quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Os furacões e as alterações climáticas

Os estados americanos do Texas e da Louisiana têm estado sob os efeitos devastadores da passagem do ciclone tropical Harvey e, segundo mostram as imagens que nos chegam pelas televisões, há extensas zonas inundadas e muitas habitações destruídas. A cidade de Houston, que é a cidade mais populosa do Texas e a quarta cidade mais populosa dos Estados Unidos suportou ventos ciclónicos e em quatro dias fortes chuvadas que atingiram 127 centímetros de altura e inundaram extensas áreas da cidade.
A imprensa americana, nomeadamente o diário Houston Chronicle, tem considerado esta crise como uma calamidade impiedosa, pela destruição material provocada e pelas mais de duas dezenas de mortes que provocou.
Os furacões gerados no golfo do México que historicamente atingem o território americano, não resultam de circunstâncias meteorológicas novas, mas a sua ocorrência não pode ser separada da problemática das alterações climáticas ou, pelo menos, será essa a percepção de muita gente que não entende de meteorologia. Por isso, não deixa de ser curioso que os Acordos de Paris assinados em Dezembro de 2015 para travar as emissões de gases com efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global e por muitas alterações ambientais, tivessem sido denunciados por Donald Trump, quando decidiu unilateralmente  abandonar os compromissos de Barack Obama assumidos nos Acordos de Paris.
Perante a calamidade provocada pelo Harvey, muitos americanos até vão pensar que tudo resultou da decisão do Donald.

A tristíssima ressureição do Cavaco

Como se fosse uma múmia ressuscitada, ele deixou por umas horas o conforto da sua mansão na Quinta da Coelha e voltou à intervenção política.
Sem ter a noção de que seu tempo passou e que nada tem de interesse para dizer, não percebeu que o convite que lhe fizeram para falar na Universidade de Verão do PSD foi uma mera deferência e decidiu aceitá-la. As televisões mostraram-no mais rancoroso e mais vingativo que nunca.
Não vimos um antigo Presidente da República confiante, experiente, conselheiro e sábio, mas apenas um indivíduo ressabiado e ridículo, sem um comentário sobre a incerteza do mundo ou sobre a evolução do nosso país, sem uma palavra de incentivo e de confiança dirigida aos jovens que o ouviam. Aquela figura não foi capaz de sair da sua pequenez de Boliqueime, nem dos seus complexos culturais profundos, não conseguindo libertar-se da sua esfera de antigo contabilista. Não realçou o crescimento económico nem a paz social, não mostrou contentamento pela redução do desemprego, não salientou a confiança dos agentes económicos. Limitou-se a criticar muita gente e chamou a atenção para a "verborreia frenética" da maioria dos políticos e para as relações entre a política e o jornalismo, numa lamentável e pindérica referência ao actual Presidente da República que tanto tem agradado aos portugueses, mesmo daqueles que não votaram nele.
Numa tirada de grande recorte intelectual de raiz rural com origem em Boliqueime, apontou para os governos socialistas que se confrontam com uma realidade que se "projecta de tal forma que eles acabam por perder o pio, ou fingem que piam". "Mas são pios que não têm qualquer credibilidade e reflectem apenas jogadas partidárias", referindo-se à França de François Hollande, à Grécia de Alexis Tsipras e, certamente, ao Portugal de António Costa.
Foi lamentável ver um antigo Presidente da República fazer uma figura destas, num papel em que a ignorância e a mesquinhez se fundem na mesma pessoa. Porque razão nos veio incomodar e não se ficou pelas praias algarvias a apanhar conquilhas?

terça-feira, 29 de agosto de 2017

A Catalunha desliga ou não da Espanha?

Os trágicos acontecimentos ocorridos no passado dia 17 de Agosto em Barcelona e as manifestações de unidade contra o terrorismo que se seguiram, parece que não tiveram qualquer efeito sobre os separatistas catalães que já retomaram o seu discurso independentista.
Ontem, os dois principais movimentos separatistas – a coligação Junts per Sí e a CUP ou Candidatura de Unidade Popular – registaram no Parlamento da Catalunha uma proposta de lei intitulada Ley de Transitoriedad Jurídica y Fundacional de la República, que é uma lei de ruptura com a Constituição espanhola e que os separatistas querem aprovar antes do referendo que marcaram e esperam seja realizado no próximo dia 1 de Outubro, mas que é considerado ilegal pelas autoridades judiciais.
A proposta de lei inclui 89 artigos e está pensada para entrar em vigor se o sim vencer o referendo, nem que seja por um voto de diferença. Segundo o texto, o governo catalão passará a controlar o poder judicial e tomará as propriedades do Estado espanhol, mas não define como seria paga a parte catalã da dívida do Reino de Espanha. Como novidade, o texto indica o catalão, o castelhano e o aragonês como línguas oficiais da nova república e introduz o conceito de dupla nacionalidade catalã e espanhola.
Este documento visa a mobilização do eleitorado e a sua sensibilização para a credibilidade da proposta independentista, embora a oposição a acuse de barbaridade jurídica e golpe de estado.
De qualquer forma, se esta lei vier a entrar em vigor terá apenas um ano de validade, pois será o tempo necessário para a redacção de uma Constituição da república catalã, que seria depois ratificada em referendo.  
Hoje o diário ABC ilustra a situação por que passa a população catalã com uma tomada eléctrica com as cores da Espanha e uma ficha com as cores da Catalunha. Liga-se ou desliga-se? Os eleitores vão decidir se houver referendo, mas do que não há dúvidas é que os catalães têm um complexo processo pela frente.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Um campeão do mundo de Ponte de Lima

O desporto é um dos fenómenos sociais mais importantes do mundo contemporâneo e tornou-se um instrumento de afirmação dos países no contexto internacional, enquanto os grandes desportistas tendem, cada vez mais, a tornar-se verdadeiros símbolos nacionais. Porém, na história do desporto português os êxitos internacionais ainda são uma raridade e são muito poucos os desportistas portugueses que conseguiram sagrar-se campeões do mundo, pelo que o resultado ontem obtido pelo canoísta Fernando Pimenta justifica o destaque que lhe foi dado hoje pelo Diário de Notícias, já que a generalidade da imprensa generalista e até a imprensa desportiva portuguesa ignoraram o acontecimento.
Depois de já ter conquistado a medalha de prata na prova de K1 - 1.000, Fernando Pimenta venceu a medalha de ouro na prova de K1 - 5.000 nos Mundiais de canoagem que estão a decorrer em Racice, na República Checa. Em termos desportivos, o resultado conseguido por Fernando Pimenta é notável, resulta de um trabalho muito intenso e é um motivo de orgulho para os portugueses que gostam do desporto.
Embora alguns desportos colectivos como o futebol júnior e o hóquei em patins já tenham trazido títulos mundiais para Portugal, os títulos individuais são ainda mais raros. O atletismo já dera ao país alguns campeões do mundo, mas por serem mais imprevistos, os títulos individuais do ciclista Rui Costa em 2013 e agora do canoísta Fernando Pimenta são duas excepções.
Em 2013 foi a Póvoa de Varzim a celebrar.
Em 2017 é Ponte de Lima a festejar.
Aqui fica expresso o meu aplauso a Fernando Pimenta.

