quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

As dúvidas e as incertezas do Brasil

A recente rebelião do presídio de Manaus em que se confrontaram grupos rivais e que se saldou em 60 mortos e 184 fugitivos, não é só um acontecimento trágico, mas também é um sinal muito preocupante da situação social que se vive em algumas regiões brasileiras, com evidentes sinais de instabilidade e até mesmo de desagregação. A consulta da imprensa brasileira revela sinais de uma crise profunda, em que sobressai a fraqueza do Estado e das instituições, mas também uma situação económica fragilizada pela recessão e pelo desemprego e um quotidiano de insegurança e de incerteza.
A propósito da rebelião do presídio de Manaus o jornal Estado de Minas classifica o ambiente do sistema prisional brasileiro como bomba-relógio, mas esse alerta é porventura mais profundo e pode aplicar-se a outros sectores da sociedade brasileira, que não apenas o sistema prisional.
A imagem externa do Brasil deteriorou-se enormemente quando há poucos meses foi destituída a Presidente Dilma Rousseff, como consequência de um confronto de facções político-partidárias. A democracia brasileira abriu uma profunda brecha e saiu muito enfraquecida do processo de “impeachment”, ao contrário do que foi dito. A confusão no topo do Estado contagiou outros escalões. O sistema político brasileiro abriu uma caixa de Pandora e viu-se o novo governo de Michel Temer a perder ministro sobre ministro, sob acusações de corrupção. Muitas instituições federais ou estaduais têm revelado alguma incapacidade para assegurar a harmonia social, para promover a recuperação económica e para dar confiança aos brasileiros. 
É preciso que a rebelião de Manaus tenha sido apenas um caso isolado e que não haja qualquer bomba-relógio no horizonte brasileiro.

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