segunda-feira, 4 de abril de 2016

A preocupante radicalização do Brasil

O Brasil está a passar por uma situação muito complexa, sobre a qual é difícil emitir opinião, sobretudo quando não se é brasileiro e se está separado por 7.376,32 quilómetros, que é a distância que separa as cidades de Lisboa e de Brasília. As notícias que atravessam o Atlântico são muito contraditórias e parciais e, cada vez mais, revelam a gravidade da situação e a dificuldade para se encontrar uma saída política. Tudo isto acontece num quadro mundial de grande perturbação e de persistente crise, mas também de luta entre modelos de sociedade e de interesses financeiros globais, a que o Brasil e a sua dimensão estratégica não escapam. Nessas condições, todas as contradições culturais da sociedade brasileira emergem, convergindo nos mensalões e nas operações lava-jato, num esquema que directa ou indirectamente beneficiou muita gente, sobretudo das classes dominantes de todos os partidos políticos, com a propina e a lavagem de dinheiro a tornarem-se prática generalizada, em paralelo com a pobreza que ainda não foi irradicada e que afecta muitos milhões de brasileiros. Essa é uma realidade que está a corroer o ambiente e a coesão nacionais, com o povo a sofrer como sempre com as incertezas do futuro. Daí nasce a luta política em que vale tudo e em que aparece a questão do impeachment, que não resulta de uma acusação pessoal contra a Presidente Dilma Rousseff, mas que é um verdadeiro instrumento de luta de uma parte do Brasil contra a outra parte.
A criativa capa da edição do passado fim de semana do Zero Hora de Porto Alegre sintetiza a situação brasileira como o encontro entre a corrupção e a ”roubalheira que corrói as instituições” e o radicalismo político e a escalada de intolerância. Vamos ver como os brasileiros vão ultrapassar este imbróglio.

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