quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Angola e Portugal: acabem com os amuos!

Nos dois últimos dias realizou-se em Abidjan, na Costa do Marfim, a 5.ª Cimeira União Africana - União Europeia que reuniu os dirigentes dos 55 Estados-membros da União Africana e dos 28 Estados-membros da União Europeia, que teve como tema central o investimento na juventude.
O tema é importante porque a maioria da população africana tem actualmente menos de 25 anos de idade e se estima que, até meados deste século, uma em cada quatro pessoas no mundo será africana. Por isso, a cimeira procurou definir orientações no sentido de se investir nos jovens africanos e na sustentabilidade das suas vidas, através da educação e das infraestruturas, mas também da paz, da segurança e da boa governação.
Nestas cimeiras, acontecem sempre muitos encontros bilaterais e, de entre eles, revestiu-se de particular interesse o encontro entre o Presidente João Lourenço de Angola e o 1º Ministro António Costa de Portugal. No seguimento desse encontro ao mais alto nível, o ministro angolano das Relações Exteriores, Manuel Augusto, garantiu que as relações entre Angola e Portugal “são excelentes”, mas que estão “ensombradas por um caso específico que releva da actuação da justiça portuguesa”, referindo-se ao caso que envolve o antigo vice-presidente angolano Manuel Vicente, que está acusado pela justiça portuguesa por corrupção activa na forma agravada, branqueamento de capitais e falsificação de documentos. O ministro angolano salientou que Angola respeita a separação de poderes e que a única coisa que pretende é que o poder judicial português tenha em conta os interesses de Portugal e de Angola, o que foi destacado hoje pelo jornal O PAÍS em notícia de primeira página.
Sobre o mesmo assunto, António Costa afirmou que o caso transcende o poder político e é da exclusiva responsabilidade das autoridades judiciárias portuguesas, mas também disse que os dois países estão a ultrapassar as dificuldades económicas recentes e que isso “permite encarar com optimismo e confiança o crescimento das relações económicas nos próximos anos” e reafirmar Angola como o principal parceiro português em África.
Os portugueses precisam de Angola e os angolanos precisam de Portugal. Acabem, portanto, com os amuos.

1 comentário:

  1. Qual o valor prioritário? Os "altos interesses" - económicos, políticos, pessoais - ou a Justiça? Não é assunto fácil, com tantos interesses sempre em jogo...

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