terça-feira, 31 de maio de 2016

Madrid com grande exposição de Bosch

O Museu do Prado apresenta a partir de hoje e até ao dia 11 de Setembro de 2016 a exposição comemorativa do V Centenário da morte de Jheronymus Bosch, que a organização considera a mais completa alguma vez feita e que é uma ocasião irrepetível para apreciar a obra do famoso pintor renascentista holandês.
Acontece que graças ao interesse que o rei Filipe II de Espanha teve pela obra de Bosch, é no país vizinho que se conserva o maior conjunto de originais daquele pintor e todos eles figuram na exposição que se intitula El Bosco. La exposición del V centenario.
A exposição apresenta 21 dos 29 tripticos de Bosch que existem no mundo e, para além dos seis que pertencem às colecções espanholas, são apresentadas obras provenientes de Lisboa, Londres, Berlim, Viena, Veneza, Roterdão, Paris, Nova Iorque, Filadélfia e Washington, entre outras cidades, o que faz desta exposição um acontecimento único e, seguramente, um dos mais importantes eventos culturais europeus do corrente ano. Para esta exposição o Museu Nacional de Arte Antiga cedeu as Tentações de Santo Antão, um triptico assinado por Jheronymus Bosch que pertence às suas colecções e que pela primeira vez sai do país.
A importância cultural da exposição não dispensou a presença dos Reis de Espanha e da Princesa Beatriz dos Países Baixos na sua inauguração, nem uma desenvolvida reportagem com destaque na primeira página do jornal madrileno ABC. 

segunda-feira, 30 de maio de 2016

O homem que tem posto “as vacas a voar”

 
Todos sabemos que governar, ser ministro ou simplesmente ser prior desta freguesia, deve ser uma coisa complicada, pois os interesses em presença são muitas vezes contraditórios e nunca é possível a todos satisfazer. Foi sempre assim.
Depois de termos suportado mais de quatro anos de um governo que esteve às ordens da troika e que até quis ir mais longe do que ela, que obedeceu a ridículas imposições sem qualquer sentido e que se deixou humilhar pelos burocratas de Bruxelas, os portugueses escolheram pelo voto e pela via parlamentar uma outra solução governativa. O homem de Boliqueime não gostou, enquanto o rapaz da bandeirinha e o seu amigo que se fartou de viajar à nossa custa, bem protestaram. O arco da governação, que tanto jeito fazia àquele grupinho de jovens amigos de Paulo Portas, acabou. Com a escolha de Costa, essa gente engoliu um monumental sapo, levantou suspeitas e fez ameaças, mas o sabidão do Costa rodeou-se de gente muito experiente, tem aguentado o navio com optimismo e com eficiência e até tem conseguido “pôr vacas a voar”, isto é, tem resolvido alguns problemas que pareciam não ter solução, desde a quase participação dos partidos da esquerda parlamentar no governo, até às greves dos estivadores. O Presidente da República que é experiente e esperto, tem visto como Costa resolve e leva a carta a Garcia. Por isso, apoia e aplaude. Hoje o jornal i destaca cinco vacas que Costa já “pôs a voar”, mas realmente o país precisa que mais vacas voem.  

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Revisitando o nosso Portugal

Um amigo muito próximo partiu há muitos anos para o Brasil, levando uma âncora na bagagem e no espírito. Por lá constituiu família e criou filhos e netos, que são ao mesmo tempo portugueses e brasileiros, lutou pela vida e ocupou com sucesso diversos cargos de relevo social, entre os quais se incluiram funções consulares numa cidade do Paraná.
Porém, a sua permanência em terras brasileiras e o seu enraizamento cimentado ao longo de algumas dezenas de anos, não o fez esquecer os seus sentimentos de saudade da terra e dos amigos e, por isso, de vez em quando mete-se num avião e vem revisitar o nosso Portugal.
Voltou a fazer isso agora e teve a iniciativa de convocar uma dezena dos seus velhos amigos para um encontro almoçarista num hotel sobranceiro ao mar, numa praia do nosso litoral Oeste. Nenhum desses amigos esteve indisponível e todos foram abraçar o LBJ. Foi um encontro cheio de alegria e com algumas emoções à flor da pele, com muitos abraços e mil histórias, que até teve alguns discursos e algumas lágrimas. Que a saúde e a saudade não te faltem para que possas voltar sempre.

