sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Política, negócios e gente sem vergonha

A presença de Paulo Portas no congresso do MPLA em Luanda como convidado especial de José Eduardo Santos é um caso de enorme gravidade na política portuguesa, pois revela a personalidade de um indivíduo que não olha a meios para atingir os seus fins. Embora tenha sido convidado a título pessoal, ninguém esquece que, até há pouco tempo, ele foi o presidente do CDS, um partido ideologicamente muito distante do MPLA, mas também foi vice-primeiro-ministro do governo português. Aliás, ele fala e comporta-se como se ainda ocupasse aqueles cargos, com uma arrogância que mete dó.
Esperava-se que a imprensa portuguesa reagisse e denunciasse esta grave situação em que um ex-político de topo usa o seu capital de experiência acumulado e a informação secreta e estratégica a que teve acesso para servir negociatas e interesses pessoais, mas lamentavelmente os jornais e os jornalistas ficaram calados, quem sabe se por deverem favores a Paulo Portas. A excepção foi o jornal i, que ontem informou sobre o caso e hoje entrevistou Manuel Monteiro, o antigo presidente do CDS.
Nessa entrevista Manuel Monteiro relacionou a aproximação do CDS ao MPLA como um “testemunho de um partido que se rendeu e vendeu aos interesses pessoais e de negócios de Paulo Portas” e acusou-o de ter “preparado o caminho” para se dedicar aos negócios com ligações a Angola. Segundo Manuel Monteiro, “Paulo Portas colocou o CDS ao serviço daquilo que lhe interessa, que é enriquecer”.
As figuras de Paulo Portas e do deputado Amaral, que a televisão mostrou e se prestaram a um triste papel de vulgares bajuladores no congresso do MPLA, envergonham a democracia portuguesa.

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