domingo, 27 de agosto de 2017

O protesto antiterrorista de Barcelona

Uma multidão calculada em meio milhão de pessoas tomou parte numa grandiosa manifestação ontem realizada em Barcelona em protesto contra o terrorismo e, em especial, contra as acções terroristas do passado dia 17 de Agosto. A fotografia que o jornal La Vanguardia publicou na sua capa é expressiva.
No desfile tomou parte o rei Felipe VI, tendo sido a primeira vez que um chefe de Estado espanhol participou numa manifestação, na qual participou também o primeiro-ministro Mariano Rajoy, numa demonstração de solidariedade para com as vítimas, mas também num acto de confiança na unidade do país perante qualquer ameaça jihadista.
No momento tão grave por que passa a sociedade espanhola em que o seu modelo de vida é posto em causa pelo terrorismo internacional, a unidade é um elemento essencial para afastar o medo e para recuperar a confiança nas instituições responsáveis pela segurança nacional. Por isso, a manifestação de Barcelona teve o apoio do Rei e das instituições centrais e autonómicas. No entanto, tanto o rei como o primeiro-ministro foram vaiados por alguns movimentos independentistas catalães que conseguiram aproximar-se da frente da manifestação, o que foi condenado por muitos órgãos da comunicação social. Nestas situações de gravidade extrema, sejam actos terroristas ou incêndios florestais, não pode valer tudo. Há que respeitar as vítimas e não é tempo para aproveitamentos políticos. Os independentistas catalães foram longe de mais e mostraram como estão radicalizados.
A manifestação procurou mostrar que a cidade não tem medo porque está protegida pelas forças de segurança, sentindo-se orgulhosa pela rápida resposta das equipas de emergência, sobretudo do pessoal médico e dos hospitais. No manifesto lido na Praça da Catalunha, foi afirmado que “não conseguirão dividir-nos porque não estamos sozinhos, pois somos muitos milhões de pessoas que condenam a violência e defendem a convivência em Manchester e em Nairobi, em Paris ou Bagdade, em Bruxelas e Nova Iorque, em Berlim ou Cabul”. Associemo-nos, portanto, à manifestação de Barcelona.

Aste Nagusia, a grande festa basca

Terminam hoje em Bilbau as famosas festas Aste Nagusia Bilbao 2017 que, muitas vezes, são consideradas a maior mostra da cultura do País Basco (ou Euskal Herria), a região histórico-cultural do extremo norte da Espanha onde vive o povo basco.
Ao longo de oito dias, o Ayuntamiento de Bilbao promoveu um extenso programa de actividades que incluiu mais de quatro centenas de iniciativas como as corridas de touros, o teatro de rua, inúmeros concertos desde o lírico ao pop-rock, fogos de artifício e, sobretudo, muitas actividades características da cultura basca. De entre estas, destacaram-se as bilbainadas, um género musical típico da região da Biscaia e os jogos e as danças tradicionais bascas.
Este ano a Aste Nagusia teve como particular atracção uma exibição levantamento de pedras, uma tradição rural basca, que foi aproveitada para homenagear a família Izeta da povoação de Aia, que tem mantido esta prática ao longo de sucessivas gerações. Então, Hodei Izeta levantou uma pedra de 178 kg, o dobro do seu peso corporal, fazendo-o por 4 vezes; Jesús Mari levantou uma pedra cúbica de 113 kg durante 3 minutos; Hodei e José Ramón levantaram uma pedra de 100 kg apenas com uma mão e fizeram-no 80 vezes. Os pequenos Izeta Jakes (9 anos) e Unax (7 anos) também participaram e levantaram pedras de 25 kg.
Porém, o momento alto desta iniciativa do desporto rural basco foi o “ataque” à “mitica piedra de Mungia” que pesa 4.300 kg e que foi protagonizado por sete indivíduos bascos de superior compleição física e treino nesta arte. Sete forzudos, cinco por detrás e dois pela frente, dizia o Deia, o jornal nacionalista basco que se publica em Bilbao. A pedra foi movida durante 20 minutos ao longo de 68 metros! A multidão incitou e aplaudiu. Desde há quase 50 anos que a pedra não era movida e, por isso, o jornal dizia que “este dia quedará en la historia de todos los bilbainos”.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Ronaldo é o campeão dos campeões

O indivíduo que aos 32 anos de idade é o mais português famoso de sempre, esteve ontem no Mónaco onde foi eleito o Jogador do Ano da UEFA de 2016/17, por votação de um júri composto por 80 treinadores dos clubes que participaram na fase de grupos da Liga dos Campeões de 2016/17 e por 55 jornalistas que representavam cada uma das federações-membro da UEFA. Cristiano Ronaldo (Real Madrid) recebeu 482 votos, enquanto Lionel Messi (Barcelona) ficou em segundo lugar com 141 votos e Gianluigi Buffon (Juventus) ficou em terceiro lugar com 109 votos. Já é um lugar comum ver Ronaldo a receber os principais prémios do futebol internacional e, por isso, não causou qualquer surpresa vê-lo ontem a receber mais dois prémios correspondentes à sua eleição como o melhor avançado e o melhor jogador da UEFA de 2016/17.
Cristiano Ronaldo é realmente um fenómeno futebolístico e marca golos como ninguém. É o maior goleador de sempre da história do Real Madrid com 407 golos em 396 jogos, é o maior goleador de sempre da Liga dos Campeões com 101 golos e, ainda, é o maior goleador da selecção portuguesa com 73 golos em 139 jogos. Na última edição da Liga dos Campeões foi o melhor marcador com 12 golos, incluindo dois em Cardiff no jogo da final com a Juventus.
Desde 2004 que vem acumulando recordes e troféus, entre eles duas Bolas de Ouro e duas Botas de Ouro. Com tantos prémios e com a veia comercial que também tem, em 2013 inaugurou um museu no Funchal para exibir todos os seus troféus. É caso para dizermos, como hoje diz o diário desportivo espanhol as, que Cristiano é o “rey de la Champions” ou que é o campeão dos campeões.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Um veleiro num porto é sempre uma festa