A tempestade perfeita ameaça a Europa

Há poucas horas atrás, deram a volta ao mundo as imagens do acidente ocorrido com uma embarcação no mar Mediterrâneo, em que foi possível salvar 562 pessoas. Hoje, vários jornais da imprensa italiana destacam uma outra fotografia de um outro naufrágio e um desses jornais é o diário L’Unità que escolheu para título da sua edição de hoje “il naufragio dell’Europa”.
Realmente, o que se está a passar na Europa é cada vez mais um cenário de naufrágio ou de “tempestade perfeita”, com imensos problemas económicos, sociais e demográficos, com uma economia sem competitividade, com muitos milhões de desempregados e com grande instabilidade social em alguns países, com graves atropelos à solidariedade comunitária e com ameaças à democracia e até à paz, enquanto meia dúzia burocratas incapazes se pavoneiam todos os dias em frente das câmaras de televisão. O problema dos refugiados não é encarado com frontalidade e no meio desta bagunça, o que parece interessar são as questões financeiras, os défices e os equilíbrios orçamentais. Perante este cenário de descrença e de incerteza torna-se evidente a incapacidade de Merkel, Hollande e Cameron, ao mesmo tempo que emergem figurinhas de segundo plano, sem visão estratégica e sem qualquer ideia do projecto europeu, alguns deles sem qualquer legitimidade democrática, como sucede com Jeroen Dijsselbloem, Pierre Moscovici, Wolfgang Schäuble ou Donald Tusk. O presidente Jean-Claude Juncker desapareceu e Federica Mogherini, a High Representative of the Union for Foreign Affairs and Security Policy, chora demasiadas vezes. No meio deles, o pequeno e irrelevante Moedas é bem o símbolo da pequenez e da forma como vive a Europa, num ambiente a lembrar-nos o filme the perfect storm.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Continua a tragédia no mar Mediterrâneo

Aproveitando as condições meteorológicas favoráveis que se têm verificado no mar Mediterrâneo, intensificou-se o movimento de embarcações com gente que procura sair da Líbia para a Itália e, naturalmente, a precaridade dessas embarcações e o excesso de gente embarcada geram situações de elevado risco e, por vezes, de grande dramatismo.
Foi o que aconteceu nos dois últimos dias quando 23 embarcações foram auxiliadas pela Marinha italiana e foram salvas 5.600 pessoas que procuravam alcançar as costas italianas. Uma dessas embarcações com algumas centenas de pessoas a bordo emitiu um sinal de socorro quando ainda estava muito próximo das costas da Líbia. Quando o navio-patrulha italiano Comandante Bettica (P492) se aproximou para recolher os passageiros da embarcação, estes acorerram a um dos bordos, a embarcação desequilibrou-se e virou-se, caindo ao mar muitas centenas de pessoas. Esse momento de grande dramatismo foi fotografado pelo navio italiano que divulgou essas impressionantes imagens do acidente e que muitos jornais de todo o mundo hoje publicaram, embora não se perceba a razão porque a imprensa portuguesa ignorou essa notícia e preferiu destacar coisas menores.  The Guardian foi apenas um desses jornais. 
Naquela emergência também se aproximou o helicóptero da fragata Bergamini (F590) que colaborou na operação da recolha de náufragos, tendo sido resgatadas 562 pessoas que tinham caido ao mar e recuperados cinco cadáveres. Este acidente veio lembrar uma vez mais o problema dos refugiados e veio mostrar aos burocratas europeus que, se continuam distraídos, incompetentes e irresponsáveis, pode acontecer à Europa o mesmo que sucedeu à embarcação que saiu da Líbia, isto é, virar-se e atirar-nos ao mar.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O Brasil continua a surpreender-nos

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O Brasil não pára de nos surpreender com escândalos políticos, como revela a generalidade da imprensa brasileira. Depois de ter sido afastada a Presidente Dilma Rousseff, apenas por suspeitas de ter manipulado as contas do Orçamento de 2014 e não por estar acusada de qualquer crime, era de esperar um governo de gente séria e sem mancha de pecado.
Porém, apenas onze dias depois da tomada de posse do governo de Michel Temer, assistimos à demissão de Romero Jucá, o importante ministro do Planeamento, depois da divulgação de gravações em que surge a conspirar para obstruir a maior investigação de corrupção da história do Brasil, o Lava Jato, que investiga crimes de desvio e lavagem de dinheiro através da petrolífera estatal Petrobras, por dezenas de empresários e políticos de todos os partidos com assento parlamentar. Tal como Michel Temer, também Romero Jucá faz parte do PMDB, tendo ambos sido dos principais activistas do processo de destituição de Dilma Rousseff, mas começa a ficar mais claro que o seu afastamento da Presidência do Brasil não resultou da eventual manipulação orçamental que é coisa bem comum por toda a parte – antecipar receitas, adiar despesas, alterar classificações de rubricas. Parece cada vez mais evidente que a destituição de Dilma Rousseff pretendia impedir o avanço da investigação de corrupção em que muitos políticos brasileiros estão implicados, a começar naturalmente por aqueles que tomaram o poder. Os brasileiros saberão resolver o seu problema, mas nestes casos costuma ir-se para a solução mais democrática de todas: dar a palavra ao povo e fazer eleições.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Obama no caminho da paz e do progresso

