segunda-feira, 31 de julho de 2017

Onda de violência aumenta na Venezuela

A disputa política que está a acontecer na Venezuela teve ontem mais um episódio doloroso, com uma dezena de mortos e com a violência a atingir grandes proporções em Caracas, mas também em todo o país. Foi o dia das eleições para uma Assembleia Nacional Constituinte (ANC) que, segundo tem sido afirmado, se destina apenas a assegurar a possibilidade do Presidente Nicolás Maduro e os seus apoiantes se manterem no poder e a anular o papel do Parlamento que por larga maioria se lhes opõe.
Hoje, as notícias divergem e enquanto umas afirmam a vitória do governo, outras anunciam a derrota da deriva autoritária, o que significa que as partes estão extremadas. A própria imprensa venezuelana é o espelho dessa divergência e aparece hoje com títulos bem diversos, conforme o seu alinhamento político. Uns escolheram títulos como “8 089 320 votaron por la paz” (Ultimas Noticias) ou “Gobierno califica jornada de victoria constituyente” (El Universal), enquanto outros escreveram “Fracasó fraude constituyente” (El Nacional) ou “Electa ANC en medio de muertes y violencia” (El Informador) ou, ainda, “16 muertos durante elección de ANC chavista” (Diário 2001).
Curiosamente, a notícia destas eleições não tem destaque significativo na imprensa da América do Sul e até a imprensa brasileira quase a ignora, apesar de estar bem perto dos acontecimentos. A Espanha é o único país em que a generalidade da imprensa destaca a crise da Venezuela nas suas primeiras páginas, caso do diário La Razón, ilustrando-a com a expressiva fotografia da explosão de um petardo lançado pelos opositores ao regime de Maduro à passagem de uma coluna de polícias motorizados da Guarda Nacional Bolivariana. Dezenas de jornais espanhóis escolheram essa fotografia para ilustrar as suas edições.
O facto é que a tensão e a violência aumentam e não há notícia de quaisquer tentativas internas ou internacionais para chegar a um acordo, apesar de se verificar uma quase unânime condenação internacional do regime de Maduro. É preciso que o clima de guerra civil seja travado a tempo.

sábado, 29 de julho de 2017

Portugal e a grave crise venezuelana

No dia 14 de Abril de 2013, após a morte de Hugo Chávez, os venezuelanos elegeram Nicolás Maduro para seu presidente com 50,66% dos votos. A luta contra o chavismo já vinha de trás mas acentuou-se a partir de então, até porque o país atravessava uma profunda crise económica e social. Seguiram-se eleições parlamentares no dia 6 de Dezembro de 2015 e a oposição venezuelana unida em torno da Mesa de Unidade Democrática (MUD) conseguiu 56,3% dos votos, enquanto o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) que suporta Nicolás Maduro, se ficou pelos 40,9% dos votos. Pela primeira vez desde 1999, o chavismo e Nicolás Maduro perderam o controlo da Assembleia Nacional, o que originou que o país ficasse nas mãos de duas forças políticas opostas, embora ambas igualmente legitimadas pelo voto popular.
Desde então, a oposição tem procurado destituir Maduro por todos os meios legais, mas também através de manifestações, greves e outras acções de protesto que têm deslizado para confrontos de grande violência. A confusão e o caos instalaram-se na Venezuela com a degradação da vida pública e o aumento de actos de violência, assaltos e ajustes de contas. A falta de comida é cada vez mais sentida e referem-se 113 mortos em consequência dos confrontos. A imprensa internacional está atenta à gravidade da situação e a revista The Economist destacou o caos venezuelano na capa da sua última edição. Muitos observadores já descrevem um clima de guerra civil e muitas comunidades, como por exemplo a enorme comunidade portuguesa da Venezuela, parece já ter optado por regressar a Portugal por razões de segurança.
A mediação internacional parece ser a única via para encontrar uma solução rápida e honrosa para o país e para as partes em confronto. Nessa perspectiva, não há dúvidas que a diplomacia portuguesa pode prestar um grande serviço à causa da paz na Venezuela, em diferentes planos, isto é, através de António Guterres nas Nações Unidas ou de Augusto Santos Silva no Palácio das Necessidades. Se assim fosse e resultasse bem, era um sucesso maior que uma final europeia com golo de Éder...