O navio-escola argentino Libertad está de visita ao porto de Santa Cruz de Tenerife e o jornal El Dia dedicou-lhe uma fotografia na capa a quatro colunas, escolhendo uma sugestiva legenda:
“Canarias recibe um ‘pedacito’ de Argentina”.
Nas ilhas atlânticas, como nos portos históricos da navegação à vela, a presença de um veleiro é sempre assinalada com grande destaque pelas autoridades, pela população e pela comunicação social, porque evoca muitas memórias de outros tempos. É assim em Tenerife, como no Mindelo, na Horta ou no Funchal.
No caso do Libertad, um veleiro de três mastros que está ao serviço da Marinha da Argentina desde 1963 e que já não visitava aquele porto desde 2009, o jornal noticiou a sua chegada com o título “Argentina llega por mar”.
Em Outubro de 2012 o navio foi protagonista de um episódio muito caricato, quando um tribunal do Ghana decidiu o seu embargo no porto de Tema, perto de Accra, por causa de uma acção interposta por um fundo financeiro especulativo, que reivindicava à Argentina o pagamento de uma dívida. As autoridades do Ghana aproveitaram a oportunidade e exigiram um fiança de 20 milhões de dólares para libertar o navio, o que foi recusado pela Argentina. Só a intervenção do Tribunal Internacional do Direito do Mar, que por unanimidade deu razão à Argentina, desbloqueou a situação. Mas foram quase três meses “de castigo” no porto de Tema. Agora em Tenerife será bem diferente e será certamente uma festa, como esperam os 20 mil argentinos que vivem nas ilhas Canárias.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Águas residuais ameaçam as Canárias

A edição de ontem do Diario de Avisos, um jornal centenário que se publica em Santa Cruz de Tenerife e que é o mais antigo periódico das ilhas Canárias, dedicou a sua capa de ontem à ”vergonha que não se pode ignorar”, isto é, à descarga no mar da maioria das águas residuais ou esgotos das ilhas Canárias, que é feito sem o tratamento a que obrigam as leis espanholas e europeias.
Esta realidade foi conhecida na sequência da aparição de enormes manchas de cianobactérias conhecidas por algas azuis que, segundo nos informa o amigo Google, são microalgas que provocam a morte dos peixes e podem afectar a saúde dos banhistas e de quem consumir o peixe capturado naquela zona. Os efeitos sobre a saúde dos banhistas pode ir desde um simples caso de alergia até a problemas mais graves com incidência no fígado. Trata-se, portanto, de uma ameaça, pelo que as autoridades podem vir a proibir a pesca e os banhos de mar nessas zonas, o que a acontecer, afectaria enormemente o turismo nas ilhas Canárias.
Segundo informa o jornal, existe a convicção generalizada que este problema está relacionado com o facto de 74% dos locais de descarga de águas residuais das ilhas Canárias serem ilegais, o que corresponde a 378 condutas ou saídas que descarregam no mar as suas águas residuais sem o devido tratamento. São demasiados esgotos a poluir o ambiente marinho e a contribuir para que o mar das ilhas Canárias tenda a ser uma lixeira e uma ameaça à saúde pública. Como diz o Diario de Avisos, as Canárias estão ”rodeadas de vertidos” e isso é “ la vergüenza del paraíso turístico”. A imagem da capa do jornal é esclarecedora e até pode alarmar os residentes e os turistas quanto à limpeza das águas das sete ilhas canárias. A agravar a situação e segundo foi apurado, tem-se verificado um aumento considerável das descargas de origem urbana, sobretudo domésticas, embora com uma ligeira diminuição das descargas de origem industrial.
Como será na costa portuguesa? Aqui está um bom tema para ser investigado.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

O Donald deve ter contagiado a US Navy

Nos últimos meses a Marinha americana tem enfrentado demasiadas ocorrências o que, naturalmente, enerva Donald Trump que tanto elogiara a sua US Navy durante a sua campanha eleitoral. A hipótese das asneiras do Donald terem contagiado a US Navy tem todo o sentido.
Ontem, no estreito de Malaca e nas proximidades de Singapura, o destroyer USS John S. McCain (DDG-56), que integra a 7ª Esquadra dos Estados Unidos e tem a sua base em Yokosuka, esteve envolvido numa colisão com o petroleiro Alnic MC de bandeira liberiana, daí resultando 10 desaparecidos e 5 feridos no navio americano. O incidente vem hoje relatado com grande destaque no diário The Straits Times de Singapura, mas também em alguns jornais dos países do sueste da Ásia, exibindo a foto do navio nas primeiras páginas.
Donald Trump reagiu a este acidente visivelmente incomodado e limitou-se a dizer que “era muito mau”. De facto, a US Navy vem acumulando incidentes nas águas da Ásia Oriental e, desde Janeiro, já se verificaram quatro ocorrências graves com navios americanos.
Dois meses antes da colisão do USS John S. McCain, também o USS Fitzgerald (DDG-62) colidiu no dia 17 de Junho nas costas do Japão com o porta-contentores filipino ACX Crystal, daí resultando 7 mortes e 3 feridos entre os tripulantes do destroyer americano.
No dia 9 de Maio foi um pesqueiro sul-coreano que colidiu em águas internacionais com o cruzador USS Lake Champlain (CG-54), embora não se tivessem verificado quaisquer baixas. Finalmente, nesta preocupante sequência, quando estava fundeado na baía de Tóquio, no dia 31 de Janeiro, o cruzador USS Antietam (CG-54) não aguentou os ventos de 30 nós, garrou e foi embater em alguns rochedos submersos e quase encalhou, acabando por se safar, embora com graves danos nos seus hélices e com o derrame de grande quantidade de óleos lubrificantes.
Não era habitual que a US Navy tivesse tantas ocorrências destas. Será que a incompetência do Donald, que é o seu comandante-chefe, contagiou a US Navy?

As nossas televisões são irresponsáveis?

As nossas televisões estão no mercado e em acesa concorrência entre si, independentemente do seu estatuto empresarial ser público ou privado. Lutam por audiências para comerem uma fatia maior do bolo publicitário e usam o sensacionalismo noticioso de uma forma pouco jornalística. Não informam com serenidade e rigor. Usam linguagens e imagens panfletárias para despertar a atenção como se tratasse de um produto comercial. Não distinguem informação de entretenimento. E insistem “não mude de canal”, “fique por aí”, não perca”.
As nossas televisões estão ao nível do que pior se vê nas televisões que nos chegam por assinatura. São uma lástima e um atentado à inteligência das pessoas, com as manhãs cheias de conversas populistas e desinteressantes, com as tardes ocupadas com uma pimbalhada que assusta e com as noites preenchidas por intermináveis debates sobre futebol.
O serviço público de televisão não existe ou parece uma caricatura. Nas nossas televisões dominam os profissionais de segunda categoria, os entertainers e o serviço noticioso está entregue a estagiários, muitas vezes sem qualificação. O direito constitucional a ser informado é subalternizado pela lógica da repetição continuada de peças apresentada por correspondentes locais pouco preparados. Chegou-se ao paradoxo e ao ridículo do canal público anunciar e apresentar uma entrevista a um presumível assassino, em que a jornalista quis fazer espectáculo e branquear o entrevistado, sem que nada lhe acontecesse.
A obrigação de formar e de informar o público é ultrapassada sem escrúpulos e, no caso dos incêndios florestais, tal como nas operações contra o terrorismo, as televisões e os seus responsáveis editoriais parecem tomar o partido dos incendiários e dos terroristas, porque objectivamente promovem as suas acções através das imagens que divulgam e da repetição com que as transmitem. O que tem sido feito nas nossas televisões não é jornalismo. A irresponsabilidade desta gente é mesmo muito grande!  
Hoje o jornal i recuperou na sua primeira página uma declaração da antiga primeira-ministra britânica Margareth Thatcher sobre esse assunto, que mantém a sua actualidade e que bem poderia servir para iluminar a inteligência de quem faz notícias, de quem as edita e até de quem as apresenta como se fosse um espectáculo.

