terça-feira, 15 de março de 2016

A infâmia dos 5 anos de guerra na Síria

A guerra na Síria nasceu de um conflito interno que começou em Janeiro de 2011 com grandes protestos populares nas cidades de Damasco e Alepo, em linha com o que aconteceu em vários países da região e a que se chamou a Primavera Árabe. Esse conflito evoluiu rapidamente para uma revolta armada em grande escala que, habitualmente, se considera ter tido início no dia 15 de Março de 2011. O governo do presidente Bashar al-Assad não cedeu aos protestos e passou a combater os seus adversários que ocuparam cidades e pegaram em armas. Hoje o governo sírio acusa esses adversários de serem terroristas, enquanto as forças da oposição se dividiram por vários grupos com objectivos diferenciados, que combatem Bashar el-Assad mas que se combatem entre si. Para além dos seus contornos políticos iniciais, a guerra passou a ter contornos religiosos e geopolíticos e, no terreno, há áreas controladas pelo governo sírio, pela chamada oposição democrática do Conselho Nacional da Síria, pelo Estado Islâmico, pelas forças curdas do PKK e pela Frente al-Nusra, o braço sírio da Al Qaeda. Nesta complexa situação, o conflito alastrou ao Iraque, mas também ao Iémen, ao Líbano e, cada vez mais, à Turquia, para além de estar a pôr à prova a coesão europeia e a sua solidariedade para com os outros povos.
Cada uma das partes tem aliados muito poderosos e o conflito internacionalizou-se, com aviões dos mais diferentes países a bombardearem aqui e acolá. As cidades estão destruídas e a população vive em estado de calamidade e foge. As grandes potências que também são a cabeça dos grandes interesses, têm tido um comportamento impróprio e desastroso, pois não compreendem a complexidade da realidade regional e mostram não ter aprendido com o erro que foi o afastamento de Sadam Hussein e de Muammar Kadaffi. Ao longo de cinco anos pouco mais têm feito do que tentar exportar os seus modelos políticos, mas também o seu armamento destruidor para a região.
A política das grandes potências envergonha a Humanidade, pela passividade com que têm olhado para o conflito sírio que já causou mais de 300 mil mortos, cerca de cinco milhões de refugiados, mais de 8 milhões de desalojados e a destruição do país. É uma infâmia, como bem diz o jornal espanhol El Periódico, essa forma desatenta e desumana como a comunidade internacional e os seus líderes, especialmente Obama, Putin, Cameron e Hollande, têm olhado para a Síria.

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