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Mbanza Kongo inscrita pela UNESCO

A 41ª reunião do World Heritage Committee da UNESCO, realizada na cidade polaca de Cracóvia, decidiu no passado dia 9 de Julho inscrever o centro histórico de Mbanza Kongo, no norte de Angola, na sua Lista do Património Mundial. Foi a primeira vez que um sítio angolano foi classificado pela UNESCO e o jornal Cultura – Jornal Angolano de Artes e Letras deu o devido destaque a este acontecimento de grande importância cultural para a preservação do património angolano.
Mbanza Kongo foi a capital do antigo reino do Congo, tendo sido fundada antes da chegada dos portugueses àquela região que aconteceu em finais do século XV e que a baptizaram como São Salvador do Congo. Pouco tempo depois, no ano de 1549, por influência dos missionários católicos portugueses, foi construída uma igreja que em 1596 foi elevada ao estatuto de catedral e que é considerada a mais antiga da África Sub-Saariana. O historial da cidade refere a realização de conversões em massa naquela região, mas algumas guerras civis ocorridas no século XVII levaram ao seu abandono, até que no início do século XVIII a cidade foi definitivamente reocupada.
Depois da independência de Angola a cidade voltou a chamar-se Mbanza Kongo e hoje é sede de um município da província do Zaire.
Segundo informa a UNESCO, a área agora classificada mostra, como em nenhum outro local sub-saariano, a influência causada pela chegada dos portugueses e a introdução do Cristianismo e situa-se junto da residência do rei do Congo, da árvore sagrada, dos lugares funerários e dos vestígios das casas de pedra construídas pelos portugueses segundo as técnicas europeias.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Os oportunistas políticos vivem do fogo

Os incêndios florestais continuam a devastar a zona centro do país, mas o incêndio de Pedrógão Grande e a tragédia que então aconteceu ainda estão presentes na memória dos portugueses, apesar de já ter passado mais de um mês.
Essa tragédia e a calamidade que nos está a atingir deveriam ser factores de unidade nacional, de reflexão crítica sobre a solução a adoptar no futuro e de coesão em torno da tarefa de reconstrução emocional e material daquela região mas, provavelmente na linha preconizada por esse estratega-caceteiro que é Paulo Rangel, tem sido usada como oportunidade política. Sim, Rangel classificou a tragédia de Pedrógão como uma oportunidade política! Porém, o que tem sido dito por Passos Coelho e por Assunção Cristas, depois repetido por alguns dos seus mais fiéis seguidores, tem sido uma vergonha e revela a enorme mediocridade e insensibilidade desses dirigentes ambiciosos que pouco têm para oferecer ao país.
Nunca o aproveitamento político foi tão longe e foi tão miserável. Desde a exigência da demisssão da ministra da Administração Interna, passando pela tese dos suicídios inventada por Passos Coelho ou pela insistência quanto ao número de bombeiros feridos, até ao recente ultimato para publicação das listas das vítimas de Pedrógão e à ameaça de uma moção de censura ao governo, tudo tem servido para insultar os governantes, com a repetida insinuação de que escondem a verdade aos portugueses. Tem sido um vale tudo. A partir de um simples boato, de uma declaração ou de uma notícia não confirmada, que a comunicação social dos jovens enviados especiais à procura de emprego repete e amplifica acriticamente, Cristas e Passos têm-se revelado oportunistas sem escrúpulos. Pegam nos microfones e, como se os portugueses tivessem memória curta e desconhecessem o mal que nos fizeram quando foram subservientes à troika, tratam de aproveitar a terrível conjuntura do fogo florestal para servir os seus interesses políticos. Nem o exemplo do Presidente da República os trava no seu alarido social. Até parece que vivem do fogo e da desgraça de tanta gente.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Timor Leste e o seu futuro político

Nas eleições legislativas ontem realizadas em Timor Leste, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (FRETILIN) dirigida por Mari Alkatiri obteve 168.422 votos, enquanto o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) liderado por Xanana Gusmão conseguiu 167.330 votos, isto é, verificou-se uma diferença de apenas 1092 votos, o que é realmente um acontecimento! Este resultado faz com que dos 65 assentos do parlamento timorense, haja 23 cadeiras a ocupar pelos deputados da FRETILIN, 22 assentos a ocupar pelos eleitos do CNRT e que haverá 20 lugares a ser ocupados pelos restantes partidos, sendo que o Partido da Libertação Popular (PLP) do ex-Presidente Taur Matan Ruak ocupará 8 cadeiras. 
Este resultado é muito problemático e pode gerar uma situação de grande instabilidade política porque o provável governo de Mari Alkatiri estará sempre em minoria, a não ser que faça uma coligação com o seu adversário mais directo. Por isso, Xanana Gusmão está mais uma vez no centro da vida política timorense, tal como tem acontecido desde há mais de quarenta anos.
Acontece que estas eleições legislativas foram as primeiras realizadas exclusivamente pelas autoridades timorenses e já foram consideradas as mais tranquilas de sempre, não tendo sido registados quaisquer incidentes graves durante a campanha eleitoral ou no dia da votação. Essa circunstância é uma boa indicação quanto ao futuro político do país, que vai continuar nas mãos experientes de homens que vieram da Resistência e da luta armada.
Por isso, existe um clima de confiança no país, até porque Francisco Guterres, o Presidente da República de Timor Leste eleito em 20 de Março e que também é oriundo da FRETILIN, é um patriota e um companheiro de percurso de Alkatiri e de Xanana, o que vai certamente favorecer uma solução de estabilidade política e de boa governabilidade. É, também, o que esperam aqueles que, como nós, conhecem a ilha de Timor.

