quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Goa recebeu António Costa em apoteose

Quando há poucos dias visitamos Goa, pudemos apreciar como ainda estavam presentes as emoções de muitos goeses que se referiam à visita do Primeiro-Ministro António Costa como um acontecimento que só gerara sentimentos de entusiasmo semelhantes, quando da visita privada do General Vassalo e Silva em 1980 e da visita oficial do Presidente Mário Soares em 1992. De facto, quando nos dias 11 e 12 de Janeiro visitou oficialmente a terra de origem do seu pai, António Costa foi recebido como um filho da terra e como o primeiro chefe de governo europeu de origem goesa, mas também soube cativar o entusiasmo popular quando afirmou sentir-se orgulhoso das suas origens e revelar que o pai o tratava por Babush, uma palavra que em concanim significa menino.  
Os goeses gostaram de António Costa que soube impor-se pela sua simpatia.
A edição de Fevereiro da revista Goa Today dedicou-lhe a sua primeira página, que inclui cinco artigos distribuídos por nove páginas e publica doze fotografias  do Primeiro-Ministro português. Nunca tinha sido dado tanto espaço editorial a Portugal ou aos portugueses. São textos muito laudatórios e que não são nada habituais na imprensa goesa, pois ainda há alguns receios pela afirmação de sentimentos de portugalidade, em consequência dos traumáticos acontecimentos de 1961. Se as visitas do navio-escola Sagres ainda mobilizaram o protesto de uma dúzia de activistas da Goa, Daman & Diu Freedom Fighters Association, o facto é que António Costa os calou. Contudo, se nada de substantivo for feito imediatamente para incrementar as relações culturais e outras entre Portugal e Goa, esta visita perder-se-á no tempo e a memória portuguesa continuará a declinar em Goa. António Costa deve ter ficado a saber que ou Portugal investe culturalmente em Goa, ou Goa prosseguirá na sua caminhada para a indianização cultural.

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