A América merecia um Presidente melhor

No dia 20 de Janeiro de 2017 Donald Trump tomou posse como o 45º Presidente dos Estados Unidos e, segundo informam diversos registos, é o primeiro cidadão americano que sem qualquer experiência política anterior atingiu a presidência, sendo também o mais velho e o mais rico a assumir tão importante cargo.
A sua inexperiência política, associada às suas peculiares características psicológicas, têm feito do Donald um problema para a política americana, mas também um perigo para o mundo. Nos sete meses de mandato que já cumpriu, o Donald tem acumulado tantos disparates que a sua acção se tornou, interna e internacionalmente, um motivo de chacota. De forma irresponsável meteu na Casa Branca os filhos e os amigos dos filhos, criando um círculo de assessores impreparados, que gera instabilidade e provoca demissões sobre demissões. As ameaças que fez a Kim Jong-un e a Nicolás Maduro cobriram-no de ridículo e colocaram-no ao nível mais baixo da política internacional. A Europa, apesar dos tempos de crise e de incerteza que atravessa, ri-se à gargalhada do Donald. A sua popularidade na sociedade americana desceu a níveis impensáveis e são cada vez menos aqueles que o apoiam até no seu próprio partido. A América merecia melhor. A América merecia alguém que gerasse o respeito do mundo. A América não merece alguém que é motivo de troça universal.
A tolerância dos mass media parece ter terminado e as críticas ao Donald sobem de tom. As grandes revistas internacionais escolheram o Donald como alvo e as suas caricaturas ocupam as primeiras páginas. Agora foi a nova-iorquina Newsweek, considerada a mais liberal das grandes revistas americanas e que está integrada no grupo do Washington Post, que vem ridicularizar o Donald ao perguntar ao leitor se está pronto para a guerra, ao mesmo tempo que também pergunta se os generais americanos podem salvar a América e o mundo deste Trump. A fotomontagem da capa é um bom exemplo da apreciada frase que diz que uma imagem vale mais do que mil palavras.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Las Ramblas reagem ao terror e ao medo

Os acontecimentos do passado dia 17 de Agosto em Barcelona traduziram-se na morte de 14 pessoas, entre as quais duas cidadãs portuguesas, para além de mais de uma centena de feridos. A cidade de Barcelona, toda a Espanha e o mundo civilizado sentiram mais uma vez como a insegurança está a tomar conta do nosso modo de vida e reagiram com rapidez, condenando a barbaridade deste acção terrorista e solidarizando-se com as vítimas. Em Barcelona, a população juntou-se em várias iniciativas públicas e religiosas, tendo reocupado as Ramblas, o simbólico local da cidade onde ocorrera o crime jihadista e por onde passam todos os turistas, como mostra a fotografia que ilustra a edição de hoje do diário ABC. Assim se quis mostrar a toda a gente que não há que ter medo do terrorismo, nem dos terroristas. Numa atitude de grande solidariedade ibérica, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa estiveram pessoalmente em Barcelona, participaram em algumas cerimónias evocativas da tragédia e, simbolicamente, sentaram-se numa esplanada das Ramblas para tomar um café. Um grande exemplo de governantes e de homens de Estado que muito nos deve orgulhar.
Entretanto, já começam a ser conhecidos os contornos da acção desencadeada por uma célula catalã do Daesh, provavelmente a base logística da sua actividade na Europa, que a partir da localidade de Ripoll e do seu imã, estaria a preparar a utilização de carrinhas com explosivos para serem lançadas contra a Basílica da Sagrada Família, o imponente monumento da autoria do arquitecto catalão Antoni Gaudi.

domingo, 20 de agosto de 2017

Alunos de Cabo Verde procuram Portugal

O arquipélago de Cabo Verde é constituído por dez ilhas, tem uma área total um pouco superior a 4 mil quilómetros quadrados e tornou-se independente de Portugal no dia 5 de Julho de 1975 com o nome de República de Cabo Verde. Significa que, até 1975, os seus habitantes eram portugueses e que só a partir de então se tornaram cidadãos cabo-verdianos.
Apesar dessa circunstância política, as relações históricas e culturais e as afinidades afectivas entre Portugal e Cabo Verde mantiveram-se e intensificaram-se, até porque muitos dirigentes e quadros administrativos cabo-verdianos se formaram em Portugal.
O progresso económico e o desenvolvimento social cabo-verdianos exigem cada vez mais quadros devidamente preparados e daí que a procura de estabelecimentos de ensino superior em Portugal seja grande, o que se traduz num benefício cultural para ambos os países. Porém, para os estudantes cabo-verdianos que queiram estudar em Portugal o processo é um “calvário”, como se lhe refere o semanário A Nação, pois os estudantes não só têm que apresentar um processo de candidatura à instituição que desejam frequentar, como também precisam de um visto consular que, entre outras exigências, obriga à apresentação de um termo de responsabilidade assinado por alguém que resida em Portugal o que, no mínimo, é ridículo. Por isso, o jornal afirma que estudar em Portugal se está a transformar numa “miragem” e pergunta se “Portugal quer mesmo formar cabo-verdianos nas suas universidades”.
O problema não é novo, nem tão pouco é exclusivo nas relações entre Portugal e Cabo Verde. Por isso, esta situação dos estudantes que não são emigrantes nem turistas, não pode ficar nas mãos de uns funcionários consulares burocratas e incompetentes, mas tem que ser resolvido ao mais alto nível pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. Para bem do futuro das relações entre os dois países.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Donald Trump não sabe ser Presidente

