quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A tragédia de Alepo parece não ter fim

Perante a dramática situação que se vive em Alepo, na passada terça-feira dia 13, ao fim da tarde, a Rússia que é o principal aliado de Bashar al-Assad, e a Turquia que é o principal suporte da oposição síria, chegaram a um acordo: os rebeldes sitiados em Alepo aceitavam retirar da cidade e ficava estabelecido um corredor humanitário para a sua evacuação. A partir das cinco horas da manhã de quarta-feira dia 14, haveria autocarros governamentais para transportar os feridos, os civis e, depois, os combatentes rebeldes, com destino à província de Idlib, a oeste da cidade, que é controlada pela oposição ao regime sírio.
Nessa noite, os jornais de todo o mundo começaram a anunciar o cessar-fogo, o fim da batalha de Alepo e a vitória de Putin e Bashar al-Assad. Porém, às primeiras horas do dia, os bombardeamentos e os confrontos recomeçaram e os autocarros não saíram dos seus locais de espera. A evacuação foi cancelada e o desespero tomou conta da população, que apela ao mundo para que não esqueça a tragédia que se abateu sobre a cidade. Cada um dos vários grupos armados acusa o outro de ter rompido o acordo e de ter iniciado o bombardeamento. De um lado e do outro há vários grupos e várias alianças, provavelmente sem um comando único, tendo cada um deles interpretado à sua maneira o acordo entre Putin e Erdogan. Segundo as notícias, os mais resistentes ao acordo terão sido o influente grupo rebelde Noureddine AL-Zinki e as milícias iranianas aliadas do regime sírio.
A propaganda domina, até nas fotografias publicadas pela imprensa, umas com os tanques vitoriosos do regime sírio e outras mostrando o drama das populações. Os destaques noticiosos tanto vão para a “descoberta pelo exército sírio de câmaras de tortura rebeldes”, como para “as mulheres que se suicidam para fugir às violações do exército sírio”. Como sempre acontece nestas situações, não há bons nem maus. São todos maus. No entanto, é importante que não se esqueça, como faz hoje o Libération, porque é que tudo isto está a acontecer e quem são os principais responsáveis pela tragédia que se abateu sobre Alepo, mas também sobre a Síria, o Iraque, a Líbia, o Iémen e outros países da região. Como foi possível terem deixado as coisas chegar a este ponto?

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