sábado, 29 de outubro de 2016

Na linha da frente contra o Daesh

A revista mensal francesa L’Histoire dedica o seu último número aos curdos – mil anos sem Estado - e centra a sua análise num povo que tem uma identidade, uma língua, uma literatura e uma história, que ocupa um território muito extenso mas pouco definido, mas que não tem o seu próprio Estado. O Curdistão é a maior nação do mundo sem Estado e os cerca de 30 milhões de curdos distribuem-se pela Síria, Iraque, Irão e Turquia. Depois da 1ª Guerra Mundial e da derrota do Império Otomano os territórios do Médio Oriente dominados pelo sultão turco foram divididos, surgindo novos países como a Síria, o Líbano e a Palestina, mas os vencedores da guerra terão hesitado na criação de mais um país soberano e não criaram um Estado curdo.
Porém, a ambição de serem independentes nunca abandonou os curdos e ao longo de muitos anos têm desenvolvido grandes lutas para atingir esse objectivo, apesar da repressão de que têm sido vítimas, sobretudo pelo regime iraquiano de Sadam Hussein e, mais recentemente, pelo regime turco de Recep Tayyip Erdoğan. Nos tempos conturbados que afectam a região,  os curdos têm sido os principais adversários do Daesh no terreno, através da acção do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e das Unidades de Defesa do Povo (YPG) constituídas pelos peshmerga – os combatentes curdos que enfrentam a morte. Os peshmerga constituem as forças armadas do Curdistão, existem desde a queda do Império Otomano, incluem mulheres nas suas fileiras e são a expressão militar dos sentimentos independentistas curdos. Têm estado na linha da frente na luta contra o Daesh, como se verificou na defesa da cidade fronteiriça de Kobani, defendida sobretudo pelas Unidades de Defesa das Mulheres (YPJ) e como se verifica hoje no assalto a Mossul. A revista L’Histoire reconhece a importância e o valor dos peshmerga ao referir que “la bataille de Mossoul a commencé lundi 17 octobre quand les forces kurdes ont attaqué la ville irakienne fief de l’état islamique.
Certamente que, quando a chamada guerra da Síria terminar, a comunidade internacional não deixará de reconhecer o povo curdo como soberano e o Curdistão como um Estado.

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