Depois de ter aberto o caminho para o restabelecimento das relações dos Estados Unidos com Cuba, o Presidente Barack Obama avançou agora para o Vietnam, como destaca hoje a imprensa internacional. Com esta viagem a Hanói, o Presidente dos Estados Unidos veio dar uma inesperada dimensão à política internacional e até o influente diário chinês South China Morning Post, não deixou de destacar a importância desta visita. Os principais tabus da política externa americana gerados há cinquenta anos, cada qual com os seus traumas persistentes e profundos, parecem estar em vias de ser resolvidos, o que vem abrir um novo capítulo de esperança na paz e no entendimento entre os povos. Com estas ousadas iniciativas de Barack Obama, os Estados Unidos colocam-se na primeira linha da defesa do apaziguamento e da cooperação internacionais, abrem-se à cooperação e à compreensão e mostram um caminho ao mundo.
Inversamente, a Europa está ameaçada de naufrágio, com os factores de desagregação a acentuarem-se, com uma navegação sem rumo e sem qualquer estratégia para reconverter a economia e a sociedade. O futuro europeu é cada vez mais de incerteza, como mostra a herança de Durão Barroso, hoje expressa nos erros e na arrogância de Jeroen Dijsselbloem ou de Pierre Moscovici, que são dois exemplos dos burocratas medíocres que tomaram conta disto tudo. O domínio burocrático, ditatorial e egoísta das entidades e dos dirigentes comunitárias tem-se revelado incapaz e, no meio de tantos problemas, alguns deles bem dramáticos, parece terem escolhido Portugal como alvo predilecto por causa de duas décimas excedentárias no défice público, mas também pelas 35 horas de trabalho semanal e por tantas outras coisas menores e ridículas. Enquanto Obama ensina o caminho da paz e do progresso, os burocratas europeus enterram a cabeça na areia e perseguem… os portugueses.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Qual a boa receita para se ser famoso?

Num país em que tudo parece girar em torno da saída ou não saída da União Europeia, do excesso ou não excesso de imigrantes e do que fazem ou não fazem os membros da Família Real, a maior referência do jornalismo inglês que é o The Times, publica na sua edição de hoje a fotografia do treinador de futebol José Mourinho com grande destaque. Provavelmente, nunca nenhum português tinha aparecido na primeira página de um jornal inglês e muito menos num jornal com um enorme prestígio daquele, muito semelhante à BBC, ao Big Ben ou à Família Real. O caso é tão surpreendente que até se pode ser levado a pensar que ali anda mãozinha comercial ou qualquer interesse sinuoso, porque nos tempos que correm tudo pode acontecer, até mesmo as vacas voarem.
Acontece que o Manchester United é uma das mais famosas equipas de futebol do mundo, mas este ano esteve bem abaixo das expectativas dos seus investidores e dos seus adeptos. Quando isso acontece no mundo do futebol, os treinadores tornam-se o rosto da decepção e pagam a factura da derrota. Por isso, o treinador holandês Louis van Gaal foi despedido esta manhã, embora o famoso jornal inglês já esta manhã tivesse mostrado a fotografia do seu provável sucessor.
Se assim acontecer, no próximo ano teremos José Mourinho em Old Trafford. É caso para se dizer que, a ser assim, ele é um verdadeiro artista e tem a receita para ser famoso.

domingo, 22 de maio de 2016

Uma estimulante vitória futebolística

Foi ontem em Baku, no Azerbaijão, que a selecção nacional de futebol de sub-17 conquistou o título de campeã da Europa, após ter batido a selecção espanhola por 5-4 nas grandes penalidades que se seguiram a uma igualdade no final dos 80 minutos de jogo. Apenas um jornal destacou este feito desportivo da equipa portuguesa com o título “este Euro já cá mora”. Merecia mais.
O campeonato envolveu 53 equipas nacionais e, no seu percurso, a selecção portuguesa só obtivera vitórias e não tinha sofrido um único golo, o que veio a acontecer exactamente na final com a Espanha.
Treze anos depois de ter conquistado o mesmo título em Viseu, igualmente diante da Espanha, a equipa portuguesa averbou mais um título de selecções, que foi o segundo neste escalão. Antes da reclassificação deste campeonato feito em 2002 pela UEFA que passou os escalões etários de sub-16 para sub-17, a equipa portuguesa tinha-se sagrado campeã da Europa em 1989, 1995, 1996 e 2000, o que significa que, em termos de futebol jovem, Portugal é um verdadeiro campeão europeu com 6 títulos, só superado pela Espanha que já ganhou 8 títulos.
Como não é habitual ganharmos, este tipo de resultados dá-nos uma grande satisfação e era bem bom que nos servisse de estímulo para que ganhássemos outros campeonatos, por exemplo do progresso social, da economia ou da cultura. Porém, com excepção do jornal O Jogo, a imprensa generalista e a própria imprensa desportivo-futebolística, não deram nenhum destaque a este acontecimento, pois como alguns dizem e bem, andam demasiado envolvidos nesse jornalismo de sargeta que trata apenas e mal, da futebolice e da politiquice.

