sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Trump já ultrapassou a linha vermelha?

A decisão de Donald Trump de reconhecer a cidade de Jerusalém como a capital do Estado de Israel e de para lá transferir a Embaixada dos Estados Unidos chocou o mundo e provocou reacções políticas e religiosas muito críticas e muito preocupadas.
O problema da coexistência entre Israel e a Palestina é, porventura, um dos maiores casos de conflitualidade que o mundo conhece e uma situação de potencial confronto generalizado, porque o estatuto de Jerusalém constitui uma questão central no conflito israelo-palestino.
Jerusalém é uma das mais antigas cidades do mundo e é considerada uma cidade sagrada por três das principais religiões, respectivamente o judaismo, o cristianismo e o islamismo. Por isso, no plano das Nações Unidas que levou à criação do Estado de Israel em 1948, a cidade de Jerusalém ficou com o estatuto de cidade internacional. Porém, nesse ano e na sequência da 1ª guerra israelo-árabe, a cidade foi ocupada por israelitas (Jerusalém Ocidental) e por jordanos (Jerusalém Oriental), mas em 1967 os israelitas ocuparam toda a cidade durante a Guerra dos Seis Dias. Israel tratou então de ocupar efectivamente a cidade e fazer dela a sua capital, mas a comunidade internacional rejeitou a anexação de Jerusalém Oriental e considerou essa parte como território palestiniano ocupado ilegalmente por Israel. Nesse sentido, em 1980 o Conselho de Segurança das Nações Unidas, através da sua Resolução 478, convidou todos os países a retirar as suas embaixadas de Jerusalém para Telavive. E assim aconteceu, pelo que não há quaisquer embaixadas em Jerusalém, que é a cidade onde a Palestina espera instalar a sua capital, o que mostra como é muito sensível este problema.
A decisão de Donald Trump parece ter resultado de problemas internos e de uma tentativa de recuperar o apoio do seu eleitorado mais radical, sobretudo os evangélicos conservadores mas também, embora em menor número, os judeus americanos.
As negociações de paz entre Israel e a Palestina estão seriamente comprometidas e o diário Gulf News que se publica no Dubai, ilustrou a sua primeira página com uma fotografia da cidade de Jerusalém, na qual aparece em plano destacado a cúpula dourada do milenar Domo da Rocha na cidade velha, que é um dos mais sagrados locais do Islão e um aviso que é esclarecedor: Trump ultrapassou a linha vermelha.
O mundo árabe está revoltado e já reagiu. Será que o Donald ultrapassou mesmo a linha vermelha?

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