quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A ameaça da nova aliança Trump-May

Ontem, finalmente, a Primeira Ministra britânica falou sobre o Brexit e, segundo os comentadores, foi um discurso destinado a sossegar aqueles que acusavam Theresa May de não ter um plano para as negociações de saída da União Europeia e de não estar a cumprir o seu mandato, mas eu acho que também foi um discurso para agradar a Donald Trump. Todos os jornais ingleses destacaram a dureza do discurso de May, a lembrar os tempos de Margaret Thatcher.
O facto é que os resultados do referendo ainda não foram “digeridos” pelos britânicos e que muita gente pensa que o processo aberto com o referendo realizado no dia 23 de Junho ainda poderá ser invertido. Nesse referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia, houve 53,4 % dos eleitores que escolheram o Leave e 46,6% que votaram no Remain. Porém, é preciso ter presente que o Remain ganhou na Escócia com 62% e na Irlanda do Norte com 55,8%, isto é, o Leave ganhou na Inglaterra e no País de Gales, enquanto o Remain ganhou na Escócia e na Irlanda do Norte. O Reino Unido mostrou-se muito desunido.
Assim, como é sabido, o problema não se coloca apenas nas negociações com a União Europeia que decorrerão depois do Reino Unido invocar o artigo 50º do Tratado de Lisboa, mas são também um grande problema interno, sobretudo porque já se adivinha um novo referendo na Escócia que pode desmembrar o Reino Unido.
Theresa May falou com firmeza, mas não deixou de afirmar que “queremos comprar os vossos produtos e vender-vos os nossos, num comércio tão livre quanto possível”. Curiosamente (ou não) falou com voz grossa na véspera da tomada de posse de Donald Trump, o que também é um sinal de que quer parcerias e as boas graças dos americanos e, obviamente, também é um sinal de insegurança.
O futuro dirá o que vai acontecer, mas esta aliança Trump-May pode trazer muitos problemas à Europa.

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