sábado, 21 de maio de 2016

Nehru-Gandhi: evocando uma dinastia

Na sua edição de hoje o diário indiano The Asian Age publica uma mensagem do partido do Congresso Nacional Indiano, que é actualmente o maior partido da oposição, em homenagem a Rajiv Gandhi por ocasião do 25º aniversário do seu assassinato.
Rajiv Gandhi foi o primeiro-ministro da Índia entre 1984 e 1989, mas foi assassinado pela sua guarda pessoal durante a campanha eleitoral de 1991. Era neto de Jawaharlal Nehru, que foi o negociador da independência indiana e o seu primeiro primeiro-ministro entre 1947 e 1964 (17 anos), sendo filho de Indira Gandhi que foi primeira-ministra da Índia entre 1966 e 1977 e entre 1980 e 1984 (15 anos). Significa que Rajiv Gandhi foi o herdeiro de uma família que governou a Índia durante mais de trinta anos. 
Com a sua morte o Congresso Nacional Indiano passou a ser presidido por Sonia Gandhi, a viúva de Rajiv, mas a sua origem italiana nunca a recomendou para a chefia do governo. Em 2014, o seu filho Rahul Gandhi, então com 44 anos de idade, foi o candidato do Partido do Congresso Nacional Indiano para o cargo de Primeiro-ministro mas, apesar do seu carisma familiar e da sua formação académica em Harvard, foi copiosamente derrotado por Narendra Modi e pelo BJP, o Bharatiya Janata Party.
Curiosamente, o apelido Gandhi que a “dinastia” assumiu não têm qualquer relação com o Mahatma Gandhi, pois resulta do apelido de Feroze Gandhi que foi casado com Indira e que, portanto, foi o pai de Rajiv e o avô de Rahul. Com a derrota de Rahul há quem pense que a lenda dos Nehru-Gandhi terminou, embora a homenagem hoje prestada a Rajiv no The Asian Age possa significar que essa lenda não é para esquecer.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Macau: a religião como marca identitária

A edição de ontem do jornal Tribuna de Macau, destaca as cerimónias de Fátima com um fotografia na sua primeira página. O facto merece registo, pois a vertente religiosa é uma das expressões da lusitanidade que se podem encontrar em algumas regiões asiáticas, designadamente na Índia e na Indonésia, mas também em Macau e Timor, onde ainda se reza em português.
No caso da fotografia publicada pelo jornal macaense pode ver-se a procissão e três crianças macaenses que interpretam as figuras dos pastorinhos de Fátima.
Esta manifestação de fé e esta procissão resultam da actividade da Diocese de Macau, que foi criada pelo Papa Gregório XIII em 1576 e que, inicialmente, esteve vinculada ao Padroado Português do Oriente e foi sufragânea da Arquidiocese de Goa, com jurisdição eclesiástica sobre a China, o Japão e ilhas adjacentes, mas que actualmente está na dependência imediata da Santa Sé e abrange apenas o território da Região Administrativa Especial de Macau.
O último bispo de origem portuguesa foi D. Arquimínio Rodrigues da Costa, cujo bispado ocorreu entre 1976 e 1988, mas desde 2016 que o titular da diocese é o bispo chinês D. Stephen Lee Bun-sang.
A Diocese tem cerca de 30 mil católicos de muitas origens culturais, muitos dos quais são devotos e celebraram as aparições de Fátima.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Perth entusiasmou-se com o Antonov-225

