sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Portugal e a tensão financeira mundial

Vivemos um “tempo de incerteza” como disse, muito sabiamente, o nosso ainda Presidente da República na sua mensagem de Ano Novo, decerto por ter lido que o mundo enfrentava riscos crescentes de entrar em recessão, devido às crises nos países emergentes e em especial na China. A incerteza resulta de muitos factores que intranquilizam o mundo, desde a desaceleração da economia chinesa à guerra na Síria, passando pela crise política brasileira, pelas eleições americanas, pelo problema dos refugiados na Europa e até pelas recentes dúvidas sobre a solidez do Deutsche Bank que, entre os dias 5 e 11 de Fevereiro, viu as suas cotações cairem 9,3%.
O jornal inglês City A.M. (Business with Personality!) é um dos muitos periódicos europeus que hoje analisa a última semana e que destaca a queda das cotações dos principais bancos europeus. O jornal francês Les Echos fala na débâcle boursière, nos banques attaquées e diz que a Société Génerale plonge. Na Espanha, segundo o El Economista, na semana de 8 a 11 de Fevereiro a queda bolsista atingiu 8,86% e é noticiado que, juntos, o Santander, o BBVA e a Telefonica perderam cem mil milhões de euros, isto é, mais de metade do PIB português.
As bolsas estão em vias de entrar em crash e a finança internacional está assustada. Esses é que são os sinais da incerteza mas, num artigo intitulado “Les raisons d’un krach”, o jornal Les Echos destaca hoje a derrocada das bolsas mas, lamentavelmente, vem dizer escrever a frase “le Portugal au centre des inquiétudes”. Como é possível dizer-se uma coisa destas? Como é possível que com tanta incerteza no mundo e tanta falta de rumo na Europa, sejam algumas centenas de milhões de euros do Orçamento português  e dois ou três décimos de défice a perturbar Jean-Claude Juncker, Pierre Moscovici, Wolfgang Schäuble e Jeroen Dijsselbloem?
Estamos realmente perante uma violenta tempestade que ameaça a Europa com a guerra, com milhares de refugiados, com o brexit, o desemprego maciço, o envelhecimento demográfico, os nacionalismos e os autoritarismos, mas estes dirigentes-burocratas vivem obcecados com os países do sul que erguem a sua voz e escolhem um caminho de dignidade. É que eles não estão preocupados com Portugal mas, depois da Grécia, vivem agora assustados com o que pode acontecer com a Espanha e com a Itália.

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