terça-feira, 26 de julho de 2016

O incerto rumo em que navega a Turquia

A capa da revista alemã Der Spiegel é elucidativa da situação de repressão que se está a viver na Turquia e, na sua última edição, assume que a democracia foi suspensa e titula que “era uma vez uma democracia”. A numerosa comunidade turca que vive na Alemanha justifica o interesse da imprensa alemã pelo que se passa na Turquia, onde o Presidente Erdogan insiste na necessidade da reintrodução da pena capital com o argumento de que se trata da vontade do povo. Depois de militares, juízes, polícias e professores, a perseguição política tem sido dirigida contra os jornalistas, ao mesmo tempo que se verificam despedimentos em massa em muitas empresas. Independentemente da natureza do golpe de estado, que aconteceu de facto ou que foi forjado pelas hostes de Erdogan, a imprensa mundial vem denunciando a repressão e o aniquilamento da oposição, o que significa o fim do regime democrático. A União Europeia já fez saber que uma eventual entrada da Turquia na União Europeia está congelada.
Entretanto nada é comentado sobre algumas importantes questões, como é o problema religioso, porque o secularismo turco pode estar a ser ameaçado pelas forças islâmicas de Erdogan. Da mesma forma, pouco tem sido comentado sobre a orientação estratégica da Turquia em relação aos curdos, ao Estado Islâmico e à Síria, nem em relação à NATO e à Rússia. Nem as autoridades turcas, nem a imprensa internacional têm abordado essas questões, o que é muito preocupante. A realidade é apenas que a Turquia de Erdogan está cada vez mais a afastar-se da democracia e a seguir um rumo que ninguém sabe em que direcção vai.

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