quinta-feira, 24 de março de 2016

Bruxelas: mais um passo na brutalidade

Os terríveis acontecimentos de Bruxelas, tal como os que já aconteceram em Madrid, em Londres e em Paris, mostram que a barbárie entrou no coração da Europa e que o nosso modo de vida está ameaçado. Não é apenas a crise económica e a falta de solidariedade comunitária que tornam incerto e inseguro o nosso futuro, mas é sobretudo a instabilidade que o terrorismo está a trazer para a Europa, que  está velha, enfraquecida e é vítima da mediocridade das suas lideranças. De facto, os líderes europeus revelam-se incompetentes e incapazes para tratar dos grandes problemas que acontecem para lá das suas fronteiras e de não terem previsto o que poderia ter acontecido no interior do seu território e nas suas cidades, como consequência das suas desastrosas intervenções no Iraque, na Líbia e agora na Síria.
Em Março de 2011, quando Nicolas Sarkozy decidiu acabar com o líder líbio Muammar Kadafi, este deu uma entrevista a um jornal francês e avisou que “milhares de pessoas irão invadir a Europa a partir da Líbia e não haverá ninguém para detê-las”. E acrescentava que “haverá uma jihad islâmica diante de vocês. Os homens de Bin Laden vão cobrar resgates em terra e no mar. Será realmente uma crise mundial e uma catástrofe para todo o mundo. Eu não deixarei isso ser feito”.
Porém, ninguém o ouviu e, pelo contrário, os aviões americanos, ingleses e franceses condenaram-no e abriram as portas a uma das maiores ameaças que pesa sobre a Europa.
Neste quadro desolador e de grande apreensão, é com tristeza que assistimos às negociações entre a Turquia e a Comissão Europeia sobre os indefesos refugiados que são tratados com absoluta desumanidade, mas também às ridículas discussões e diktats da Comissão Europeia sobre o défice orçamental português e sobre se o seu valor deve ser de 2,6% ou 2,4% do PIB, o que mostra como a Europa é incapaz de se governar e tratar do que é importante, preferindo exibir o seu autoritarismo burocrático sobre as coisas assessórias. Além disso, muito pouco é feito para acabar com o fornecimento de armas e a compra de petróleo, operações de que vive o terrorismo, certamente porque esse negócio serve a finança especuladora europeia. 
O banho de sangue que aconteceu em Bruxelas e que a imprensa de todo o mundo relatou, lembram-nos que muita coisa corre mal na Europa da fartura, do dinheiro e da hipocrisia.

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