segunda-feira, 18 de abril de 2016

Aqui tão perto, a Polisário não dorme

Aqui bem perto de nós há algumas situações de tensão cujas características e níveis de preocupação são bem diversos. Uma dessas situações é a questão do Saara Ocidental.
O Saara Ocidental é uma antiga colónia que a Espanha abandonou em 1975, sem infraestruturas e com um população nómada e totalmente analfabeta, que faz fronteira terrestre com Marrocos, Argélia e Mauritânia. Os saaráuis fundaram a Frente Polisário (Frente Popular para la Liberación de Saguía el-Hamra y de Río de Oro) e em Fevereiro de 1976 proclamaram a independência da República Árabe Saaraui Democrática (RASD), que tem um governo no exílio, reconhecido por cinco dezenas de países. Com a saída espanhola do território, o reino de Marrocos e a Mauritânia ocuparam o Saara Ocidental invocando direitos históricos, mas a Frente Polisário conseguiu expulsar a Mauritânia. Dessa forma, o conflito passou a colocar frente a frente o reino de Marrocos e a Frente Polisário ou, como se diz, Marrocos e a Argélia, que é a grande aliada da Frente Polisário. Enquanto Marrocos oferece uma ampla autonomia ao território sob a soberania marroquina, a Frente Polisário reclama a autodeterminação e a independência do território através de um referendo.
As Nações Unidas intervieram a partir de 1991 e conseguiram que fosse assinado um cessar-fogo e, com base na Resolução 690 do Conselho de Segurança, estabeleceram a MINIURSO (Misión de las Naciones Unidas para el Referéndum del Sáhara Occidental), exactamente para organizar o referendo, mas passados cerca de 25 anos não o conseguiram. Agora, exilado na cidade argelina de Tindouf, que é a sede do governo saaráui no exílio, o presidente Mohamed Abdelaziz fala ao El Watan de Argel para criticar a ineficiência da ONU, denunciar as violações dos direitos humanos no território ocupado pelos marroquinos e avisar que poderá voltar a pegar em armas. Muita gente pensa que a questão é uma pequena borbulha sem importância, mas tem-se visto que certas borbulhas geraram processos inflamatórios que se transformaram em grandes epidemias.

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