quarta-feira, 7 de junho de 2017

A nova esperança das eleições angolanas

As eleições gerais angolanas estão marcadas para o dia 23 de Agosto e José Eduardo dos Santos (JES), que ocupa a Presidência do Estado e a chefia do Governo desde a morte de Agostinho Neto em Setembro de 1979, não é candidato. Depois de cerca de 38 anos na cadeira do poder, esta retirada de JES do poder só peca por ser demasiado tardia e por ter atrasado o progresso de Angola e ter gerado uma profunda desigualdade entre os angolanos.
Nos termos constitucionais vão ser eleitos 130 deputados por um círculo nacional  e mais 5 deputados por cada uma das 18 províncias angolanas, o que dá um total de 220 deputados. O cabeça de lista pelo círculo nacional do partido ou coligação vencedora é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do Governo.
Nas últimas eleições realizadas em 2012 o MPLA obteve 71,8% dos votos (175 deputados), enquanto a UNITA teve 18,6% (32 deputados). A longa permanência do MPLA no poder confere-lhe favoritismo nas eleições de 23 de Agosto e o seu candidato, o general João Manuel Gonçalves Lourenço, será provavelmente o sucessor de JES. O processo eleitoral está a andar com normalidade e o Jornal de Angola anuncia hoje que já foram sorteadas as posições de cada um dos seis concorrente nos boletins de voto.
Porém, na democracia plena a que aspira a sociedade angolana, a realização de eleições é uma condição necessária, mas não suficiente. Depois de um tão longo consulado de JES e do MPLA, a sociedade angolana exige mudança de políticas, de processos e de rostos, num ambiente liberto das burocracias e das prepotências dos interesses instalados, muitas vezes envoltos em suspeitas de enriquecimento ilícito, mas também o respeito pelos direitos da oposição e das forças do progresso nacional. Nos tempos que aí vêm e até ao dia 23 de Agosto, todos vamos ter oportunidade de ver como se comportam as autoridades angolanas e como respeitam ou não respeitam os direitos da oposição, para saber se as eleições angolanas serão autênticas ou não. Cabe-lhes convencer o mundo de que Angola é realmente uma sociedade democrática.

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