sexta-feira, 24 de junho de 2016

Foi um cartão vermelho para esta Europa!

Nas últimas eleições legislativas britânicas e com o objectivo de ganhar votos, o primeiro-ministro David Cameron prometeu um referendo destinado a decidir pela permanência ou pela saída britânica da União Europeia. Assim surgiram o Bremain e o Brexit, a suscitar paixões e a conjugar interesses. Ontem, quando os britânicos foram às urnas, as sondagens mostravam um grande equilíbrio entre as duas posições, mas esta manhã os resultados apurados mostraram que os apoiantes do Brexit tinham ganho com 51.9%, isto é, a Grã Bretanha decidira sair da União Europeia. A bomba rebentou nas mãos de Cameron. Foi um balde de água fría para muita gente. Com esta decisão democrática, adivinham-se tempos de instabilidade, de incerteza e de insegurança, não só nas Ilhas Britânicas, mas também na Europa. A Escócia e a Irlanda do Norte votaram pela permanência e vão certamente reagir, mas Londres também votou a favor da permanência com 75% dos seus votos, tal como Oxford com 70% e Glasgow com 66%. A fragmentação, quer do Reino Unido, quer da União Europeia, é uma possibilidade real, sobretudo se não houver renovação europeia das lideranças e das políiticas cegas que têm sido prosseguidas.
Para muitos comentadores o voto britânico foi um voto emocional e de protesto pela arrogância de Bruxelas, que esqueceu os seus deveres de solidariedade e de construção de um ideal europeu. Foi um voto contra os emigrantes, contra os refugiados e, também, foi um voto a rejeitar o rumo que a Europa tem escolhido. As consequências desta situação são imprevisíveis e mostram aquilo que tem sido repetidamente afirmado a respeito da má condução da União Europeia, dominada por interesses e por burocratas. O facto é que os britânicos mostraram um cartão vermelho para esta Europa que vive sem rei nem roque e cuja figura de proa é, actualmente, essa sinistra figura que dá pelo nome de Jeroen Dijsselbloem. É muito cedo para previsões, mas o ambiente não está nada animador. Esta manhã os jornais impressos ainda não tinham dado a notícia do referendo, com excepção da edição especial do The Wall Street Journal.

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