falar em pouca vergonha. Ultrapassa até a nenhuma. É uma verdadeira situação de falta de respeito para com um povo martirizado de há uns anitos a esta parte moral, social e materialmente. Esta gentalha já riscou do seu dicionário as palavras ética e servir (a população, para que foram nomeados) e actuam em conformidade.

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  2. E isto é o que se vai sabendo ... calculo aquilo que anda escondido!

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