domingo, 23 de julho de 2017

As eleições presidenciais em Angola

Depois de uma longa permanência no poder em Angola, o Presidente José Eduardo dos Santos marcou eleições presidenciais para o próximo dia 23 de Agosto e, depois de ter exercido o poder de forma autoritária durante quase 38 anos, decidiu não concorrer a mais um mandato. Abre-se, assim, um novo capítulo na história de Angola, até porque estão seis candidaturas no terreno, cujas propostas e programas vão arejar a sociedade angolana, permitir alguma reflexão e contribuir para que a vida angolana se torne mais democrática e mais transparente.
José Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto em 1979 e coube-lhe a missão de conduzir o MPLA nas lutas internas pelo poder e de dirigir o governo de Angola na construção de alianças estratégicas, na longa guerra civil e na luta pelo progresso do país. Foram demasiadas lutas e muitos anos de poder absoluto. Para enfrentar esses desafios rodeou-se de gente da sua confiança e criou uma élite a quem permitiu uma indevida apropriação do rendimento nacional e comprovadas práticas de corrupção, ao mesmo tempo que abusou do poder, o instrumentalizou em seu benefício e reprimiu todas as oposições. 
Porém, o afastamento voluntário de José Eduardo dos Santos da cena política não vai significar o fim do seu regime autoritário em que a vontade do chefe se sobrepõe à lei, porque as raízes criadas e os interesses instalados tudo farão para se manterem no futuro, até para se livrarem da responsabilização criminal e moral que não deixará de surgir.
O Jornal de Angola noticia hoje o início da campanha eleitoral, apresentando os candidatos e os seus tempos de antena na rádio e na televisão. Tudo parece normal. As seis candidaturas que vão a votos no dia 23 de Agosto são um sinal de esperança num futuro melhor para Angola e para as relações com Portugal.

sábado, 22 de julho de 2017

O país dos progressos impressionantes

A edição de hoje do semanário Expresso destaca uma fotografia de Wolfgang Schäuble, o super-poderoso e influente ministro das Finanças alemão e a frase “Portugal fez progressos impressionantes” na redução do défice orçamental e na promoção do crescimento, isto é, nas finanças públicas e na economia, embora exiba o seu habitual preconceito e atribua o mérito desse resultado ao programa de ajustamento e às políticas da troika e não aos portugueses, nem ao governo de António Costa.
Uns dias antes, Pierre Moscovici, o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, também utilizou a palavra “impressionante” para se referir aos progressos da economia portuguesa, sem adiantar a sua opinião sobre o tema.
Antes, tinha sido Angel Gurría, o secretário-geral da OCDE, quem salientou “os progressos muito impressionantes” feitos por Portugal. Significa que a palavra impressionante tem sido a palavra mais utilizada para classificar o que se passa em Portugal.
No caso de Wolfgang Schäuble, a sua declaração é surpreendente. Depois de ter sido adulado durante vários anos pelos subservientes Vitor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, muito lhe tem custado a engolir a solução governativa portuguesa que tão bons resultados tem alcançado, devido à conjugação de vários factores mas, sobretudo, devido à recuperação da confiança dos agentes económicos e à cooperação institucional entre o governo e a Presidência da República. Afinal, quer Schäuble, quer os seus amigos portugueses com Passos e Cristas à cabeça, ainda não perceberam que estavam errados na política seguidista e retrógrada que praticaram com entusiasmo nos anos da troika.
Lamentavelmente, agora não sabem fazer oposição ao governo como lhes competia e é necessário em democracia, mas insistem no mesmo tipo de exigências ridículas e de desafios oportunistas que roçam o insulto pessoal e que afrontam a inteligência dos portugueses. É, também, muito impressionante.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

O Tour é a grande festa dos franceses

O Tour de France realiza-se desde 1903, é uma das mais antigas provas desportivas mundiais e este ano está na sua 104ª edição.
Como é habitual, todos os anos durante o mês de Julho, um pelotão com mais de duas centenas de ciclistas pedala pelas estradas francesas, trepa pelas cadeias montanhosas dos Pirinéus e dos Alpes e, no último dia, desfila pelos Campos Elíseos em Paris. A popularidade do Tour é realmente indescritível e nenhum acontecimento social desperta tanto o entusiasmo dos franceses, conforme testemunham as transmissões televisivas feitas em directo.
Nos últimos anos os ciclistas franceses têm estado pouco competitivos e não têm dado grandes alegrias aos seus compatriotas. Porém, este ano as coisas têm sido diferentes e há dois ciclistas franceses que estão no top 10, o que reforça o entusiasmo dos franceses, inclusive do Presidente Macron que não deixou de ir incentivar os ciclistas seus compatriotas. Ontem, numa das mais importantes etapas disputada entre Briançon e o Col d’Izoard, o ciclista francês Warren Barguil destacou-se, subiu quilómetros de montanha alpina e terminou a etapa isolado e em primeiro lugar. Foi uma quase festa nacional e muitos jornais franceses, entre os quais Le Parisien, publicaram hoje a fotografia de Barguil, poderoso e imponenente, a cortar a meta com as montanhas alpinas em segundo plano. Foi realmente uma grande alegria para os franceses que, assim, se esquecem que quem vai à frente é um inglês de apelido Froome.

