segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A Índia e o Paquistão em rota de colisão?

A descolonização e a partilha da Índia Inglesa aconteceu em 1947 e dela resultou a criação da Índia e do Paquistão como Estados independentes, numa separação em que o factor religioso foi dominante. Porém, a partilha dessa região do Império Britânico não ficou bem resolvida e, desde então, os muçulmanos de Islamabad e os hindus de Nova Delhi já se envolveram em quatro guerras em 1947, 1965, 1971 e 1999, embora esses conflitos tenham sido sempre muito localizados.
A rivalidade indo-paquistanesa não é só religiosa mas também é política, pois resulta das suas discordâncias em relação ao território de Jammu e Caxemira, que é considerado o lugar mais perigoso ou a fronteira mais perigosa do mundo, daí resultando a presença da UN Military Observer Group in India and Pakistan (UNMOGIP), que desde 1949 observa o que se passa e procura dissuadir aqueles países de se envolverem em acções militares. Ambos os países reivindicam essa região, a China não se mostra desinteressada e há os movimentos locais independentistas.
Os atritos e as incursões são frequentes e geram tensões que, muitas vezes, tendem para a escalada. Assim tem acontecido nos últimos dias, como tem sido noticiado por alguma imprensa internacional, o que já levou as Nações Unidas a recomendar moderação aos dois países que, como se sabe, dispõem de armamento nuclear.
Embora a imprensa indiana ainda não tenha tratado deste tema porque ainda estará nos limites do tolerável, a última edição em hindi da revista Outlook (आउटलुक), que se publica em Nova Delhi, chama a atenção para a situação que se está a viver e mostra uma fotografia da extravagante cerimónia militar do encerramento da fronteira em Wagah, no Punjab, à qual assistem muitas centenas de pessoas entusiasmadas e delirantes, como se fosse um grande espectáculo musical ou desportivo. A publicação desta fotografia na mais influente revista indiana não pode deixar de ser “um apelo ao nacionalismo indiano face à ameaça de agressão paquistanesa”. Certamente que em Islamabad também haverá revistas com semelhantes "apelos ao nacionalismo paquistanês face à ameaça de agressão indiana". Tem sido sempre assim desde 1947, isto é, desde que o hindu Jawaharlal Nerhu e o islamita Muhammad Ali Jinnah se desentenderam.

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