quarta-feira, 5 de abril de 2017

O Brexit e a velha questão de Gibraltar

No passado dia 29 de Março, a primeira-ministra britânica Theresa May fez chegar ao polaco Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, uma carta a formalizar a sua decisão de abandonar a União Europeia. As análises que já antes eram feitas sobre os prós e os contras desta decisão voltaram a ser discutidas, um pouco por toda a parte. Nesse contexto, surgiu uma novidade: o que iria fazer Gibraltar e os 30 mil gibraltinos? Estarão eles dispostos a deixar a União Europeia e a enfrentar uma mudança na sua relação com a Espanha, com o fim da livre circulação de pessoas e bens, com a reabertura da burocracia fronteiriça ou até o isolamento?
Theresa May cometeu o erro de ignorar Gibraltar na sua carta e a Espanha aproveitou a oportunidade para insinuar que era chegada a hora de Gibraltar ficar sujeita a um regime de soberania partilhada entre a Espanha e o Reino Unido, como primeiro passo para o seu futuro regresso à Espanha. Fabian Picardo, o jovem ministro-chefe de Gibraltar veio de imediato opor-se a qualquer alteração à actual ligação de Gibraltar com o Reino Unido, enquanto em Londres alguém se lembrou de dizer que Gibraltar seria tão defendido quanto o foram as Falklands/Malvinas em 1982. Entretanto, começaram as habituais quezílias fronteiriças nas águas gibraltinas. A antiga corveta Infanta Cristina que em 2004 foi reclasssificada como navio-patrulha (P-77), terá feito “uma incursão ilegal” nas águas de Gibraltar ao passar a cerca de 1500 metros da costa, o que obrigou o navio-patrulha HMS Scimitar (P-284) a abordar o navio espanhol para o escoltar para fora da águas territoriais de Gibraltar. O navio espanhol tem 89 metros de comprimento e 1440 toneladas de deslocamento, enquanto o patrulha britânico tem 16 metros de comprimento e 24 toneladas de deslocamento. Esta diferença e a fotografia dos dois navios foram aproveitadas pelo Daily Mail para dar uma ajuda ao orgulho britânico e à persistência ou à teimosia de Gibraltar.

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