sábado, 25 de fevereiro de 2017

A amizade dos povos de Angola e Portugal

A verdadeira trapalhada que emergiu em Portugal nos últimos anos e que envolve tantos bancos, tanto dinheiro e tanta gente importante, parece não se confinar apenas ao território nacional, surgindo alegadas ramificações a interesses situados noutros países. Muita gente se envolveu e deslumbrou com os negócios e com o dinheiro, tirando partido patrimonial da situação. Muitos enriqueceram com donativos,  comissões e prémios de muitos milhões. Foi uma pouca vergonha e a Justiça acordou muito tarde para esta situação que se adivinhava estar a acontecer.
Num país que não é perfeito, a Justiça também não é perfeita e os seus agentes têm cometido erros grosseiros, nomeadamente com a sistemática violação do segredo de justiça, que é um atentado à dignidade das pessoas e se traduz num julgamento popular na praça pública. O Ministério Público português tem usado e abusado dos seus poderes e, directamente ou por via da comunicação social, tem promovido alguns inaceitáveis julgamentos populares. A suspeita é sempre a mesma: corrupção, fuga ao fisco, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
Um dos últimos acusados é um alto dirigente angolano e, de imediato, o governo angolano classificou como “inamistosa e despropositada” a forma como o Ministério Público português divulgou essa acusação e alertou que ela ameaça as relações bilaterais, enquanto o  Jornal de Angola destaca que estão ameaçadas as relações com Portugal. É uma posição precipitada e ameaçadora que não tem justificação. Acontece que existe em Portugal o princípio da separação de poderes e, sobre essa matéria, os governos não interferem. Angola sabe que a Justiça portuguesa é independente do poder político. Sabendo-se que é assim, as autoridades governamentais angolanas não devem tomar posições que belisquem a amizade e os interesses dos povos de Angola e de Portugal, que devem estar acima dos comunicados do Ministério Público português, ou seja, os governos não se devem meter nisto.

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