No passado sábado aconteceu uma manifestação da extrema-direita na cidade de Charlottesville, no estado americano da Virgínia, que originou violentos confrontos e despertou uma onda de ódio, intolerância e violência, nada habituais no país que, como poucos, simboliza a liberdade. Os manifestantes de extrema-direita que incluiam supremacistas brancos, elementos neo-nazis e membos do Ku Klus Klan, empunhavam bandeiras, tochas, capacetes e escudos e, de forma provocadora, cercaram os contra-manifestantes de vários grupos de esquerda, que contestavam a marcha da extrema-direita racista e anti-semita. Durante os confrontos um automóvel abalroou um grupo de pessoas provocando pelo menos um morto e 19 feridos.
As autoridades estaduais declararam o estado de emergência na cidade e a partir de New Jersey onde se encontrava, pudemos ver o Donald a condenar os incidentes e a criticar a violêrncia “dos dois lados”. Esta declaração de Donald Trump suscitou muita indignação nos Estados Unidos, incluindo a de alguns destacados políticos republicanos, pois o Donald não assumiu uma clara posição contra os grupos de extrema-direita assumidamente fascistas e neo-nazis que, segundo alguns observadores, lhe terão dado grande apoio eleitoral.
Na edição que hoje foi posta a circular, a conceituda revista inglesa The Economist ilustrou a sua capa com uma caricatura do Donald a gritar com um megafone que não é outra coisa que um gorro da Ku Klus Klan e destacou que “Donald Trump não compreende o que significa ser presidente”, perguntando se valerá a pena aos republicanos continuar a apoiar este outsider da política que se tem mostrado tão incapaz de exercer o seu cargo.
Realmente, com este Donald o mundo é mais inseguro e até os Estados Unidos tendem a tornar-se politicamente instáveis. Porque é que ele não vem a Portugal aprender a ser Presidente?

Barcelona e a globalização do terror

Ontem em Barcelona, no seu mais famoso local turístico e que é um passeio obrigatório para todos os que visitam a cidade, aconteceu uma tragédia que matou 13 pessoas e deixou mais de oito dezenas de feridos numa acção já reivindicada pelo Daesh.
Depois de passar a Praça da Catalunha, uma carrinha entrou na zona central das Ramblas, exclusiva para peões, lançando-se a alta velocidade por essa larga avenida pedonal que desce por algumas centenas de metros, atropelando muitas dezenas de pessoas. A cidade e toda a Espanha ficaram em estado de choque, como se verifica hoje na imprensa espanhola, mas também na imprensa internacional.
Este atentado vem mostrar uma vez mais a globalização das ameaças que pesam sobre as sociedades europeias, mas também vem unir a Espanha e, provavelmente, dissuadir os catalães de optarem por saltos no escuro no que respeita às suas ideias separatistas, num tempo de grande contestação à pressão turística e de muita tensão devido à possível realização de um referendo sobre a independência da Catalunha, considerado inconstitucional pela maioria das forças políticas. Esta tragédia vai, portanto, ter alguma influência no futuro da Catalunha e da Espanha.
Segundo refere a imprensa, em pouco mais de um ano aconteceram oito ataques em cidades europeias, nos quais foram utilizados camiões ou carros contra as pessoas que circulavam na via pública. O maior desses atentados aconteceu na cidade francesa de Nice onde em Junho de 2016 morreram 84 pessoas, mas também já ocorreu em Berlim, Londres, Estocolmo e Paris. Estamos, portanto, confrontados com uma ameaça global à segurança e à liberdade das pessoas.
Embora os últimos tempos tenham sido de grandes tragédias em Portugal por causa dos incêndios florestais e pela queda de uma árvore na ilha da Madeira, a barbaridade desta acção jhiadista em Barcelona impressiona e vem confirmar que a nossa liberdade e o nosso modo de vida estão cada vez mais condicionados.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Inês e o inesperado sucesso desportivo

Eu nunca ouvira falar da Inês Henriques que ontem se sagrou campeã do mundo e bateu o record mundial na prova dos 50 quilómetros de marcha atlética do Campeonato Mundial de Atletismo de 2017 realizado em Londres. Foi, portanto, um resultado inesperado para mim mas que muito aplaudi quando ontem assisti à prova através da transmissão directa por um canal televisivo internacional. Esse resultado, adicionado à medalha de bronze conquistada uns dias antes por Nélson Évora na prova do triplo-salto, colocaram Portugal no 18º lugar do quadro geral das medalhas deste campeonato, onde não figuram países como a Espanha e a Holanda e onde o nosso país aparece à frente da Itália, da Suécia e do Brasil, por exemplo. É um resultado desportivo notável com o qual todos ficamos agradados e que muito prestigia o nosso país desportivo.
Habitualmente, nem os jornais desportivos nem os jornais generalistas portugueses dão importância aos sucessos dos desportistas portugueses, preferindo promover o futebol e os futebolistas. Os exemplos são frequentes e, ainda recentemente, a imprensa portuguesa quase ignorou os títulos europeus de Fernando Pimenta na canoagem e de João Pereira no triatlo, ao mesmo tempo que dedicava páginas e espaços noticiosos a futebolistas de pouca qualidade desportiva, quase sempre vindos do Brasil. Desta vez, essa situação não se verificou e os jornais desportivos deram grande destaque à vitória de Inês Henriques e até o Diário de Notícias, que ainda é o jornal português de referência, trouxe o assunto para a sua primeira página, com uma expressiva fotografia da atleta de 37 anos de idade, nascida em Santarém e que treina no Clube de Natação de Rio Maior.
Por tudo isso, aqui deixo o meu aplauso à atleta e ao jornal.

domingo, 13 de agosto de 2017

Temos fanfarrões para todos os gostos

O diário ABC que se publica em Madrid é considerado um jornal conservador e que reflecte as posições da monarquia espanhola.
Hoje escolheu uma imagem muito oportuna para ilustrar a capa da sua edição e bem podia ter escolhido como título, por exemplo, os fanfarrões ou qualquer coisa parecida. De facto, no panorama internacional têm-se destacado as declarações fanfarronas de Kim Jong-un, de Nicolás Maduro e de Donald Trump, a lembrar os tempos de outros fanfarrões como Muammar Kaddafi ou Saddam Hussein, ou mesmo, de Benito Mussolini e Adolfo Hitler. Realmente, estamos a passar por um tempo em que os fanfarrões estão a tornar este mundo muito perigoso, como se não houvesse tantos problemas para resolver à escala global, não só em relação às desigualdades entre os homens, mas também em relação à preservação ambiental do nosso planeta.
Diz o ABC que Donald Trump “amplía su ofensiva belicista” e de facto, já não bastava a contínua retórica de ameaça em relação à Coreia do Norte, pelo que agora se decidiu ameaçar Nicolás Maduro e a Venezuela. Alguns países latino-americanos não gostaram de ouvir essas ameaças e até a oposição venezuelana parece ter rejeitado a intromissão de Trump nos assuntos internos do país.
Portanto, os fanfarrões da Coreia do Norte e da Venezuela parece terem encontrado em Donald Trump um fanfarrão à sua altura que, por ser ignorante e inculto, desconhece que o poder militar americano não é ilimitado, como várias vezes se tem visto desde a guerra do Vietnam. Esperemos que os seus conselheiros militares o esclareçam de que as guerras não se ganham apenas com bombas e que há muitos outros factores a determinar a sorte da guerra.