terça-feira, 18 de julho de 2017

A imprensa ignora os nossos campeões

Fernando Pimenta: vice-campeão olímpico,
campeão do Mundo e campeão da Europa
O canoista Fernando Pimenta é um dos poucos atletas portugueses que já ganharam medalhas olímpicas, pois em 2012 conquistou uma medalha de prata na prova de K2 1000 metros nos Jogos Olímpicos de Londres. Depois, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, as coisas correram mal, foi derrotado e ele protagonizou a desilusão portuguesa. Porém, ao longo da sua carreira desportiva, Fernando Pimenta já ganhara 5 medalhas de ouro, 4 medalhas de prata e 4 medalhas de bronze em Campeonatos do Mundo, Campeonatos da Europa e Universíadas. O seu palmarés é realmente muito raro em Portugal.
Na semana que passou, em Plovdiv, na Bulgária, durante os Europeus de canoagem de velocidade, Fernando Pimenta voltou a brilhar e revalidou o seu título europeu em K1 1000 metros e, dois dias depois, conquistou a medalha de prata na prova de K1 5000 metros, falhando a revalidação do seu título por 1 segundo apenas. Portugal regressou de Plovdic com três medalhas, duas das quais ao pescoço de Fernando Pimenta.
A imprensa escrita e as televisões portuguesas têm andado ocupadas com outros assuntos demasiado irrelevantes, numa lógica de vender papel ou de ter audiências a qualquer preço. O nível de manipulação está a atingir níveis insuportáveis. Passam horas e gastam páginas a tratar do mundo do futebol e de outros sensacionalismos. Por isso, lamentavelmente, quase ignoraram o feito desportivo de Fernando Pimenta, tal como tinham ignorado a vitória de João Pereira e o 3º lugar de João Silva nos Europeus de triatlo disputados em Kitzbühel, na Áustria. Nada disto se passa na Espanha ou na França, onde os seus campeões são destacados nas primeiras páginas da imprensa. Os nossos orgãos da comunicação social informam de menos e manipulam de mais. A “informação” que produzem é, cada vez mais, provinciana e panfletária. Uma tristeza!

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Afinal Cristas escolheu a Política Negativa

Na sua curta carreira política a presidente do CDS tem procurado ganhar a notoriedade de que precisa para ter votos, porque sem eles nunca  mais chegará ao poder, nem terá o apoio dos seus colegas de partido. Por isso tem tido uma vida difícil, até porque a vida político-partidária é muito dura e é sempre cruel para quem não vence. E ela não está a vencer, como as sondagens vão indicando.
Habituados a ter lugares (e tachos) no aparelho do Estado por fazerem parte daquela solução a que chamaram arco da governação, os militantes do CDS desesperaram com a solução governativa de António Costa, porque os surpreendeu e cada dia os afasta mais da esfera governativa e das benesses a que estavam habituados.
O CDS ficou prisioneiro da sua pequenez e da falta de notoriedade e de currículo da sua líder. Então, a jovem e muito ambiciosa Cristas decidiu espalhar cartazes pela cidade de Lisboa com a sua fotografia associada ao slogan Política Positiva. Esperavam-se ideias e propostas, bem diferentes do demagógico anúncio da criação de mais vintes estações do Metropolitano. Depois, teve a ligeireza de avançar para a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, convencida que os seus antigos colegas do PSD a apoiariam, mas essa jogada falhou e, ela que nasceu em Angola, está sozinha e não convence ninguém com aquele slogan mentiroso d’A nossa Lisboa, porque ela não é lisboeta.
Até que aconteceu a tragédia de Pedrógão, o roubo de Tancos e muitos outros incêndios. Cristas não perdeu a oportunidade e esqueceu a Política Positiva, substituindo-a pela Política Negativa ou do bota abaixo, que tem tido larga difusão nas televisões, onde aparece todos os dias, quase sempre a dizer disparates, a insultar António Costa e a dizer mal de todos e de tudo, o que mostra a sua ignorância relativamente ao nosso país. De facto, há muitos problemas estruturais no nosso país, cuja resolução foi adiada durante muitos anos, incluindo os quatro anos em que Cristas tutelou a floresta portuguesa e onde não deixou de colocar os seus correlegionários, que ainda lá estão. Era melhor que tivesse mais bom senso, que se lembrasse do que fez ou não fez quando governou e que se deixasse da gritaria que nada resolve. Já ninguém tem paciência para a ouvir. É lamentável a forma como se aproveita desta tragédia para fazer política.

