terça-feira, 6 de março de 2018

O enorme imbroglio político da Itália

As eleições legislativas italianas realizaram-se no passado domingo e os resultados foram considerados um cataclismo eleitoral, pois o cenário é muito incerto e poderá dar origem a uma situação de ingovernabilidade, para além de deixar a Europa em sobressalto. Le Télégramme, um jornal francês de Lorient, diz hoje que a Itália está em pleno imbroglio político.
Aconteceu que a coligação de centro-direita liderada por Matteo Salvini e que agrega a Liga do Norte, a Forza Italia de Silvio Berlusconi e outros partidos eurocépticos e populistas, obteve 37% dos votos, enquanto a coligação de centro-esquerda do ex-Primeiro Ministro Matteo Renzi, que é dominada pelo Partido Democrático e tem cariz social democrata, se ficou pelos 22,85% de votos. Entre estas duas coligações, mas com o melhor resultado em termos individuais, aparece o Movimento Cinco Estrelas, liderado pelo jovem Luigi di Maio de 31 anos de idade, eurocéptico, populista e adepto da democracia directa, que foi a força mais votada com 32,68% dos votos.
Ninguém conseguiu os 40% que garantem a maioria absoluta para governar e Matteo Renzi já se demitiu da chefia do seu partido. No meio de tantos partidos e tantas coligações, é mesmo muito difícil antever o que irá acontecer.
Certo é que a Itália está agora dominada por eurocépticos e populistas, uns da anti-política e da democracia directa que não são da direita nem da esquerda tradicionais, outros que estão muito próximos da extrema-direita. Um país fundador da União Europeia parece ter-se unido contra o poder de Bruxelas e estar a alinhar-se com as tendências direitistas e xenófobas da Hungria e da Polónia ou, como alguém escreveu, “é estranho imaginar o governo de Roma mais próximo de Budapeste ou Varsóvia, do que de Paris, Berlim ou Bruxelas”. Os italianos votaram contra as políticas internas de apoio aos emigrantes, mas também contra as medidas impostas por Bruxelas que têm empobrecido o país, havendo muita gente que, por toda a Europa, teme um Brexit italiano, que a acontecer seria certamente mais grave do que aquele que foi decidido em Londres.

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