quinta-feira, 23 de junho de 2016

Há portugueses que não são como nós

A política em Portugal tem sido transformada numa enorme embarcação salva-vidas, onde a generalidade dos seus passageiros entra com pouca coisa ou de mãos vazias, mas que quando desembarca vem com as mãos bem cheias. Uns encostam-se a bombordo, outros alinham-se por estibordo, mas toda essa gente sem escrúpulos não tem outro objectivo que não seja tirar partido das circunstâncias e enriquecer, tendo passado pela política de forma desonesta e sem sentido do bem comum. Essa gente deslumbra-se com a sua própria ignorância, desfaçatez e perversidade e, muitas vezes, faz gala na exibição de um novo-riquismo que tende a esconder as suas origens sociais bem modestas, mas certamente mais dignas. O seu objectivo é apenas o de enriquecer e todas as artimanhas valem para cumprir esse plano. Os exemplos são infelizmente tantos, quase sempre escondidos por uma comunicação social incompetente e que parece estar ao serviço desse tipo de gente e dos seus interesses.
Na sua última edição o Expresso revelou na sua 1ª página mais um caso muito interessante, a respeito do antigo ministro Manuel Pinho, que foi alto funcionário do BES e que, recentemente, vira ser-lhe negado pelos tribunais um acordo de pensão de reforma de 7,5 milhões de euros e a atribuição de uma pensão vitalícia de 21.500 euros mensais, a que se considerava com direito. Agora, em novo processo, Manuel Pinho exigia o pagamento de 273 mil euros e juros, correspondentes a uma remuneração mensal de 39 mil euros que deveria receber até Dezembro de 2017, enquanto administrador do BES Africa, agora chamado Novo Banco África. O tribunal voltou a recusar esta exigência e revelou que Manuel Pinho apenas estivera em 11 das 18 reuniões realizadas pelo BES Africa desde 2010 pelo que, de facto, já tinha recebido 217 mil euros por cada reunião.
É obra: 217 mil euros por reunião!
Apetece-me parafrasear José de Almada Negreiros, poeta d’Orpheu Futurista e Tudo,  no seu Manifesto anti-Dantas:
               O Dantas-Pinho é o escarneo da consciência!
              Se o Dantas-Pinho é portuguez eu quero ser hespanhol!

1 comentário:

  1. E o folhetim continua...
    E assim deve continuar dado o número parece que infindável de artistas.

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