domingo, 16 de julho de 2017

Os juízes brasileiros tomaram o poder

Toda a imprensa espanhola destaca hoje com grande entusiasmo a vitória de Garbiñe Muguruza no torneio de Wimbledon, conseguida frente à americana Vénus Williams, não só porque se trata do mais antigo e mais famoso torneio de ténis do mundo, mas também porque foi obtida perante uma das lendárias irmãs Williams, que já venceram 12 vezes em Wimbledon.
Porém, no diário El País há uma notícia inquietante relativa ao Brasil, onde segundo escreve o jornal “los jueces tomaron el poder”. O panorama político brasileiro tem sido dominado pelas investigações do caso Petrobras, dirigidas por inúmeros juízes, procuradores, agentes tributários e diversos tribunais, que procuram esclarecer a rede de corrupção que alastrou pela classe política brasileira. Porém, nas últimas semanas o poder judicial pareceu querer atacar o núcleo duro do poder político e, pela primeira vez, um presidente (Michel Temer) foi denunciado por corrupção e, também pela primeira vez, um ex-presidente (Lula da Silva), foi condenado em primeira instância a uma pena de prisão de nove anos e meio por corrupção e lavagem de dinheiro.
Ambos reagiram em tom semelhante, questionando a autoridade dos juízes e argumentando que o poder pertence ao povo e não aos juízes que, cada vez mais, interferem ilegitimamente na actividade política.
Por cá vai acontecendo a mesma coisa e, alguns políticos, são vítimas da mediatização orquestrada por alguns agentes da Justiça e condenados sem acusação nem julgamento, o que revela a intenção dos juízes de interferir na política. São muitos os casos, mas a recente história dos Secretários de Estado que foram a  França ver e aplaudir a selecção nacional de futebol é mesmo uma vergonha para quem os constituiu arguidos, a mostrar uma faceta mesquinha e trauliteira da classe dos juízes. Será que foi assim tão grave aceitar um convite para ver o futebol e fazer uma acusação que interferiu gravemente na governação? Ou será que, para além dos políticos e dos jornalistas que encheram esses aviões e que aceitam viagens, não haverá juízes que também beneficiam dessas práticas?

terça-feira, 11 de julho de 2017

Este ano vamos ter as Festas do Redondo

É verdade!
Este ano vamos ter as Festas do Redondo ou as Ruas Floridas do Redondo, um verdadeiro festival de arte e cultura popular que irá decorrer de 29 de Julho a 6 de Agosto.
É um acontecimento imperdível e, portanto, recomenda-se que as agendas de cada um reservem um dia para uma visita a esta vila alentejana para participar neste evento extraordinário da cultura popular portuguesa. Para quem estiver em Lisboa é uma viagem de cerca de 170 quilómetros, mas qualquer análise custo-benefício conclui por um resultado francamente positivo, isto é, o benefício emocional desta visita ao Redondo supera largamente o custo monetário da viagem.
As Festas do Redondo são, sobretudo, a arte e a cor das suas ruas ornamentadas com flores de papel, cada uma delas rivalizando em criatividade com a rua anterior e em imaginação com a rua seguinte, mas também incluem outros motivos de interesse para o visitante, como as mostras e as vendas de artesanato e de produtos regionais.
Porém, para além de tudo o que ficou dito, as Festas do Redondo incluem um diversificado roteiro da melhor gastronomia alentejana, a que aderem dezenas de pequenos restaurantes para delícia dos visitantes. Há mesmo quem hesite em dizer se são melhores as flores de papel ou os petiscos do Redondo...

segunda-feira, 10 de julho de 2017

A libertação da cidade mártir de Mossul

As autoridades iraquianas anunciaram a libertação da cidade de Mossul e os jornais internacionais ilustraram as suas primeiras páginas com as habituais fotografias dos soldados a agitarem bandeiras e a erguer as suas armas automáticas, enquanto o povo em delírio vitoriava os libertadores. Foi um martírio que durou três anos que deixou a cidade totalmente destruida. Quase um milhão de pessoas passou por um enorme sofrimento e tudo perdeu. 
Mossul estava em poder do Daesh desde Junho de 2014 e foi nessa cidade que, no dia 29 de Junho de 2014,  o seu líder Abu Bakr al-Baghdadi proclamou a criação de um califado com o nome de Estado Islâmico do Iraque e Levante (ISIS em inglês ou Daesh em árabe). A organização já tinha sido criada em 2004 com o objectivo de dominar todos os muçulmanos do mundo, começando pelo estabelecimento de um califado nas regiões iraquianas de maioria sunita, pelo que se envolveu nos conflitos do Iraque e, mais tarde, na guerra civil síria. Classificado internacionalmente como terrorista, o Daesh visa o domínio espacial e religioso de uma vasta área que vai desde o sul da Turquia até à orla do Mediterrâneo oriental e do golfo Pérsico. Na sua acção, usa de grande violência, recruta apoiantes no seio das populações, faz perseguições religiosas, usa a violência sexual, executa os adversários com crueldade e destrói o património arqueológico nos locais onde se instala, como aconteceu em Palmira e noutras cidades históricas. 
O Daesh tem beneficiado dos desentendimentos entre as grandes potências, das rivalidades regionais e de alguns apoios de países da região, mas parece que está agora a perder terreno, sobretudo depois da entrada dos russos na Síria em meados de 2015 e do maior envolvimento americano no Iraque. Depois da derrota em Alepo, o Daesh teve outras derrotas no Iraque e na Síria e acaba de perder Mossul que, não sendo a sua capital, era a mais emblemática das cidades que dominava. A sua capital está instalada na cidade síria de Racca que também está cercada, mas ninguém acredita que a derrota militar do Daesh seja o fim da ameaça jihadista, pois muitos desses fanáticos desorientados hão-de querer voltar à Europa de onde sairam. Porém, ninguém pode ficar indiferente às imagens da total destruição da cidade e do drama visível da população de Mossul, porque são demasiado violentas para que não pensemos nas razões porque tudo isto acontece.