 
O maior avião do mundo é o Antonov An-225, um avião que foi concebido para servir o Programa Espacial Soviético e que construido em 1988 pela empresa ucraniana Antonov Design Bureau. É o único avião do seu tipo que está em operação e que tem disponibilidade comercial para transportar cargas de grandes proporções, nominalmente até 250 toneladas, devido ao tamanho único do seu compartimento de carga e à possibilidade de poder transportar cargas na parte externa e superior da fuselagem. Dispõe de seis reactores e voa a 850 quilómetros por hora.
Há dias o Antonov An-225, que é explorado comercialmente por uma empresa ucraniana, voou até à Austrália e esteve em Perth. A consulta do jornal The West Australian mostra o clima de euforia que tomou conta da cidade, com milhares de pessoas a passarem pelo aeroporto para ver aquele gigante dos ares, ao mesmo tempo que o jornal publicava uma fotografia do avião na sua primeira página.
As notícias não informam sobre a carga que o avião desembarcou ou embarcou em Perth, mas a presença do avião foi um grande acontecimento. Ontem, quando o Antonov An-225 descolou em direcção à Europa via Dubai, alguns milhares de pessoas foram assistir à partida daquele gigante. Não era caso para menos.

Nasceu o maior navio do mundo

No passado domingo, o maior navio de cruzeiro alguma vez construído no mundo, largou do porto francês de Saint-Nazaire e navegou para o porto inglês de Southampton, acompanhado por dezenas de pequenas embarcações e por muitos helicópteros, perante uma multidão calculada em 70 mil pessoas. Todos os grandes jornais franceses, como por exemplo Le Figaro, deram notícia deste importante acontecimento para a economia francesa, pois o Harmony of the Seas é um orgulho para a construção naval francesa.
O gigantesco navio custou mil milhões de euros, tem 362 metros de comprimento, 66 metros de largura e 72 metros de altura desde a linha de água, tendo capacidade para alojar 6.360 passageiros e 2.100 tripulantes. Nunca o conceito de cidade-flutuante tinha ido tão longe. Trata-se de uma obra-prima da arquitectura naval, tendo sido construido nos estaleiros STX France para a companhia americana Royal Caribbean International (RCI), uma filial do grupo RCCL que opera 24 navios de cruzeiro em todo o mundo.
Entretanto, o espaço vazio que o navio deixou nos estaleiros de Saint-Nazaire será ocupado a partir de agora por quatro novos navios de cruzeiros encomendados em Abril pela MSC por 4 mil milhões de euros, com entrega prevista a partir de 2022. É realmente uma alegria para a economia francesa.
O navio desloca 226 mil toneladas, tem 30 pés de calado (9,15 metros) e tem uma velocidade de cruzeiro de 23 nós. Até Outubro terá Barcelona por base, mas desconhece-se se escalará o porto de Lisboa.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

O Benfica ganhou e o povo festejou

Terminou ontem a Primeira Liga de 2015-2016 e o Benfica foi o vencedor, apenas porque no final somou mais pontos do que os seus adversários. É sempre assim. O Benfica não foi melhor nem pior do que as outras equipas, mas somou mais pontos e isso é que conta. Dos que fizeram menos pontos, dos que desceram de divisão, dos que tiveram golos anulados ou penaltis mal assinalados, não reza a história. O Benfica ganhou e, de acordo com as estatísticas, foi campeão pela 35ª vez, enquanto os seus rivais FC Porto e o Sporting, que já ganharam a prova em 27 e em 18 ocasiões, respectivamente, têm que esperar mais um ano. Significa que essas equipas também são boas, mas que este ano o Benfica foi melhor.
As televisões passaram longas horas a contar tudo o que se passou, com intermináveis e cansativas reportagens e entrevistas. Os telejornais esqueceram o mundo e o país para se concentrarem no futebol e no Benfica, nos seus jogadores, dirigentes, treinadores, adeptos e simpatizantes. As imagens mostraram um clima de euforia que não é nada habitual e que revela como as televisões conseguem manipular multidões, pois fica-se com a sensação de que ninguém faltou à festa. Hoje, todos os jornais tratam do mesmo assunto com grande destaque, mostram a alegria popular na Praça Marquês de Pombal e falam na maré vermelha de festejos que se estendeu pelo país e pelos países onde há portugueses.
Não há dúvidas que o Benfica é mesmo um fenómeno de popularidade nacional e que dá muitas alegrias aos portugueses. Não há mal nenhum nisso. Aqueles que, como eu,  não pertencem à "nação benfiquista, não ficam indiferentes a tão grandes manifestações de alegria popular.

