quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Há uma revolução fiduciária na Índia

No passado dia 10 de Novembro à noite, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi anunciou ao país pela televisão que as notas de 500 e de 1000 rupias (6,76 e 13,52 euros), deixavam de ser aceites, como medida para lutar contra a corrupção e o mercado negro. Muitos milhões de  indianos foram apanhados desprevenidos por esta medida imprevista e radical. Segundo afirmou na sua mensagem televisiva, “o dinheiro negro e a corrupção são os maiores obstáculos à erradicação da pobreza”, mas o objetivo das autoridades indianas vai mais longe e visa travar as práticas de lavagem de dinheiro, numa sociedade onde a maior parte das transações são feitas em dinheiro vivo. Até ao fim do ano os possuidores das notas retiradas de circulação ainda poderão depositá-las nos bancos para serem trocadas pelas novas notas, mas quem apresentar uma quantidade avultada das mesmas tornar-se-á alvo de investigação pelas autoridades fiscais indianas.
As pessoas assustaram-se, mas as autoridades esperam que a decisão traga muitos milhões à economia e ao sistema fiscal indiano, que têm sido muito afectados por estes fenómenos. A medida revelou-se uma verdadeira revolução fiduciária e gerou uma imediata falta de dinheiro vivo num país de quase 1300 milhões de habitantes, dos quais pouco mais de 10% possuem uma conta bancária onde possam depositar o dinheiro que ficou inutilizado a partir daquela noite. Por isso, as filas nos bancos e nas caixas multibanco tornaram-se intermináveis.
A medida provocou dois tipos de reacções opostas: 1) os que a defendem em nome do combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e aos mercados negros; 2) os que a condenam por não ter previsto os seus efeitos sobre as comunidades rurais e sobre as classes mais pobres da sociedade indiana que constituem a maioria da sua população.
O assunto é tratado com grande detalhe por todos os mass media indianos. A revista Outlook é apenas um deles e trata o assunto como um pesadelo.

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