domingo, 9 de julho de 2017

Um novo Albuquerque regressa a Malaca?

O futebol está a tornar-se um desporto e um negócio à escala global e a sua mundialização está a atingir dimensões inesperadas, devido à popularidade que deriva das transmissões televisivas e do endeusamento dos mais talentosos jogadores. No desenvolvimento desse fenómeno encontram-se muitos portugueses, uns como jogadores e outros como treinadores.
Hoje, quando folheava a edição do jornal MHI ou Melaka Hari Ini que se publica na cidade malaia de Malaca, reparei num dos seus títulos de primeira página escrito na língua malaia, para mim indecifrável, que dizia “Almeida tempah laluan sukar buat kedah” e, no desenvolvimento da reportagem, verifiquei que a notícia se referia a Eduardo Almeida. Pedi ajuda ao meu amigo Google para esclarecer o assunto e verifiquei que o cidadão português Eduardo Almeida é, aos 39 anos de idade, o treinador do Melaka United F. C., um clube de futebol fundado em 1924 e que disputa a Liga Super Malaysia.
Malaca ou Melaka foi uma cidade importante do império oriental português, conquistada por Afonso de Albuquerque em 1511 e perdida para os holandeses em 1641, tendo estado sob soberania portuguesa durante 130 anos. Os portugueses foram expulsos da cidade mas deixaram muitas memórias na língua, nos costumes, na gastronomia e na religião. Depois, exceptuando os turistas, foram poucos os portugueses que estiveram em Malaca a desenvolver qualquer actividade.
Agora, com Eduardo Almeida a treinar o clube de Malaca desde o passado mês de Junho, são altas as expectativas e, se o treinador português tiver sucesso, depressa vai ser considerado, em especial no Bairro Português de Malaca ou Kampung Portugis, como um novo Albuquerque.

A modernidade da língua portuguesa

A edição de hoje do oHeraldo, o centenário jornal que se publica em Goa e que até 1983 utilizou a língua portuguesa, destaca na sua primeira página uma entrevista com Edgar Valles, um advogado português de origem goesa que preside à direcção da Casa de Goa em Lisboa.
O conteúdo desta entrevista e a sua colocação na primeira página do jornal devem ser destacadas, porque os jornais goeses não se costumam interessar por notícias de Portugal, embora o oHeraldo seja uma excepção, pois de vez em quando faz uma ou outra referência ao futebolista Cristiano Ronaldo, às cerimónias de Fátima ou aos resultados da Liga Portuguesa de Futebol. Na sua entrevista, Edgar Valles salientou que “os goeses devem compreender que os laços indo-portugueses não são semelhantes aos laços indo-britânicos”, um facto evidente que muito poucas vezes é salientado. Além disso, Edgar Valles destacou a modernidade da língua portuguesa e defendeu que “o português deve ser ensinado a todos os goeses como a língua dos nossos antepassados, mas também aos indianos que se instalam em Goa. A ligação dos goeses a Portugal não pode ser apenas para obter um passaporte português para ir trabalhar para o Reino Unido. O português é a quarta língua mais falada no mundo e os goeses devem aprender português e procurar trabalho em Portugal e nos outros países do mundo onde se fala português”.
Estas declarações não são novas, mas têm um renovado peso cultural, por terem sido feitas por uma personalidade goesa que representa uma prestigiada associação de goeses em Portugal. Naturalmente, a entrevista de Edgar Valles também é um estímulo para os que se dedicam ao ensino do português em Goa, tanto na Fundação Oriente como no Instituto Camões.