sábado, 12 de agosto de 2017

Pyongyang não atemoriza o povo de Guam

No princípio desta semana a Coreia do Norte informou o mundo que, a meio do mês de Agosto, completaria o seu plano de ataque à ilha de Guam, que é administrada pelos Estados Unidos desde 1898 e fica situada no Pacífico Ocidental, pelo que depois bastaria uma ordem de Kim Jong-un para que um ataque se desencadeasse. O regime de Pyongyang estaria então pronto para dar “uma lição” aos Estados Unidos.
Donald Trump não perdeu tempo e tratou de repetir que as soluções militares americanas estão posicionadas, prontas e carregadas, garantindo que podem acontecer coisas que os norte-coreanos nunca imaginaram ser possíveis.
A escalada verbal é de tal ordem que o jornal nova-iorquino Daily News escrevia ontem na sua primeira página: what said it, un or don?, apresentando um conjunto de frases ameaçadoras e muito semelhantes, para que os leitores identificassem se o seu autor era Kim Jong-un ou Donald Trump. Significa que, para aquele jornal e para muito mais gente, aqueles dois líderes são mesmo muito perigosos e muito parecidos na sua fanfarronice.
Entretanto, a população da ilha de Guam que é de cerca de 180 mil habitantes parece estar indiferente a estas ameaças e a esta retórica. Basta ler o Pacific Daily News, o maior jornal da ilha, que até exibe a fotografia dos mísseis norte-coreanos, mas que destaca depoimentos que revelam que a população está calma, não está intimidada e considera que este discurso ameaçador do regime de Pyongyang não é novo e não pode ser levado a sério. Só não se sabe se as importantes bases militares da ilha ou a sua própria capital estão protegidas por abrigos ou por sistemas de protecção anti-míssil eficazes.
O facto é que embora Kim Jong-un não esteja a atemorizar o povo de Guam, os seus 541 km2 estão ameaçados.

A política carece de gente de carácter

A devastadora onda de incêndios que percorre o país tem sido catastrófica e, para além daqueles que tragicamente perderam a vida, tem provocado milhares de hectares de floresta ardida e muito património destruído em diversas regiões do país. O problema é muito mais grave do que todos e cada um de nós pensou. É mesmo um caso de emergência nacional a obrigar todos e cada um de nós a contribuir com ideias e soluções para resolver esta calamidade que se repete todos os anos.
Ontem, num debate televisivo da RTP3 que ocorre semanalmente, o antigo ministro e dirigente centrista Luís Nobre Guedes afirmou que em matéria de incêndios “há uma responsabilidade colectiva alargada a todos os partidos, sem excepção. Uns com mais responsabilidade, outros com menos. Não há ninguém que saia ileso disto, incluindo eu que fiz parte de um governo e se calhar também não me apercebi na altura de que era urgente tomar algumas medidas que não foram tomadas”. Ora aqui está uma atitude sensata, equilibrada e inteligente, com a qual concordo e que já aqui exprimi há várias semanas.
Porém, os principais dirigentes do partido de Nobre Guedes, que dão pelo nome de Cristas e Magalhães, por acaso ambos naturais de Angola, têm protagonizado uma despudorada guerra contra a ministra da Administração Interna, exigindo a sua demissão, sem perceberem que os tempos de emergência por que passamos são para construir soluções e não são para exigir demissões. Além disso, como referiu Nobre Guedes, eles também não estão ilesos. Cristas tutelou as florestas durante quatro anos e, em vez de estar calada para apagar os remorsos que por certo lhe vão na alma pelo que não fez enquanto ministra, enveredou com o seu acólito Magalhães por esta cruzada irresponsável, que parece uma garotada. São politicamente irresponsáveis. Podiam esperar pelo relatório final da comissão independente que está a estudar o que se passou em Pedrógão, mas não resistem a uns minutos na televisão. Atacam sem pudor quando os fogos ardem, apenas para tirar proveitos políticos. Os eleitores não os vão desculpar. Se Amaro da Costa ou Lucas Pires, por exemplo, assistissem a isto, envergonhavam-se e abandonavam o partido que ajudaram a criar e a crescer.
É caso para perguntar se estes oportunistas que agora dirigem o partido de Adriano Moreira têm carácter suficiente para estar na vida política.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Bima Suci: o novo navio-escola indonésio

Na ria de Vigo, a pouco mais de trinta quilómetros da fronteira portuguesa, os estaleiros Construcciones Navales Paulino Freire, SA, preparam-se para entregar à Marinha da Indonésia o seu novo navio-escola Bima Suci.
Este novo veleiro de 110 metros de comprimento e 13,5 metros de boca tem três mastros, arma em barca e terá 3.350 metros quadrados de superfície vélica. Segundo as informações que foram divulgadas, o navio dispõe das mais modernas tecnologias e os seus alojamentos confortáveis, ou mesmo luxuosos, poderão receber 200 elementos, entre tripulantes e cadetes embarcados, mas o navio também vai servir de “embaixada flutuante” destinada a promover o país.
O imponente veleiro substituirá o Dewaruci, o pequeno navio-escola de 58 metros que serviu a Marinha indonésia nos últimos 64 anos para instruir os seus cadetes. O contrato de construção atingiu um valor de cerca de 70 milhões de euros e resultou de um concurso internacional em que participaram outros estaleiros espanhóis, mas também polacos e holandeses, tendo assegurado dois anos de trabalho a 300 pessoas.
Na sua edição de hoje o jornal Faro de Vigo destaca com uma fotografia de capa o escultor galego José Molares a dar os últimos retoques na escultura do deus Bima Suci, que deu o nome ao navio e que foi colocada como carranca na proa do navio onde, como sugere a tradição náutica, afastará os maus espíritos e acalmará as tempestades.
Entretanto, decorrem na ria de Vigo as provas de mar do navio que têm sido especialmente apreciadas (e fotografadas), porque não é habitual ver uma tão grande superfície vélica naquela ria, pois tem 200 metros quadrados a mais do que o navio-escola espanhol Juan Sebastian Elcano... e 1.415 metros quadrados mais que o navio-escola Sagres, cuja superfície vélica é de 1.935 metros quadrados.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Já chegou o fim da crise? Não sei…

A Comissão Europeia entusiasmou-se com as últimas notícias da economia e, perante um desemprego que está ao seu mais baixo nível desde 2008, um investimento que está a aumentar, umas finanças públicas mais equilibradas e um sistema bancário que se fortaleceu, decidiu anunciar o fim de uma crise que durou dez anos e que foi a pior por que passou a União Europeia na sua história de seis décadas.
Hoje, o diário ABC deu um enorme destaque a esta notícia, que pode ser verdadeira ou não, mas que é prematura. Embora pareçam já estar ultrapassados os tempos do subprime e as situações de grande dificuldade que levaram a intervenções e resgates, de diferente extensão e natureza, na Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Chipre, esta declaração é precipitada, mesmo considerando que o produto global da UE28 esteja a crescer a 2%. Esta euforia dos burocratas de Bruxelas também está a passar por Portugal, impulsionada por um clima de generalizada confiança e de estabilidade política, mas sobretudo pela excelência dos resultados das exportações e do turismo. Segundo as previsões do Banco de Portugal a economia portuguesa irá crescer 2,5% em 2017, que é superior àquele que se prevê para o conjunto da UE28, pelo efeito do enquadramento internacional de recuperação da procura interna, do investimento e do emprego. Dizem que é a retoma que aí está, mas ainda é cedo para se tirar essa conclusão.
Embora estejam anunciadas estas perspectivas favoráveis, será bom que as nossas autoridades não se esqueçam do enorme endividamento dos agentes económicos, do elevado desemprego de longa duração e do acentuado envelhecimento da população, para além de, ao contrário do que afirma a Comissão Europeia, não sabermos se os nossos bancos estão realmente mais fortes do que há dez anos atrás. Que as coisas estão a andar bem é uma evidência que deixa o Passos e a Cristas bem nervosos, mas será que se pode anunciar o fim da crise?

