domingo, 6 de novembro de 2016

A difusão da língua portuguesa no mundo

O título da última edição do jornal Tribuna de Macau é muito interessante e sugestivo ao salientar que a “língua portuguesa atrai centenas para 20 vagas”. De facto, o Programa de Aprendizagem de Tradução e Interpretação de Chinês e Português promovido pelos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) de Macau atraiu 287 candidatos para 22 vagas e, segundo foi afirmado por alguns responsáveis macaenses, esse interesse resultou de uma campanha pública e de muita discussão sobre a importância do ensino do português. Ao mesmo tempo, outros salientam a provável influência das declarações do Primeiro-Ministro chinês Li Kequiang, que recentemente visitou o território de Macau e que vincou a importância da língua portuguesa no quadro das relações entre a China e os países lusófonos.
O programa tem a duração de dois anos e integra-se no quadro de cooperação em Formação de Tradução e Interpretação das Línguas Chinesa e Portuguesa entre a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da República Popular da China e a União Europeia, cuja primeira edição decorreu em 2011.
A iniciativa merece aplauso. No entanto, era desejável que a problemática do ensino do português e de outras áreas afins como a tradução, a interpretação ou a tradução simultânea, constituissem uma prioridade do governo português. Essa é a missão do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I. P., e é a tarefa desempenhada por cerca de duas dezenas de Centros Culturais e por cerca de quatro dezenas de Centros de Língua Portuguesa que existem no estrangeiro, mas são necessários mais Centros e, sobretudo, mais professores qualificados. Tem prevalecido o princípio económico que nos diz que as necessidades são ilimitadas mas que os recursos são escassos e, por isso, a difusão e o ensino da língua portuguesa não têm merecido o devido apoio em recursos orçamentais. Num tempo em que se espera que o português venha brevemente a ser uma língua oficial nas Nações Unidas conforme vai ser proposto pela CPLP, pode ser que essa circunstância venha a gerar um maior interesse no apoio orçamental à difusão da nossa língua.

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