sábado, 8 de julho de 2017

A virtualidade do encontro de Hamburgo

Os dois homens mais poderosos do planeta, que dirigem os destinos dos Estados Unidos e da Rússia, encontraram-se fisicamente pela primeira vez e conversaram durante mais de duas horas em Hamburgo.
O encontro aconteceu à margem da cimeira dos 20 países mais industrializados do mundo (G20) que começou ontem naquela cidade alemã, tendo como tema dominante da agenda a luta contra o terrorismo internacional, mas que incluiu também os temas habituais destas cimeiras, como a dinâmica dos mercados financeiros, o crescimento económico, o comércio internacional, as migrações e, nos últimos tempos, as alterações climáticas. Em simultâneo com a cimeira registaram-se grandes manifestações e graves distúrbios provocados pela contestação às práticas políticas e ambientais dos países mais ricos do mundo, que resultaram em muitas dezenas de feridos e muitas destruições.
Porém, o acontecimento mais importante desta cimeira acabou por ser o encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin. Os principais jornais internacionais destacaram nas suas primeiras páginas a fotografia dos dois líderes, que se desfizeram em mútuos elogios e que exibiram rasgados sorrisos. Um desses jornais foi The Washington Post e os destaques desse jornal são sempre para ter em conta. Segundo foi relatado, Trump e Putin terão discutido a questão da Ucrânia e terão acordado num cessar-fogo no sul da Síria, mas o que foi importante foi mesmo o encontro entre ambos. Da boa relação pessoal entre estes dois homens pode resultar muita coisa boa para a paz mundial e a simples divulgação da fotografia desse encontro entre ambos, baixa de imediato a tensão internacional. Ainda bem.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Cuidado com os valentões oportunistas!

O incêndio de Pedrógão Grande e o roubo de Tancos foram factos muito graves que têm provocado muito pesar e um justificado alarme na sociedade portuguesa.
A onda de solidariedade que se gerou em torno da tragédia de Pedrógão Grande e a apreensão sobre as circunstâncias em que aconteceu o roubo de Tancos, têm marcado o nosso quotidiano e todos querem saber o que realmente se passou. Depois de muitos meses de euforia económica, de descontracção social e de alegria popular, estes casos foram autênticos murros no estômago.
Ninguém tem dúvidas que, num caso como no outro, houve coisas que não correram bem e que têm que ser esclarecidas.
Ninguém tem dúvidas que, num caso como no outro, há coisas que todos os governos têm desleixado desde há muitos anos.
Ninguém tem dúvidas que, num caso como no outro, os ministros fizeram o que podiam, isto é, a Ministra Constança não ateou qualquer fogo e o Ministro Azeredo não furou qualquer vedação.
Porém, também ninguém tem dúvidas que Cristas disparou numa histeria sem pudor, sem procurar outra coisa que não seja fazer sangue no governo, mas também no seu adversário directo. Este, embora sem a histeria da jovem angolana que quer governar Lisboa, também não se cansa de atacar tudo por interesse eleitoral. Nenhum deles parece lembrar-se dos que sofreram nem do que é preciso fazer para os ajudar. Chafurdam na política. São uns oportunistas. Para eles o que aconteceu não foi uma tragédia, mas tão só uma oportunidade política.
Porquê então este desregramento e esta histeria dos líderes da oposição que ao verem o adversário político debilitado pela tragédia, o esmurram e pontapeiam para colher dividendos, como se o que agora aconteceu não fosse também da sua responsabilidade política, designadamente nos anos do goverrno Passos-Portas-Cristas?  Uns valentões. Cuidado com eles!

quinta-feira, 6 de julho de 2017

O desejo independentista escocês

A Escócia é um dos quatro países do Reino Unido, tem uma superfície de cerca de 78 mil km2, um pouco mais de 5 milhões de habitantes e tem a sua capital na cidade de Edimburgo.
O governo escocês é chefiado desde 2014 por Nicola Sturgeon que é a líder do Scottish National Party (SNP), um partido nacionalista e social-democrata que é não só o maior partido da Escócia, mas também o terceiro maior partido do Reino Unido, depois dos Conservadores e dos Trabalhistas. O SNP defende a independência do país e, porque 63% dos escoceses votaram contra o Brexit, a dinâmica Nicola Sturgeon tem-se oposto a Theresa May e até já conseguiu que o Parlamento escocês aprovasse a realização de um novo referendo sobre a independência da Escócia a realizar em finais de 2018, isto é, antes de ficar formalizado o Brexit. Significa que a Primeira-Ministra britânica Theresa May está a encontrar muitas dificuldades para cumprir a sua tarefa e de uma posição hard, já passou para uma posição soft nas suas relações com Bruxelas.
Agora, através do The National, um jornal em cujo estatuto editorial está inscrita a luta pela independência escocesa, a notícia de que o produto escocês tinha crescido 0,8% no primeiro trimestre de 2017, enquanto o produto britânico crescera apenas 0,2% tornou-se num verdadeiro sinal de apoio à independência escocesa e deu origem a uma onda de entusiasmo nacional. Como o jornal escreveu “Scotland’s economy grows four times faster than the UK’s in first quarter”. É caso para dizer que a campanha já começou, mas muito antes do referendo escocês teremos que acompanhar o que se vai passar na Catalunha.