A escalada do confronto agudiza-se

A Coreia do Norte vem desenvolvendo desde há vários anos um programa nuclear e um programa de mísseis que muito tem preocupado a comunidade internacional e, em especial, os países daquela região asiática, mas também os Estados Unidos. As tentativas levadas a efeito para travar esses programas não têm resultado e apenas têm conduzido o regime de Pyongyang e o seu líder Kim Jong-un à intensificação do seu discurso ameaçador, sobretudo contra os Estados Unidos. Depois do lançamento do seu primeiro míssil balístico intercontinental com capacidade para atingir o território americano, o nível das suas ameaças aumentou e a tensão entre os dois países acentuou-se. Esse lançamento terá constituído “um sério aviso” aos Estados Unidos, mostrando que a Coreia do Norte estava em condições de lançar um míssil balístico intercontinental contra o território americano “a qualquer momento e a partir de qualquer lugar”.
Entretanto, aconteceu um segundo lançamento de um míssil balístico intercontinental e soube-se que a Coreia do Norte conseguiu produzir ogivas nucleares com as dimensões adequadas para serem transportadas pelos seus mísseis. O tom da sua ameaça subiu de tom, havendo notícias de que nos arsenais norte-coreanos haverá várias dezenas de ogivas nucleares.
Donald Trump reagiu às ameaças norte-coreanas e, de acordo com o Newsday e outros jornais, afirmou que “eles enfrentarão fogo e fúria como o mundo nunca viu”. Por outro lado, há repetidas mensagens a avisar Kim Jong-un que com as suas ameaças está a arriscar a destruição do seu povo e do seu próprio país.  
A situação é muito complexa e perigosa, até porque está nas mãos de dois obstinados. Ali ao lado, a China permanece atenta e, aparentemente, quer ser apenas espectadora. Porém, tudo parece convergir no sentido de uma tempestade perfeita.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

A China a avisar Pyongyang e Washington

Menos de duas semanas depois da Coreia do Norte ter levado a efeito o seu segundo teste com um míssil de longo alcance, que parece ter sido bem sucedido, as forças navais chinesas realizaram um programa de exercícios ofensivos e defensivos em que participaram navios de superfície, submarinos, aviação naval e forças da guarda costeira chinesa. Esses exercícios realizaram-se no mar Amarelo, que separa a costa oriental da República Popular da China da costa ocidental da península da Coreia e, segundo foi anunciado, visaram testar o grau de treino táctico e operacional chinês, as suas armas e as suas tropas de desembarque, tendo incluído intercepção aérea e assaltos anfíbios. Os analistas têm defendido que estes exercícios foram uma advertência ao regime de Pyongyang e uma clara mensagem a informar que a República Popular da China não se alheará do que possa acontecer na região, sobretudo se a ameaça de guerra se vier a concretizar. Porém, certamente estes exercícios também foram um aviso para os Estados Unidos e para Donald Trump, a lembrar-lhes que naquela região ninguém poderá ignorar as forças navais chinesas.
Na primeira página da sua edição de hoje, o jornal South China Morning Post que se publica em Hong Kong, destacou uma fotografia dos exercícios realizados, na qual se observam duas unidades navais chinesas a disparar osseus mísseis. Quer dizer que a República Popular da China se continua a afirmar como uma grande potência militar e a avisar, tanto Pyongyang como Washington.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Reconciliação nacional em Moçambique

Moçambique é um grande país da costa oriental africana cuja língua oficial é o português e que absorveu na sua cultura nacional muitos traços da cultura portuguesa. Administrado pelo regime colonial português, a partir de Setembro de 1964 o território moçambicano veio a ser palco de uma guerra entre as forças da frente de libertação nacional (Frelimo) e as Forças Armadas Portuguesas, que só terminou na sequência da revolução portuguesa do 25 de Abril de 1974, com um cessar-fogo declarado no dia 8 de Setembro do mesmo ano. A independência foi proclamada a 25 de Junho de 1975, mas a euforia da libertação durou pouco. Alguns dissidentes da Frelimo, apoiados financeira e militarmente pelos regimes racistas do sul da África, formaram um partido da resistência nacional moçambicana (Renamo) e, ainda no ano de 1977, o conflito armado e a guerra civil estavam instalados. Estima-se que morreram um milhão de moçambicanos e que foram desalojados cinco milhões. Foi demasiado duro para um país em que todos apostavam no progresso. A guerra terminou em 1992 por mediação internacional e em 1994 realizaram-se eleições gerais multipartidárias sob a supervisão das Nações Unidas. 
A paz formal durou cerca de vinte anos, mas em 2013 o conflito armado reacendeu-se  nas regiões norte e centro do país. Apesar das inúmeras negociações, tem sido difícil conseguir um novo acordo de paz que garanta a reconciliação nacional e um clima de confiança entre todos os moçambicanos.
Por isso, o anunciado encontro entre o Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que decorreu na Gorongosa, província de Sofala, foi um passo muito desejado pelos moçambicanos e pelos amigos de Moçambique, tendo sido aplaudido pelo diário moçambicano Notícias. Além de desejado, o encontro entre Nyusi e Dhlakama foi muito animador pois deixou as portas abertas ao diálogo, à paz e à reconciliação nacional. Continuar a ler

O fim do longo reinado de Usain Bolt

A corrida de 100 metros é uma das mais antigas provas do calendário olímpico e foi sempre considerada a prova rainha do atletismo, deixando gravado nos anais do desporto os nomes de atletas famosos como Jesse Owens e Carl Lewis. Nos Jogos Olímpicos de Pequim que se disputaram em 2008 surgiu uma nova estrela na velocidade pura que venceu a corrida de 100 metros. Era natural da Jamaica e chamava-se Usain Bolt. A partir de então, Bolt dominou as principais corridas de velocidade e triunfou nos Jogos Olímpicos de 2008, 2012 e 2016 e nos Mundiais de 2009, 2013 e 2015, para além de muitas participações em estafetas vencedoras.
Apresentou-se agora em Londres nos Mundiais de 2017, naquela que anunciou ser a sua última corrida, mas não foi além de um terceiro lugar, tendo sido derrotado pelo norte-americano Justin Gatlin, o seu  velho rival.
Justin Gatlin é cinco anos mais velho do que Bolt e nunca lhe tinha ganho numa grande final dos Jogos Olímpicos ou dos Mundiais. Antes, vencera os Mundiais de 2005 e  os Jogos Olímpicos de 2004 em Atenas, em que batera o português Francis Obikwelu. Depois de um longo percurso de castigos por doping e de derrotas, Justin Gatlin repetiu o título conquistado doze anos antes após uma corrida feita em 9,92 segundos, o que também é significativo. Porém, no final da corrida de Londres, Gatlin fez questão de se ajoelhar perante Usain Bolt, numa atitude simbólica e reverencial que muitos jornais registaram. Um desses jornais foi o diário catalão La Vanguardia que destacou essa  fotografia na sua primeira página. 

