domingo, 4 de dezembro de 2016

Os deputados-viajantes brasileiros

Ontem todo o Brasil se comoveu com a dor que se abateu sobre a cidade de Chapecó, no interior do Estado de Santa Catarina, quando viu regressar as urnas dos jogadores do Chapecoense vitimados pelo trágico acidente aéreo ocorrido nas proximidades de Medellín. A imprensa brasileira associou-se a essa homenagem e assim fez também o jornal Folha de S. Paulo, que hoje destaca na sua primeira página a cerimónia da chegada das urnas.
Na mesma edição o jornal paulista informa que os “deputados federais viajam ao exterior a cada dois dias”. De acordo com uma investigação feita pelo jornal, desde 2010 a Câmara dos Deputados pagou 1283 viagens de congressistas ao exterior, o que em média corresponde à saída de um deputado cada dois dias. Os motivos invocados para essas viagens são, naturalmente, o trabalho político que varia desde o “conhecimento in loco das realidades diversas no estrangeiro”, até ao “estabelecimento ou estreitamento de parcerias com estrangeiros”. A análise efectuada pelo jornal mostra que as viagens dos congressistas tiveram 69 países como destino e, sobretudo, os Estados Unidos, a França e a Suiça, o que certamente não tem nada a ver com turismo, nem com controlo de contas bancárias no exterior. Além disso, verificou-se haver casos de deputados que visitaram 21 países. O jornal denunciou estes abusos e procurou saber o montante dos gastos com essas viagens, assim como o número de acompanhantes dos deputados-viajantes, mas essa informação não lhe foi fornecida.
Há alguns anos, também em Portugal se verificavam este tipo de abusos e, se não me falha a memória, até houve um deputado que, em trabalho político, deu uma volta ao mundo. Nunca mais se falou nisso, mas era interessante que algum jornal fizesse essa pesquisa objectiva às viagens dos deputados portugueses para sabermos se ainda fazem viagens turísticas à conta dos contribuintes.

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