As perigosas provocações de Kim Jong-un

No passado dia 4 de Julho os Estados Unidos celebraram o Independence Day, o dia do ano de 1776 em que as Treze Colónias da costa oriental americana fizeram a Declaração de Independência e se separaram formalmente do Império Britânico.
The Fourth of July é o principal feriado dos Estados Unidos da América e tem uma enorme impacto sobre o orgulho nacional, o estilo de vida e a cultura americanas. Como sempre acontece, as festividades decorreram por todo o país e tiveram um acentuado cunho nacionalista, com muitos desfiles de majorettes e de veteranos, muitos festivais, muita música e a apresentação de bandas executando marchas militares, algumas delas criadas por John Philip de Souza.
A imprensa dedicou alargados espaços ao Dia da Independência, publicando inúmeras fotografias dos fogos de artifício e das multidões agitando as bandeirinhas das stars and stripes.
Este ano houve uma novidade internacional que foi a notícia de que a Coreia do Norte tinha lançado com sucesso o seu primeiro míssil balístico intercontinental baptizado como Hwasong-14, que tem capacidade para transportar uma ogiva nuclear e é capaz de atingir o território americano. Kim Jong-un tratou de festejar o acontecimento com grande excitação e, em atitude provocatória, afirmou que aquele míssil era uma prenda de aniversário norte-coreano para os Estados Unidos no seu Dia da Independência.
O USA Today registou essa provocação que terá despertado os falcões e os conselheiros de Trump que, desde há meses, têm vindo a concentrar atenções e meios militares naquela região do Pacífico.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

No ciclismo como na vida, não vale tudo

Está a decorrer a 104ª edição da Volta à França em bicicleta ou o Tour de France, uma das mais importantes provas desportivas mundiais que se realiza desde 1903 e que desperta um entusiasmo indescritível como se pode observar nas reportagens televisivas. Nos últimos anos, através da recolha de imagens muito diversas e da utilização de várias tecnologias de informação, o espectador televisivo pode acompanhar a corrida em directo, podendo observar tudo com grandes detalhe, talvez mesmo com mais informação do que se estivesse a pedalar no meio do pelotão de ciclistas. Além disso, a realização nunca perde a oportunidade de valorizar a reportagem com a apresentação de imagens dos belos monumentos e paisagens francesas, numa quase sugestão para que os turistas os visitem. São sempre grandes reportagens!
Ontem o Tour esteve no nordeste da França e teve a sua quarta etapa desde Mondorf-les-Bains até Vittel, numa distância de cerca de 207 quilómetros. Tudo correu com normalidade e correu-se com as altas velocidades proporcionadas pelas estradas planas da região da Lorena. Quando os ciclistas disputavam o sprint final para cortar a meta em primeiro lugar e vencer a etapa, aconteceu uma queda aparatosa. Só as imagens permitiram verificar que o ciclista eslovaco Peter Sagan, bicampeão mundial de ciclismo, dera uma cotovelada no ciclista britânico Mark Cavendish, um ciclista que já tem 30 vitórias em etapas do Tour, quando este o tentava ultrapassar pelo lado direito, causando a sua queda. Alguns jornais franceses e espanhóis destacaram a fotografia da cotovelada de Sagan que fez cair Cavendish.
Peter Sagan foi expulso da prova por decisão do colégio de comissários e Mark Cavendish foi obrigado a desistir devido a problemas e eventuais fracturas no ombro. O Tour vai continuar, mas vai sentir-se a ausência destes dois grandes ciclistas. Porém, no ciclismo como na vida, tem de haver regras e não vale tudo.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Macron procura novo rumo para a Europa

Emmanuel Macron foi eleito Presidente da República Francesa no passado dia 7 de Maio e no dia 18 de Junho ganhou as eleições legislativas com maioria absoluta. Um êxito rápido e surpreeendente. Ontem, menos de dois meses depois de chegar ao Eliseu, o presidente francês chamou ao palácio de Versailles os deputados e os senadores franceses e anunciou-lhes a sua estratégia para reformular de alto a baixo a política francesa. Para que não ficassem dúvidas sobre as suas intenções anunciou o propósito de reduzir em um terço o número de representantes de cada câmara – de 577 para 385, na Assembleia Nacional, e de 348 para 232, no Senado – e de alterar o actual sistema eleitoral de duas voltas das eleições legislativas, de forma a permitir uma representação parlamentar mais proporcional ao número total de votos, acrescentando que tratará da aprovação direta desta reforma pelos eleitores num referendo, se os parlamentares não analisarem rapidamente as propostas que anunciou.
O discurso de Macron reafirmou que os recentes resultados eleitorais são a prova do desejo de mudança e de alternância política dos franceses e o seu diagnóstico foi esclarecedor: “O nosso equilíbrio financeiro está deteriorado, a nossa dívida é considerável. O investimento produtivo é baixo. O desemprego atingiu níveis insuportáveis. A pobreza aumenta”.
Para além deste aspecto, o discurso de Macron referiu o estado de uma Europa enfraquecida pela burocracia, pelos egoísmos nacionais e pelo crescimento do cepticismo quanto ao futuro, prometendo lutar por uma maior justiça social e por uma nova Europa. O que não há dúvida é que com Emmanuel Macron parece haver um rumo alternativo ao declínio europeu dos últimos anos.