domingo, 15 de maio de 2016

Os responsáveis pela invasão do Iraque

A edição dominical do diário escocês Herald escolheu a sua edição de hoje – o Sunday Herald – para divulgar uma reportagem sobre o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair e sobre a sua decisão de apoiar e participar na invasão do Iraque.
Nessa reportagem destacam-se as declarações de Alex Salmond, o antigo primeiro-ministro do governo autónomo da Escócia que foi o principal patrocinador do referendo sobre a independència da Escócia, que se realizou em Setembro de 2014. Salmond afirma ter um plano para levar Tony Blair a julgamento no Tribunal Penal Internacional na Haia, o tribunal permanente criado em 2002 pelas Nações Unidas para julgar os mais graves crimes de guerra ou crimes contra a Humanidade cometidos por indivíduos.
Alex Salmond mostra ter boa memória e promete não esquecer, nem deixar esquecer, o gravíssimo erro cometido por George W. Bush e pelos seus aliados Blair, Aznar e Barroso que, obcecados pelas “armas de destruição maciça iraquianas” que afinal não existiam, decidiram invadir o Iraque e perseguir Saddam Hussein até à morte. A intervenção no Iraque não teve o apoio da França, nem da Alemanha, nem da Rússia, porque todos sabiam que a mentira tomara conta da situação. George W. Bush e Tony Blair também sabiam que era uma mentira e a cimeira das Lajes de 16 de Março de 2003 não passou de uma encenação a que o primeiro-ministro português José Barroso se sujeitou, ficando colado a essa mentira e às suas graves consequências para o mundo. Por tudo isto, será muito positivo que Alex Salmond leve a água ao seu moinho... e que Barroso, ao menos se cale.

sábado, 14 de maio de 2016

As aparições de Fátima são notícia em Goa

A edição de hoje do diário goês Herald destaca na sua primeira página o 99º aniversário das aparições de Fátima, com uma fotografia da grande procissão do dia 13 de Maio, o que é uma notícia bem curiosa. De facto, nos últimos dias, nenhum dos principais jornais portugueses noticiou as aparições ou as peregrinações a Fátima nas suas primeiras páginas, o que torna a notícia do Herald ainda mais interessante. 
A notícia mostra que as aparições de Fátima continuam a interessar os católicos de Goa e os leitores daquele jornal, embora o catolicismo já não seja a religião dominante em Goa, o que significa que a evocação religiosa e cultural de Fátima nos conduz a um passado portuguès que, embora cada vez mais ténue, ainda persiste. Porém, deve ser salientado que o jornal O Heraldo, que foi fundado em 1900 e que era publicado em português, em meados dos anos oitenta passou a ser publicado em inglês e adaptou o seu título mas, como se verifica nesta edição, continua a ser o jornal dos católicos de Goa e a interessar-se por alguns assuntos portugueses, o que não acontece com mais nenhum jornal goês. O Herald é, por isso, não só "the voice of Goa since 1900", mas também uma memória dos tempos da Goa portuguesa.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O Brasil vencerá!

Consumou-se ontem de afastamento e abertura do processo de destituição de Dilma Rousseff e da tomada de posse de Michel Temer como Presidente da República Federativa do Brasil, como o diário Globo hoje noticia com grande destaque. Numa sessão que durou mais de vinte horas, houve 55 senadores que votaram pela destituição da Presidente, enquanto apenas 22 votaram contra essa destituição.
O assunto arrastava-se há várias semanas e vinha surpreendendo o mundo, impressionado pelo radicalismo com que estavam a ser tratados os erros ou os abusos de poder da Presidente da República, uma vez que ao contrário do que sucede com muitos deputados e senadores, não existem quaisquer acusações de corrupção contra Dilma Rousseff. Com esta decisão dos senadores, o Brasil ficou politicamente dividido e, no meio da sua grave crise económica, há agora sérios riscos da crise se transformar num problema social de grandes dimensões. Enquanto uns falam em golpe de Estado, outros falam num novo governo de salvação nacional, o que mostra como o Brasil está dividido. O facto é que foi destituida a primeira mulher que exerceu a presidência do Brasil, para que tinha sido eleita democraticamente, tendo sido substituida pelo seu vice-presidente que deu posse a novo um governo sem quaisquer mulheres, o que é um sinal de grande retrocesso social.
Vista deste lado do Atlântico, a preocupante situação política, económica e social brasileira não é fácil de compreender porque, de facto, “só quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro”. Nós aqui só podemos imaginar. Assim, temos que confiar que os nossos irmãos brasileiros saberão encontrar as melhores soluções para inverter a difícil situação em que estão envolvidos e que nós aqui apenas acompanhamos por aquilo que as televisões nos querem mostrar.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

