sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A apreensão pela mudança no Brasil

A destituição de Dilma Roussef, a presidente eleita do Brasil, que no passado dia 31 de Agosto foi decretada por votação do Senado pode ter aberto uma caixa de pandora de imprevisíveis consequências para o país, até porque ocorre num período de grande recessão económica. O Brasil ficou mais dividido e, mais do que isso, ficou sob ameaça de ingovernabilidade e de confrontações nas ruas. Porque tudo o que se passa no Brasil nos interessa, voltamos ao assunto.
O Brasil é um país muito extenso, muito plural e de uma grande diversidade cultural, mas onde coexistem dois mundos distintos e com enormes diferenças observáveis nos graus de desenvolvimento dos diferentes estados, assim como nos desiguais rendimentos da população e na sua qualidade de vida, o que se torna evidente na brutal diferença entre a vida do “asfalto” das cidades e a pobreza e a violência das favelas.
De um lado têm estado o governo, o PT e Dilma Roussef e, do outro lado, uma parte importante do sistema judicial e a generalidade dos mass media. De um lado estão as classes de rendimentos mais altos das grandes cidades do sudeste e do sul do país e, do outro lado, estão os pobres e os remediados do nordeste e do norte. Esta simplificada apreciação parece poder confirmar-se através da divisão da própria imprensa brasileira que alinhou com as partes em confronto. Enquanto o Diário de S. Paulo destacou em primeira página o título “Viva a Democracia” e em sub-título “Congresso Nacional enterra governo Dilma, PT e Lula”, o jornal Correio do Brasil do Rio de Janeiro escolheu como título “Chega ao fim a democracia brasileira”. Deste lado do atlântico, ficamos sem saber se funcionou a Democracia ou se, pelo contrário, a Democracia foi asfixiada. Sabemos, contudo, que o voto de 61 senadores destituiu uma presidente eleita por mais de 54 milhões de brasileiros e que a esperança de milhões de cidadãos para saírem do seu ciclo de probreza sucumbiu perante esta acção democrática ou golpe parlamentar das oligarquias brasileiras.
O mundo ainda não compreendeu o que se passou em Brasília.

1 comentário:

  1. Vamos ver o que se segue entre ao que parece serenidade na cabeça da vencida (por agora)e na confusão na cabeça dos vencedores (por quanto tempo?).

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