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

De novo o consumo e o endividamento

A economia portuguesa parece estar a crescer actualmente acima de 3%, que é o ritmo mais elevado dos últimos 17 anos, mas apesar desta expansão do Produto Interno Bruto, o peso da dívida pública no PIB que é o indicador mais utilizado para apreciar essas variáveis, continua a aumentar.
A razão é simples: o endividamento está a crescer mais do que o crescimento do produto, ou dito de outra maneira, os portugueses tendem a consumir o que têm e o que não têm, embora em termos de realidade macroeconómica não seja aexactamente assim, porque o aumento do consumo gera emprego e bem-estar.
O Banco de Portugal, que é a entidade responsável pelo apuramento destes valores, anunciou que em finais de Junho a dívida pública portuguesa atingia 249 mil milhões de euros, um máximo histórico em termos absolutos e que corresponde a um aumento de 4% relativamente ao período homólogo do ano anterior. Assim, o rácio da dívida em relação ao PIB estará nos 130,5%, embora seja de admitir que se venha a situar nos 128,5%, segundo anuncia o FMI e o Banco de Portugal. O problema, portanto, está uma vez mais no crédito que está a fazer com que os portugueses se endividem e é caso para perguntar se são as famílias que pedem dinheiro emprestado e os bancos emprestam, ou se são os bancos que aliciam as famílias com créditos e as famílias não resistem. O facto é que esta euforia económica tem um lado incómodo. 
O crédito à habitação já atingiu os valores de antes da crise e o crédito ao consumo recuperou os valores de antes da troika. Segundo apurou o Jornal de Notícias, em 2016 ”os portugueses pediram à banca 17 milhões de euros por dia” e, nos primeiros cinco meses de 2017, os novos empréstimos ao consumo já contabilizam um valor total de 1650 milhões de euros. O governo e as autoridades monetárias certamente que estão atentas a esta complexa geometria variável entre o bem-estar dos portugueses, o consumo, o endividamento, a dívida global, o emprego e o investimento. O passado recente, em que os portugueses recorriam ao crédito e consumiam para além do seu rendimento, ainda está na nossa memória. Há que ter cuidado!

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Neymar Jr. e a loucura das transferências

Neymar da Silva Santos Júnior ou Neymar Jr. é um futebolista brasileiro com 25 anos de idade que desde 2013 tem pertencido à equipa do Barcelona FC. É o maior ídolo do futebol brasileiro, mas os brasileiros não se conformam que exista Cristiano Ronaldo e Leonel Messi e que Neymar não seja a figura máxima do futebol mundial. A transferência de Neymar do futebol brasileiro para Barcelona terá custado cerca de 86 milhões de euros e nas cinco épocas em que representou o clube catalão, o jogador disputou 145 jogos e marcou 84 golos. Agora, naquilo a que o jornal A Bola chama de loucura, aconteceu a transferência de Neymar do Barcelona para o Paris Saint-Germain.
Foram anunciados 222 milhões de euros para pagamento ao Barcelona da cláusula de rescisão, mas o negócio implica ainda o pagamento de 80 milhões de euros ao fisco espanhol e 40 milhões para comissões de agenciamento. Segundo o jornal português, o negócio pode superar os 700 milhões de euros com salários, prémios e impostos.
É, realmente, uma loucura!
O mundo do futebol agitou-se e hoje as capas dos jornais desportivos europeus destacam esta transferência pelos números colossais que envolve e porque nada disto acontecera antes. No entanto, os tons são bastante diferentes entre os catalães e os franceses, porque enquanto os catalães se mostram demasiado irritados e escrevem “Bom voyage”, “Au revoir” ou “Hasta nunca” a denunciar um mau perder, os franceses revelam-se empolgados com a “transferência do século”. No meio de tudo isto, talvez agora os brasileiros possam vir a ter o melhor jogador do mundo a consagrar pela FIFA, uma coisa que tanta falta lhes parece fazer.
Depois disto, havemos de continuar a gostar de futebol porque é uma arte, mas o negócio do futebol é cada vez mais isso mesmo.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Fiestas Colombinas e Huelva ali tão perto

A cidade espanhola de Huelva é a capital da província de Huelva, que pertence à comunidade autónoma da Andaluzia, distando cerca de 50 quilómetros da fronteira portuguesa. Tal como Vigo, Badajoz ou Ayamonte, também Huelva atrai os portugueses pela sua proximidade e vitalidade económica, mas também pelo seu interesse histórico.
Na periferia da cidade situa-se o município de Palos de la Frontera, uma pequena localidade das margens da ria de Huelva, de cujo porto partiram no dia 3 de Agosto de 1492 as caravelas La Pinta e La Niña e a nau Santa Maria, sob o comando de Cristovão Colombo e com a companhia dos irmãos Pinzón. Foram estes navios que rumaram ao desconhecido e julgaram ter chegado à Índia. Por isso, aqueles territórios tomaram o nome de Índias de Castela e, ainda hoje, as ilhas das Caraíbas são conhecidas como as West Indies.   
Nas proximidades fica o mosteiro franciscano de La Rabida, onde Cristovão Colombo se recolheu antes de iniciar a sua viagem, bem como o Muelle de las Carabelas, um espaço museológico onde podem ser visitadas as réplicas dos navios de Colombo.
Porém, quer Huelva quer Palos de la Frontera têm outros motivos históricos de interesse e, também, as Fiestas Colombinas, que comemoram o dia da partida dos três navios de Cristovão Colombo que chegaram ao continente americano. São seis dias de festa e de alegria, sobretudo na área do Recinto Colombino, isto é, na área a sul da cidade onde se encontra o Monumento a la Fe Descobridora ou Monumento a Colón de 37 metros de altura e que foi doado pelos Estados Unidos em 1929.
Hoje, o diário Huelva información dedica a sua primeira página às Festas Colombinas com uma fotografia do iluminado Monumento a Colón.