segunda-feira, 16 de outubro de 2017

A tragédia regressou com os incêndios

Todos os jornais portugueses desta manhã dedicaram as suas manchetes aos graves incêndios florestais que têm afectado de forma trágica o norte e o centro de Portugal, anunciando que já tinha havido três mortes. O Jornal de Notícias escreveu em primeira página que “o Diabo andou à solta” e a Protecção Civil classificou o dia de ontem como o pior do ano, com 523 ocorrências.
Hoje, o centro do país estava envolvido numa espessa núvem de fumo, muitos incêndios continuavam activos e anunciavam-se 36 mortes e 63 feridos em consequência do fogo. As imagens televisivas têm mostrado a violência dos incêndios e o dramatismo da tragédia, a escassez de meios para combater o fogo, o desespero das populações e até a imbecilidade de alguns jornalistas, apostados em fazer espectáculo e em antecipar um julgamento político da tragédia.
O drama que está a cair sobre Portugal também chegou à Galiza e os jornais galegos escolheram títulos significativos como “Ataque incendiario y mortal a Galicia” (La Voz de Galicia da Coruña), “Muerte y horror por el terrorismo incendiario” (Faro de Vigo) e “Ataque a Galicia” (El Progresso de Lugo).
Porém, enquanto na Galiza é assumido pela imprensa e pelas autoridades que a vaga de incêndios resulta de ataques incendiários e terroristas, em Portugal continua a tratar-se este assunto como resultado da reconhecida falta de cuidado das populações ou como resultado da actuação casual e criminosa de incendiários, embora já tivesse aparecido alguém com responsabilidades a declarar que acredita “que haja uma organização terrorista que esteja premeditadamente a incendiar o nosso país”.
O país ainda não estava refeito do choque dos incêndios do passado mês de Junho que afectaram dramaticamente Pedrógão Grande e agora vê-se confrontado com nova calamidade. Perderam-se mais de uma centena de vidas nos dois incêndios e as duas tragédias não vão ser esquecidas. O nosso país está de luto. É preciso um esforço colectivo para ultrapassar esta calamidade e, tal como em Junho, é despropositado que alguém faça aproveitamentos políticos desta tragédia. É preciso actuar dando ouvidos a quem sabe.

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