O Dia da Europa, em tempo de incertezas

Hoje é o Dia da Europa, em que se assinala o aniversário da histórica Declaração Schuman, proferida no dia 9 de Maio de 1950 em Paris, em que propunha uma nova forma de cooperação política que tornasse impensável a repetição do drama da guerra por que a Europa acabara de passar. A ideia de Robert Schuman assentava na criação de uma instituição europeia encarregada de gerir a produção do carvão e do aço e, menos de um ano depois, era criada a CECA (Comunidade Económica do Carvão e do Aço). A ideia de Schuman avançou ainda mais e, no dia 25 de Março de 1957, foi assinado o Tratado de Roma que constituiu a CEE (Comunidade Económica Europeia), subscrito pela Bélgica, França, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e República Federal da Alemanha. A partir de 1 de Janeiro de 1986 foi a vez de Portugal ter sido admitido como o 11º Estado-membro, em simultâneo com a Espanha. Hoje são 28 Estados, agregados em torno de uma gigantesca máquina burocrática que cada vez mais se afasta dos princípios enunciados pelos seus fundadores e do espaço de liberdade, segurança e justiça com que eles sonharam. Muitos dos seus princípios fundadores, como a promoção da paz e do bem-estar dos povos da Europa, a coesão económica e social, a solidariedade comunitária e a própria soberania nacional dos Estados-membros, entre outros, estão ameaçados pelos interesses burocráticos instalados em Bruxelas.
A União Europeia está hoje perante a maior crise política da sua história de mais de meio século, sem conseguir resolver o drama dos refugiados, com a ameaça do Brexit e com o populismo em ascensão. Depois de tantos anos, continua sem rumo e a falar a várias vozes, tendo muitas responsabilidades nas dramáticas situações de guerra e de tragédia humanitária que se vivem junto de muitas das suas fronteiras. Depois, pela boca de um qualquer Jeroen Dijsselbloem ou de um Pierre Moscovici, exibe a sua arrogância não solidária nas pequenas coisas que humilham os seus próprios parceiros que passam por mais dificuldades. O jornal catalão Ara pergunta e bem, como salvar uma Europa dominada por egoismos e pela debilidade das suas lideranças. De facto, o futuro da Europa é cada vez mais uma incógnita.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

A união dos portugueses do Luxemburgo

Na sua edição de hoje o diário luxemburguês Le Quotidien homenageia a comunidade portuguesa com um título e uma fotografia de primeira página, a propósito da 49ª peregrinação ao santuário de Nossa Senhora de Fatima em Wiltz.
Tous unis autour de Fatima é o título escolhido pelo jornal para noticiar que milhares de portugueses se dirigiram ontem para Wiltz. Aproveitando um dia de sol radioso, os peregrinos montaram as suas tendas à beira das estradas e fizeram os seus piqueniques em que, segundo salienta o jornal, o bacalhau assado foi rei. A cerimónia religiosa realizada no santuário de Wiltz foi presidida por D. António Francisco dos Santos, o Bispo do Porto, tendo-se seguido uma procissão até à capela de Noertrange. Como refere o jornal, foi um dia de festa e de união entre a comunidade portuguesa do Luxemburgo, que não dispensou a sua bandeira nacional como mostram as fotografias publicadas pelo mesmo diário.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

JRS, um grande manipulador televisivo

Nos últimos dias estalou uma curiosa polémica no espaço público onde se interceptam os interesses da Política e do Jornalismo que, pela sua enorme sensibilidade, muitas vezes dão origem a mal-entendidos.
Os políticos e os jornalistas não perseguem exactamente os mesmos objectivos e a mesma verdade. Embora ambos procurem influenciar a opinião pública, uns visam os favores do eleitorado, enquanto outros visam influenciar os seus leitores. Como os leitores também são eleitores, significa que políticos e jornalistas “pescam nas mesmas águas”.
Todos sabemos que, em geral, os políticos não são perfeitos, mas também sabemos que os jornalistas são geralmente muito imperfeitos e se comportam muitas vezes como agentes político-partidários. A mensagem por eles transmitida não tem apenas um determinado conteúdo, mas também tem um emissor e um meio de transmissão, sobretudo com a televisão. Assim, as mensagens transmitidas tornam-se muito perigosas para a sociedade, porque “o que eles dizem” tem um efeito semelhante a “balas mágicas” que influenciam ou manipulam os “indefesos” leitores, ouvintes e telespectadores.
José Rodrigues dos Santos (JRS) sabe isso muito bem e certamente conhece o livro “You are the message” de Roger Ailes. A sua recente apresentação na RTP sobre a dívida pública portuguesa é um caso de desonesta manipulação. Embora o texto que leu pelo teleponto estivesse formalmente correcto e mostrasse que a dívida pública portuguesa sobe regularmente desde 2000, o jornalista resolveu encená-lo ao pior estilo dos talk shows, transformando numa palhaçada aquilo que podia ser um esclarecimento ou uma notícia. Só lhe faltou a bandeirinha na lapela para fazer uma leitura ainda mais distorcida dos gráficos que apresentou. JRS podia ter dito, mas não disse, que a dívida resulta em larga escala da moeda única e de outras causas muito complexas, incluindo o despesismo da sua RTP, preferindo insinuar que tudo resultava da acção dos seus adversários políticos. JRS tem obra escrita sobre Comunicação e sabe que manipulou e que não foi honesto, o que com ele acontece muitas vezes. É muito grave, para quem tanta ganha e tão pouco faz na RTP, este seu papel de banal mensageiro de interesses partidários.

