terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A desunião que reina na União Europeia

Ao anunciar o reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado de Israel e a transferência da embaixada americana de Telavive para a cidade santa, o presidente Donald Trump criou uma perturbadora situação no Médio Oriente, que a ilustração da capa da última edição do Courrier International bem expressa.
Como aqui escrevemos no passado dia 23 de Dezembro, o Donald lançou gasolina para a fogueira e até o Papa Francisco, na sua mensagem de Natal, veio apelar à paz para Jerusalém e para toda a Terra Santa, lembrando a necessidade de respeitar o actual estatuto da cidade que é reconhecido pelas Nações Unidas e que estabelece que Jerusalém “pertence” a dois estados e a três religiões.
Na votação do dia 21 de Dezembro da Assembleia Geral das Nações Unidas que analisou a decisão americana é interessante analisar quem votou a favor (9 votos), quem votou contra (128 votos), quem se absteve (35 países) e até quem não compareceu à votação (21 países).
No que respeita aos actuais 28 membros da União Europeia que, supostamente deveriam ter uma posição comum a ser expressa por Federica Mogherini, a Alta Representante da UE para a Política Externa e Segurança, reinou a desunião. Se essa desunião é normal acontecer nas questões económicas e sociais em que o interesse nacional se sobrepõe muitas vezes ao interesse comunitário, pode compreender-se, mas nas questões de política internacional em que “a união faz a força”, o que se passou é muito preocupante. Na votação realizada em Nova Iorque houve um país que faltou à votação (Lituânia), houve 21 países que votaram contra a decisão americana e verificaram-se 6 abstenções (Croácia, Hungria, Letónia, Polónia, República Checa e Roménia). Estas abstenções revelam uma evidente falta de unidade no seio da União Europeia e até parecem ressuscitar o velho conceito da “cortina de ferro”, mostrando alinhamentos ou desejos de alinhamentos que só servem para diminuir o peso político da União Europeia de que quiseram fazer parte. Por isso, era desejável que o Conselho Europeu procurasse clarificar rapidamente estas posições. 

Sem comentários:

Enviar um comentário