Marcelo em busca da paz em Moçambique

Desde que tomou posse como Presidente da República, no dia 9 de Março, que Marcelo Rebelo de Sousa tem mantido a corda esticada e actuado com o ritmo frenético que lhe conhecemos desde há muitos anos. Em menos de dois meses, o Presidente Marcelo mostrou como o indivíduo que antes dele ocupou o Palácio de Belém foi um enorme erro de casting, ao mesmo tempo que acumula pontos na escala da popularidade. Aqueles que há bem pouco tempo foram afastados do poder e que a princípio esperavam que dele viesse um apoio divisionista enganaram-se, porque Marcelo não tem alinhado no discurso do bota-abaixo e tem procurado que o ambiente político melhore. Os portugueses, mesmo os que nele não votaram, estão-lhe agradecidos pela inteligência e bom senso com que tem conduzido a relação com o governo e a forma descomplexada como tem reagido à tacanhez e à mediocridade do rapazola de Massamá e da sua cada vez mais reduzida corte de acólitos. É verdade que os ventos fortes e as tempestades virão mais tarde, mas o facto é que neste seu curto tempo de mandato, Marcelo introduziu alegria e optimismo na vida política e social portuguesa, ao contrário do que aconteceu com o Silva de Boliqueime.
Marcelo está de visita a Moçambique, aparentemente sem as grandes comitivas do passado. O jornal moçambicano O País destaca hoje essa visita na sua primeira página e, perante as grandes dificuldades económicas e financeiras por que passa o país e as ameaças de guerra, é bem possível que Marcelo Rebelo de Sousa esteja a trabalhar para a paz em Moçambique. Sim, Marcelo não foi revisitar praias e o que eu lhe posso desejar é que tenha sucesso nesta sua discreta e importantíssima viagem.

domingo, 1 de maio de 2016

R.I.P. Paulo Varela Gomes

Depois de cerca de quatro anos de uma corajosa luta contra a doença, o Paulo Varela Gomes partiu ontem de manhã da sua casa de Podentes, próximo de Penela, deixando um enorme vazio na cultura portuguesa e, de maneira muito especial, no domínio da relação cultural e da amizade entre Goa e Portugal, matéria em que era um dos maiores e mais respeitados especialistas portugueses, sobretudo depois de, entre 1996 e 1998 e entre 2007 e 2009, ter vivido em Goa como representante da Fundação Oriente na Índia.
A Universidade de Coimbra e a comunidade académica também perderam um dos seus maiores expoentes como historiador de arte e, sobretudo, como historiador de arquitectura, conforme atesta a originalidade da sua extensa obra académica, dispersa por monografias, intervenções mediáticas, conferências e intervenções de carácter científico, quer no país quer no estrangeiro. A sua versatilidade intelectual e a sua polivalência no domínio de temas complexos revelou-se igualmente na ficção, na crítica literária e nas obras que publicou nos últimos anos, que a crítica reconheceu e o público apreciou.
Os seus amigos também perderam um companheiro de superior inteligência e de grande erudição, amante da liberdade e da democracia, de discurso assertivo e frontal, cuja intervenção no espaço público se pautou sempre por uma atitude de grande coragem intelectual, vastos conhecimentos e uma enorme coerência cívica. Era um comunicador excepcional e ninguém esquecerá a sua notável participação na série televisiva “O mundo de cá”, o que levou a que a RTP lhe prestasse ontem à noite uma uma justa homenagem, ao transmitir um dos episódios dessa série gravada na Índia e no Sri Lanka em 1995.
Tive o privilégio de o ter conhecido e de com ele ter convivido durante cerca de duas dezenas de anos, dele recebendo sempre muitos ensinamentos, muita camaradagem e muita amizade. A nossa viagem a Diu em Setembro de 1998 e a demorada visita que fizemos à ilha conduzindo rudimentares motocicletas, continuam gravadas na minha memória.
O Paulo foi um grande Homem e teve a dedicada companhia da Patrícia, uma verdadeira mulher-coragem que aqui também justamente evoco.
O Paulo, a sua inteligência e a sua bondade vão fazer-nos muita falta.